Após Copa, Via Varejo defende margem

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A estratégia que vem sendo adotada pela Via Varejo, dona das Casas Bahia e Ponto Frio e maior grupo de varejo eletroeletrônico do país, tem sido alvo de questionamentos no mercado, especialmente para o segundo semestre.

A companhia tem registrado expansão acentuada em rentabilidade, mas num ritmo de vendas inferior ao de concorrentes. Neste terceiro trimestre, sem datas comemorativas de peso no varejo (que ampliam volume vendido), o foco principal da empresa estará em ganhos de rentabilidade, disse ao Valor, Líbano Barroso, presidente da Via Varejo. No quarto trimestre, com o Natal, a atenção maior se inverte e será na ampliação nas vendas.

Andrea Teixeira, analista do J.P. Morgan, questionou a empresa ontem, em teleconferência pela manhã, ao mencionar que a receita, na avaliação do mercado, não cresce num ritmo tão acelerado quanto a margem de lucro, e se não seria momento de ampliar mais rapidamente as vendas.

"Pode existir um questionamento sobre isso, mas entendemos que o importante é ter um trabalho consistente, ou seja, crescer com rentabilidade. Não abrimos mão desse equilíbrio", disse Barroso.

Em relatório publicado ontem, Guilherme Assis, da corretora Brasil Plural, ressalta aspecto semelhante. "Embora congratulemos a rede com o foco em rentabilidade numa perspectiva macroeconômica incerta, acreditamos que uma maior deterioração no crescimento da primeira linha poderia colocar em risco a sustentabilidade dos impressionantes esforços de redução de custos da empresa", escreveu. "A nossa opinião sobre os resultados da Via Varejo é que a forte expansão da margem relatada não deve ser tomada como uma indicação de forte impulso de ganhos nos próximos trimestres".

Há alguns trimestres, a empresa vem recuperando margem bruta, que passou de 27% para 31,4% entre o segundo trimestre de 2012 e 2014. Esse período compreende a fase de ajustes e redução de custos na empresa. De abril a junho de 2014 sobre 2013, a margem bruta se manteve em 31,4%.

Em relação às vendas líquidas, a alta média anual, entre o segundo trimestre de 2012 e 2014, foi de 9,9% (sem considerar os sites). De abril a junho de 2014, a receita subiu 8%. O rival Magazine Luiza cresceu numa média anual de 18% entre o primeiro trimestre de 2012 e 2014 - mas a margem bruta caiu 4,5 pontos, para 27,3% no período.

A companhia ainda ressaltou que está hoje num "confortável" nível de estoques, disse Vitor Fagá, diretor de relações com investidores. O valor estocado caiu após as vendas de Copa do Mundo - estava em R$ 2,45 bilhões em junho, superior aos R$ 2,33 bilhões em dezembro de 2013, mas inferior aos R$ 2,82 bilhões em março.

Para o terceiro trimestre, a empresa prevê ampliar a venda de linha branca (refrigeradores e lavadoras) e de móveis em relação ao primeiro semestre, quando cresceu a demanda pela linha marrom (especialmente TVs). Isso pode contribuir para rentabilidade maior, pois são itens com margem média superior à da linha marrom.

Barroso disse ontem que já há um plano de investimento que deve se refletir na linha de vendas a curto prazo. A empresa planeja abrir 70 lojas neste ano, acima das 41 unidades abertas em 2013. Foram inauguradas 14 até junho. "Já temos os pontos negociados e é possível [atingir 70 aberturas]".

Balanço do segundo trimestre de 2014, publicado na terça-feira, veio em linha com projeções de analistas consultados pelo Valor. A receita líquida subiu 8% para R$ 5,52 bilhões de abril a junho sobre 2013, a margem bruta ficou estável em 31,4% e margem Ebitda, 8,9%, aumento de 2,5 pontos.



Veículo: Valor Econômico


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