Trigo pode ficar abaixo do preço mínimo na safra atual

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Nayara Figueiredo

SÃO PAULO

A oferta maior nos Estados Unidos, estoques altos e a indústria retraída pressionam o preço do trigo. Um quadro que deverá levar os valores do grão para menos do que o preço mínimo estabelecido pelo governo brasileiro, de R$ 33,45 por saca de 60 kg.

"Quando começou o período de plantio, o preço estava bom e com essa expectativa produziu-se muito. Agora, existe um excesso de produto nos EUA e, a menos que haja um desastre climatológico, o trigo nacional vai ficar abaixo do patamar de preço mínimo no início desta safra", afirmou o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih.

Para Pih, a oferta de trigo norte-americano está maior que a demanda e os estoques estão altos. Aliado a isso, a colheita do país tem início neste mês e a safra permanece até meados de setembro, o que inunda ainda mais o mercado de produto. "O (preço do) trigo dos EUA já registra a maior série de quedas dos últimos 20 anos. Com isso, o mercado internacional está precificado, baseado na oferta e abala a paridade de preços no Brasil", explica.

No comparativo anual, os valores negociados em 2014 são superiores aos de 2013, porém, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que, no primeiro dia deste mês, o preço médio do trigo no Paraná - principal estado produtor - estava em R$ 797,58 por tonelada (US$ 350,89). No mesmo período de maio, os valores foram registrados em R$ 835,41 (US$ 376,14).

"Agora a solução é manter a TEC [Tarifa Externa Comum] a todo custo e torcer para que o mercado mundial melhore. Caso contrário, o produtor brasileiro vai ter que vender o trigo abaixo do preço mínimo a partir de agosto", enfatiza o presidente.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o valor mínimo do cereal é de R$ 33,45 por saca de 60 kg, o que corresponde a R$ 557,50 a tonelada, para a classe Pão, tipo 1, na região Sul.

A TEC representa 10% de tributo que incide sobre as importações de trigo dos Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas isenta os países do Mercosul. Na região Sudeste ainda há uma taxa de 25% sobre o preço do produto, paga pelo frete. "Isto faz com que o compra no mercado internacional fique mais onerosa e favorece os produtores nacionais", afirma.

Entretanto, considera-se que as importações ainda são necessárias, visto que o consumo interno gira em torno de 11,5 milhões de toneladas e, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de trigo é estimada em 6,8 milhões de toneladas para 2014.

"Apesar das projeções da Conab, se o clima for normal no Sul do País, a safra pode até superar 7 milhões de toneladas. Isto pode dificultar ainda mais a saída do produto, uma vez que os estoques dos moinhos estão razoáveis", diz Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Sistema Ocepar) e presidente da Câmara Setorial das Culturas de Inverno.

Segundo Turra, os estoques paranaenses têm cerca de 100 mil toneladas de trigo e os do Rio Grande do Sul - segundo maior estado produtor - estão com pouco menos que um milhão de toneladas, entre produtores e cooperativas. "Quem tem o produto está procurando comercializar, mas ainda temos a oferta de todo o trigo dos países do Mercosul".

Em vista deste cenário, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, conta que na próxima semana haverá uma reunião com o Mapa a fim de pleitear o reajuste do preço mínimo.



Veículo: DCI


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