Indústria aposta em ponto de venda para incrementar lucros

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Para se apropriar dos ganhos que normalmente ficam com o comércio, indústrias brasileiras apostam na abertura de lojas. Os casos mais recentes são das fabricantes de malas Primicia e Sestini, que seguem o modelo já consolidado por nomes como Hering, Arezzo e Tramontina. O formato do negócio aponta para uma tendência de mercado em que a indústria elimina o intermediário e amplia suas atividades para também chegar ao consumidor.

Uma das principais razões para esse movimento industrial, segundo o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Fabio Pina, é o fato de que o Produto Interno Bruto (PIB) tem crescido impulsionado pelo consumo. "O crescimento é muito mais forte no consumo de serviços, mas o comércio também foi responsável por isso", argumentou.

Essa é a aposta da Primicia. A empresa argentina, que nasceu há 60 anos, traçou plano de reestruturação para os próximos cinco anos no Brasil, mercado que, segundo o diretor-superintendente da operação brasileira, Roberto Postel, já superou o argentino. "Em cinco anos a Primicia passará por diversas modificações e o investimento no varejo foi a primeira delas", explicou.

Em primeiro momento a empresa, que é líder no segmento de malas de viagens e pastas executivas, investiu R$ 6 milhões em 10 lojas próprias que estão em operação há um ano. "Antes de colocarmos a marca para expandir como franquias quisemos ver como seria a aceitação desse novo formato, o quanto essas lojas seriam rentáveis aos nossos investidores", disse.

Postel afirmou ainda que todo o processo foi estruturado de forma cautelosa, tanto que as lojas abertas hoje são de funcionários da empresa - a primeira franquia também -, que conheciam profundamente a missão da marca, assim como os seus produtos. "Queremos um investidor qualificado que entenda do segmento e que ganhe dinheiro com isso. Eu posso perder dinheiro o meu investidor não."

A estratégia da Primicia no varejo é ter 200 lojas em 10 anos e a marca procura regiões em que há necessidade de consolidação. "Focamos mais no Sul do País. No Norte e Nordeste, por exemplo, já estamos consolidados em nossos canais multimarcas", disse Postel ao que completou: "Os locais onde a compra da marca é prejudicada pela importação direta, teremos lojas".

Além disso, o diretor-superintendente explicou que, das 200 lojas, ele quer ter no máximo 70 investidores, que seria possível com a criação de pequenos franqueadores másters. "Queremos que os investidores tenham mais de uma loja Primicia".

Os empresários dispostos a apostar na marca, devem investir R$ 395 mil, já incluída a taxa de franquia, que é de R$ 40 mil. Cada loja está programada para um atendimento de cerca de 800 clientes ao mês e faturamento médio mensal de R$ 120 mil, com uma rentabilidade que fica entre 10 e 14% para os franqueados. Com isso a Primicia pode faturar mais de R$ 200 milhões só com as operações de varejo.

Quem também tem apostado no comércio para ampliar a participação no mercado é a brasileira Sestini. Com 19 anos de atuação, a rede inaugura este mês a quarta loja franqueada e, segundo o diretor comercial Alexandre Benedek, as perspectivas são boas. "Queremos superar as 4,5 milhões de peças produzidas ao ano", disse.

Para o ano que vem a Sestini pretende ter outros 10 pontos de venda e essa projeção positiva reflete o bom momento em que a empresa está. "Estamos muito otimistas e contentes com mais esse passo. O bom momento da empresa nos dá confiança de que estamos no caminho certo para a expansão e o fortalecimento da marca Sestini. Os desafios são muitos, mas a trajetória da empresa no setor de franquias está só começando", declarou ele.

A franquia da Sestini tem investimento estimado em R$ 350 mil e a intenção da empresa é tornar uma franquia nacional.

Perspectivas


O economista da FecomercioSP aponta a possibilidade de que alguns setores da indústria ainda possam se movimentar no próximo ano, mas existe a necessidade de se analisar as perspectivas econômicas do País. "Tivemos um ano com crescimento mais enxuto. Para o ano que vem a tendência é que esse cenário continue", explicou ele. Pina acredita que setores ligados a moda acessórios sejam os com maior potencial para investimento, diferentemente do segmento de eletroeletrônico. "Acredito ser mais complicado, por exemplo, a Samsung ou outra empresa deste segmento investir no varejo, mesmo com medidas pontuadas como os showroom ou lojas conceitos", disse. Questionado sobre as perspectivas de diversos pontos de venda dessas empresas que acabaram de entrar no varejo, o assessor econômico acredita que haverá revisão das expectativas.



Veículo: DCI


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