Estoque e treinamento são alvos para a Copa

Leia em 5min 40s

O comércio varejista busca alternativas para atuar durante os dias de jogos da Copa do Mundo, na perspectiva de que haja um redirecionamento no consumo e feriados nas cidades-sede dos jogos. Enquanto indústrias de pequeno e médio porte analisam férias coletivas paras seus funcionários para evitar o desfalque de uma provável baixa demanda, aliada ao custo das horas extras, o setor varejista corre em busca de qualificar os funcionários e dar folga às equipes uma hora antes das disputadas das seleções.

A preocupação com a falta de produtos nas prateleiras, por conta também desse cenário oscilante, faz ainda com que o setor atacadista programe colocar as mercadorias nos depósitos até maio, antecipando uma época mais complexa do ponto de vista logístico, com a proximidade da disputada dos times.

No setor de centros de compras, os lojistas ainda estão esperando as definições das prefeituras sobre a adesão a feriados em cidades-sede dos jogos. "A prefeitura do Rio de Janeiro já decretou que os jogos durante a semana serão feriado. Outras cidades podem ainda agir como na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, em que o shopping fecha uma hora antes do jogo e reabre uma hora depois, retomando assim as suas atividades", disse o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luis Augusto Ildefonso da Silva.

Para o especialista, tudo indica que o período resultará em queda nas vendas, mas a maior preocupação do setor diz respeito a possíveis manifestações durante o evento mundial. "O Brasil vai ser o espelho do mundo, então se houver manifestações próximas [aos empreendimentos], provavelmente irão fechar".

Gastronomia

A expectativa de que os shoppings tenham movimento prejudicado durante a Copa também é analisada pelo diretor e idealizador da rede de franquias Seletti Culinária Saudável , Luis Felipe Campos. Para ele, as pessoas estarão mais nas ruas do que nos estabelecimentos em si, além de que a classificação ou desclassificação do Brasil irá impactar diretamente no movimento das lojas.

"Se a Seleção Brasileira vencer, as pessoas estarão mais inclinadas a ir para a rua para comemorar e, consequentemente, haverá feriados em dias de jogos o que também prejudica a circulação de consumidores nos centros de compras", destacou.

Ainda assim, a rede tomou algumas medidas para atender os turistas, com ações que não comprometam a marca sob o ponto de vista jurídico. Uma dessas ações é o lançamento de um cardápio totalmente em inglês. Campos acredita que, ao ter pessoas de outras cidades e países durante o período, fica difícil prever qual será - ou se haverá - incremento de visita e faturamento das lojas situadas em shoppings.

Vendas no Nordeste


Entre os fornecedores, a demanda para o período da Copa tende a ser maior em relação a itens específicos, que variam de acordo com a cultura local, sobretudo na Região Nordeste. Em junho, quem atua na região está com boas perspectivas e prevê se beneficiar. "Haverá o São João Verde-e-Amarelo, já que a principal festa nordestina irá coincidir com o mês dos jogos. Assim, os itens relativos a essa festividade, incluindo descartáveis e material de decoração nas cores da bandeira nacional devem ter aumento nas vendas", falou o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), José do Egito Frota Lopes Filho.

Apesar disso, ele ressalta que no País, de modo geral, provavelmente o movimento deva cair nos dias de jogos, por conta do fechamento de parte do comércio. "E não podemos esquecer o risco de eventuais manifestações durante o período dos jogos, que podem prejudicar tanto o comércio como o transporte e o turismo nas cidades-sedes". Sobre as dificuldades previstas para o período, Lopes Filho aponta que as indústrias estão antecipando as negociações com o atacado, de modo que as mercadorias estejam nos depósitos até maio.

Franquias

Um dos segmentos mais atentos sobre como agir nos meses de junho e julho é o de franquias, afinal a maior parte do setor é formada por pequenos e médios empresas. Há casos como a da rede Depyl Action, especializada em depilação, em que a preocupação é pelo atendimento bilíngue e por criar produtos alusivos ao evento.

Danyelle Van Straten, diretora da empresa afirma que a rede vem se preparando com a seleção, contratação e treinamento de novas recepcionistas e depiladoras com o segundo idioma. "Estamos também disponibilizando informativos sobre o negócio, serviços e produtos oferecidos. Além disso, vamos lançar produtos com edição limitada para a Copa. Estes produtos vão incrementar a depilação e colorir o corpo com as cores do Brasil".

A Depyl Action não tem lojas próximas aos estádios, mas as unidades franqueadas em cidades sedes de jogos terão seu horário de funcionamento ampliado para atender a um número maior de pessoas. "Aumentamos o quadro de colaboradores e temos folders e panfletos em dois idiomas, além de tabelas de preço expostas em português e inglês". A executiva segue otimista e acredita que a Copa do Mundo vai gerar novos negócios em longo prazo. "Nossa expectativa é firmar o posicionamento da Depyl Action como referência nacional em depilação para mostrar ao mundo a "Authentic Brazilian Wax"", brincou.

Sobre como a maioria das empresas do setor deveria se preparar para os dias dos jogos da Copa do Mundo, a diretora da Vecchi Ancona - Inteligência Estratégica, Ana Vecchi, analisa que isso vai depender do setor e do segmento de cada empresa, localização, período ou horário dos jogos. Se for um bar ou restaurante pode se beneficiar com telões, promoções, equipe de produção e atendimento preparada para a demanda. Já uma feira de negócios na semana dos principais jogos tem queda de movimento de forma geral, mas há determinados momentos de picos, pois os visitantes organizam suas agendas para visitar as feiras nos horários em que não há jogos ou os que menos os interessam. Lojas de rua ou shopping terão variações pelos mesmos motivos. O e-commerce pode ter crescimento pelo fato de o movimento nas ruas crescer e as pessoas passarem a comprar mais pela internet para evitar transitar na cidade", apontou.

Sobre como aproveitar para atender ao público que circula próximo a estabelecimentos próximos aos estádios, além da atenção para a questão da segurança, Ana dá algumas dicas e acredita que vale "aumentar equipes e segurança, adequando a estrutura física, assim como a lista de produtos em dois ou três idiomas. Os acessos serão restritos até 2 km dos estádios, mas se há 60 mil pessoas circulando à volta, os motoristas de ônibus, vans, táxis, guias, torcedores que não entram ficam esperando e assistindo pelo lado de fora", finalizou.



Veículo: DCI


Veja também

Ovo de chocolate até 23% mais caro

Alta teria origem na valorização do dólar, na queda da produção de cacau e no crescim...

Veja mais
Diferença de preço dos chocolates chega a 50%

Reportagem fez levantamento de 108 produtos em cinco supermercadosBLUMENAU - Os supermercados da cidade já est&at...

Veja mais
Em ano da Copa, empresas antecipam metas

Definir metas (trimestrais, semestrais, anuais) mais cedo este ano pode ser a saída para manter os negócio...

Veja mais
Brasileiro está mais preparado para compra, diz pesquisa

Pesquisa eletrônica da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteçã...

Veja mais
Farmacêutica busca reforço de marca

Com o objetivo de alcançar receita de US$ 1 bilhão nos mercados emergentes até 2018, o laborat&oacu...

Veja mais
Granfino apresenta lançamentos na Super Rio Expofood 2014

Marca levará novidades nas linhas de pipocas para microondas, de molhos para carnes e saladas e de molhos de toma...

Veja mais
Guido Mantega busca maior consumo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, continua a apostar no aumento do crédito ao consumidor para acelerar o ritm...

Veja mais
Fábrica de queijo volta a operar nesta semana

Esquema especial vai substituir área de embalagens, destruída pelo fogoNem o incêndio que consumiu p...

Veja mais
Mais banana da Del Monte

Com prejuízo crescente nas suas operações no vizinho Rio Grande do Norte, a multinacional Del Monte...

Veja mais