Clima pode favorecer recuperação do trigo

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As fortes chuvas que atingiram as lavouras do Rio Grande do Sul no último fim de semana podem favorecer a recuperação dos preços do cereal no mercado interno. Cerca de 30% da safra no estado devem ter problemas de produtividade ou qualidade em virtude do ocorrido. A safra estimada é de 2,2 milhões de toneladas, a segunda maior do Brasil, conforme os dados da Emater/RS. Para especialistas, o fator "psicológico" de uma quebra na produção pode puxar para cima os preços no mercado, que registra o menor preço do ano em virtude da chegada da safra. Segundo a consultoria Safras & Mercado, a média dos preços negociados no mercado físico é de R$ 485,00 a tonelada, bem próximo do preço mínimo de R$ 480 a tonelada, estipulado pelo governo.

 

O analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, explica que chuva forte não é sinônimo de prejuízo. "Ainda vai demorar um pouco até finalizar a colheita e avaliar se realmente ocorreram perdas", explica. Até a semana passada, Odilon Soares da Costa, engenheiro agrônomo da Emater/RS, disse que 15% da safra tinham sido colhidos. Ele confirma que a chuva atingiu boa parte das lavouras no estado, mas explica que informações mais detalhadas sobre o impacto serão divulgadas até sexta-feira.

 

"Para os preços subirem, a quebra na safra precisa se confirmar. Caso contrário, o trigo de baixa qualidade seria muito mais prejudicial aos produtores", diz Bento. Nesse último caso, o cereal seria vendido como ração por um valor inferior ao do mercado. Cerca de 32% da lavoura gaúcha estão no ponto de colheita, conforme a Emater/RS. "É nesse estágio que a chuva pode prejudicar a qualidade do grão", completa o analista.

 

Benedito Oliveira, analista da consultoria AgRural, não acredita que os preços tenham força para subir no atual cenário. "Ainda tem a safra da Argentina, que começa a ser colhida a partir do próximo mês", lembra. Ele acredita que boa parte desse trigo gaúcho será exportado. "Ele é adequado para fabricar bolachas e pode ser comprado por países árabes", finaliza.

 

Segundo a Safras & Mercado, o trigo gaúcho é negociado por R$ 460 a tonelada, cerca de R$ 27 a saca de 60 quilos. No Rio Grande do Sul, o custo variável é de R$ 21 a saca. "Mas não há operações por causa das incertezas do mercado. Os moinhos não compram com medo do preço cair e o produtor espera uma possível alta", explica Bento.

 

No Paraná, maior produtor de trigo no País, 76% da safra já foi colhido. De acordo com o Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura (Seab/Deral), são esperados 3,05 milhões de toneladas no estado. O ritmo de comercialização no estado também está devagar. Otmar Rubner, engenheiro agrônomo do instituto, disse que 23% da produção já foi vendida. Em 2007 esse número atingia 44% de uma produção de 1,92 milhões de toneladas. "O preço estava bom e o produtor vendeu mais rápido", revela. No estado, o custo de produção variável é de R$ 33,53 a saca. O preço pago, segundo a Safras & Mercado é de R$ 510 a tonelada ou R$ 30 a saca. Cassiano Bragagnolo, analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), acredita que os preços não devem melhorar muito caso ocorra quebra no RS. "A produção mundial será maior".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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