Confiança dos varejistas gaúchos diminui 5,6%

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Pesquisa divulgada pela Fecomércio-RS mostra avanço de 1% no indicador referente aos investimentos dos empresários do comércio


O Índice de Confiança do Empresário do Comércio do Rio Grande do Sul (Icec-RS) encerrou o mês de março com uma queda de 5,6% (117,2 pontos) em relação ao mesmo mês do ano passado. O desempenho foi influenciado pelos componentes de condições atuais (-13,7%) e de expectativas (-4,8%), e confirma um início de ano marcado pela retomada da tendência de redução moderada da confiança dos empresários do comércio, após uma interrupção dessa trajetória no segundo semestre de 2013. O Icec-RS é pesquisado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgado pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS).

A redução da confiança vem sendo influenciada, de forma mais determinante, pela piora na percepção em relação às condições atuais, seguida pela queda da expectativa quanto ao futuro próximo. “A opinião dos empresários sobre a economia está sendo impactada negativamente por fatores como inflação relativamente elevada, ciclo de alta de juros em curso, crescimento abaixo das expectativas e deterioração das finanças públicas federais”, destaca o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi.

O indicador de condições atuais (Icaec), com 87,9 pontos em março, representa um decréscimo de 13,7% em relação a março de 2013. O índice foi puxado para baixo pela percepção dos empresários quanto à economia brasileira (-22,1%). No que se refere ao setor e à própria empresa, os recuos foram de -12,5% e -8,2%, respectivamente. Já o indicador de expectativas quanto ao futuro (Ieec) registrou queda de 4,8% — disseminada em todos os seus componentes — em relação ao mesmo mês de 2013, atingindo 152 pontos em março de 2014. O dado também é puxado principalmente pela percepção em relação à economia brasileira.

A pesquisa da Fecomércio-RS mostra um avanço de 1% no indicador referente aos investimentos do empresário do comércio (IIEC), que atingiu 111,8 pontos em março de 2014. Em relação a março de 2013, houve um acréscimo mais significativo no nível de investimentos em geral das empresas (+2,5%). “Apesar disso, é importante salientar que esse componente registra quedas recorrentes nos últimos meses”, ressaltou De Marchi. Ainda na mesma base de comparação, o componente referente à percepção quanto ao nível de estoques apresentou alta (+ 0,7%) e o de contratação de mão de obra ficou praticamente estável (+ 0,1%).

O Icec é um indicador da CNC que visa medir o nível de confiança dos empresários do setor de varejo. O indicador é medido em todas as capitais do Brasil, totalizando uma média de seis mil empresas pesquisadas/mês. No caso específico, o resultado do Rio Grande do Sul reflete o comportamento da confiança dos empresários do comércio de Porto Alegre. A amostra mínima é composta de 328 estabelecimentos comerciais de varejo da Capital.
Entidades projetam expansão de até 7,5% nas vendas em abril

O comércio varejista gaúcho deve crescer de 6% a 7,5% no mês de abril. Os produtos tradicionais da data, como ovos de chocolate, bombons e pratos a base de peixes e frutos do mar, não são os únicos responsáveis pelo índice projetado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS). Outros segmentos vão impulsionar o varejo neste período, pois os hábitos de consumo para o feriado têm apresentado mudanças, e os chocolates não são mais a única opção de presente procurada.

“Apesar de a maioria das crianças ainda escolher muitos ovos, especialmente os que acompanham brinquedos, alguns adultos tem optado por comprar outros presentes, como eletrônicos, perfumes, e outros produtos tradicionais de datas como natal e dia dos namorados. Algumas vezes eles vêm acompanhados por chocolates com preços mais acessíveis do que os ovos, como bombons”, comenta o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.

As vendas de móveis, eletrodomésticos e materiais de informática entraram nas opções de consumo do período, como presentes substitutos ou complementares. Na Páscoa de 2013, o segmento de computação registrou alta de 35,6% nas vendas. As lojas de cosméticos e produtos farmacêuticos também se beneficiam com a festividade, com vendas alcançando crescimento de 12,5%.

Para a Fecomércio-RS, a estimativa é de incremento de 5% nas vendas de Páscoa. Para o setor supermercadista/hipermercadistas, a entidade espera alta de 4% em relação ao ano passado. De acordo com a análise da Fecomércio-RS, a atual conjuntura do comércio varejista, tanto no que diz respeito ao Rio Grande do Sul quanto ao Brasil, é de crescimento moderado.

“O varejo permanece crescendo, porém se expande com taxas menores do que as registradas no passado recente. Para a Páscoa em 2014, que será ao final do mês de abril, não se projeta, portanto, um cenário muito distinto do que o observado nos últimos meses”, cita o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi.

A Fecomércio destaca em sua avaliação econômica que dois fatores negativos principais têm contribuído — e continuarão a —contribuir ao longo de 2014 - para conter a expansão real do varejo. Por um lado, o atual ciclo de elevação da taxa básica de juros, que já fez a taxa Selic aumentar 3,5 p.p. torna o crédito mais caro, aumenta o comprometimento da renda com juros por parte das famílias endividadas e aumenta a atratividade do ato de poupar, contendo a demanda de forma geral. Por fim, o patamar elevado de inflação, que corrói as vendas e a renda em termos reais, também é um fator negativo presente na conjuntura atual.

Na questão das vendas de supermercados e hipermercados, que possuem sua demanda mais fortemente impactada pelo período da Páscoa, o crescimento moderado de 4% se explica pelo comportamento do setor, que tem sido mais prejudicado pela inflação dos alimentos em patamar elevado. Além disso, o segmento apresenta uma base de comparação muito elevada referente ao ano de 2012, o que faz com que o cálculo das vendas acumuladas nos últimos 12 meses de dados disponíveis (fevereiro de 2013 a janeiro de 2014), na comparação com os 12 meses anteriores (fevereiro de 2012 a janeiro de 2013), apresentem um resultado de crescimento real de apenas 0,4% no Rio Grande do Sul.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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