País importa menos leite e derivados desde janeiro

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Os quatro primeiros meses de 2013 demonstraram uma menor dependência da indústria leiteira nacional com relação às importações. Entre janeiro e abril, tanto o volume de leite comprado de fora como o valor dessa importação sofreram reduções de 37% e 36%, respectivamente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgados ao DCI. Mesmo com o início da entressafra do leite brasileiro, os volumes ainda estão abaixo da média.

O País importou 27,4 mil toneladas de leite e nata no primeiro quadrimestre do ano e 6,9 mil toneladas em abril. Considerando os produtos lácteos em geral, o volume importado no último mês foi de 11,5 mil toneladas, o que representa uma queda de 0,9% na comparação mensal e de 10,8% na comparação com abril de 2012. O produto mais importado no mês foi o leite em pó, com 6,3 mil toneladas, de acordo com dados da Scot Consultoria.

Os valores das importações também têm sido menores desde o início do ano, em comparação com os do ano passado. De janeiro a abril, o valor de leite e nata importado foi de R$ 85,8 milhões, queda de 37% com relação à movimentação financeira correspondente ao mesmo período de 2012 (US$ 136,9 milhões).

Já em abril, embora o valor da importação de lácteos também tenha registrado queda na comparação com o mesmo período de 2012 (-3,8%), houve aumento de 2,5% na compra de leite e nata do mercado externo, de R$ 23,4 milhões para R$ 24 milhões.

Segundo Adriana Ferrreira Silva, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, há a expectativa de que, neste ano, a pecuária leiteira nacional atinja mais o mercado interno do que em 2012, mesmo com os custos de produção em alta. "No ano passado, a importação de derivados de leite prejudicou a importação nacional".

Já Paulo Ozaki analista de mercado do instituto, considera inevitável um aumento nas importações a partir deste mês, com o início da entressafra do leite, que começa em meados de março. Ele ressalta, porém, que o começo da safra de inverno no Sul em maio pode segurar o ritmo de produção mesmo na entressafra.

Queda na captação

Embora as importações estejam em patamares menores do que no ano passado, o aproveitamento da produção nacional de leite não aumentou. O Cepea identificou inclusive um recuo no volume que as indústrias de leite têm captado junto aos produtores de Rio Grande do Sul (RS), Paraná (PR), São Paulo (SP), Minas Gerais (MG), Goiás (GO) e Bahia (BA). Mesmo em janeiro e fevereiro, período de produção maior nas fazendas leiteiras, a captação da indústria caiu 2,67% e 3,29%, respectivamente.

A redução da oferta nacional com o início da entressafra já tem elevado os preços do leite no mercado interno. Em abril, a maior alta foi registrada em Goiás, onde o preço do litro subiu 5,3% para R$ 1,02. Nacionalmente, a média está em R$ 0,95. O preço já vinha subindo em março, quando estava cotado na média em R$ 0,82.

Para o presidente da Associação Paulista dos Criadores de Gado Holandês, Antonio Vilela Candal, o preço está bom, considerando os atuais custos de produção, que incluem custos com soja, milho e energia elétrica. Em valores, o custo ao produtor varia entre 60 a 70 centavos de dólar. Apesar de considerar este "um custo de produção baixíssimo", Vilela afirma que só dá para ter rentabilidade no negócio com escala ampla e diz que não acredita que uma fazenda leiteira paulista seja viável economicamente com uma produção menor que 2 mil litros por dia. "A não ser que tenha outras rendas", complementa.

É o seu caso. Vilela tem atualmente 150 cabeças de gado holandês em Jacareí. Até ano passado, ele produzia 2 mil litros por dia, mas reduziu a produção para 400 litros diários para se dedicar à venda de seu rebanho para novas fazendas que têm entrado no segmento leiteiro. "Já vendi mais de 40 desde o começo do ano e minha meta é vender em torno de 100", conta.



Veículo: DCI


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