Mercado de capitais inicia aquecimento

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Perspectiva para 2017 é de realização de muitas operações financeiras, com fusões e aquisições e IPOs



Após um longo período de fraca atividade, o mercado de capitais no Brasil começou o ano aquecido. E, ao que tudo indica, 2017 pode marcar não só a retomada mas também um período repleto de operações financeiras, com fusões e aquisições e abertura de capital de empresas de diferentes setores.

Segundo analistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, o que trouxe novamente interesse para o mercado de capitais foram as mudanças nas expectativas para a economia nacional e a tendência de queda para a taxa básica de juros (Selic). Mesmo em trajetória descendente, os juros da economia brasileira devem manter-se como um dos mais altos do mundo e isso atrai investidores externos e internos, possibilita a valorização das empresas e remunera acionistas.

Para o sócio-gestor da DLM Invista, gestora independente de recursos financeiros, Marcelo Domingos, o mercado antevê hoje uma melhora no ambiente econômico nacional, inclusive com expectativas positivas em relação às principais reformas e aos ajustes que a economia precisa para retomar o rumo de crescimento.

“Hoje, existe uma trajetória de queda de juros para chegarmos novamente a taxas de um dígito, que podem atingir cerca de 9% em 12 meses. Isso é positivo para o mercado de capitais e também para os IPOs (oferta inicial de ações) porque quanto menor a taxa de juros, menor o custo de financiamento das empresas e maior a geração de valor para os acionistas e para a bolsa”, explica Domingos.

Mesmo com a tendência de queda dos juros básicos no País, diz o analista, o Brasil deve continuar com juros relativamente altos quando comparado à taxa mundial. “Isso permitirá a entrada de dois tipos de recursos: o de renda variável, que deve intensificar o movimento de fusões e aquisições e os investimentos em títulos públicos e debêntures, por exemplo”, disse.

Para o analista da DLM Invista, a perspectiva é que devem ocorrer “pelo menos uns 15 IPOs em 2017”. “Estamos no meio de movimento que atrai tanto o capital estrangeiro quanto o doméstico. As alocações de recursos externos estão abaixo da média histórica. Ou seja, os investidores externos estavam esperando as coisas darem um sinal de melhora para voltar a investir no Brasil”, pontua.

O coordenador do Núcleo Avançado de Finanças do Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IEC-PUC/MG), Juliano Pinheiro, também acredita que o aquecimento do mercado de capitais está diretamente ligado à melhora das expectativas em relação à economia nacional. “Em 2017, temos a expectativa de um volume de significativo o de empresas acessando o mercado de capitais através de IPOs”, ressalta.

Estabilidade -  “Passamos um bom tempo sem lançamentos de ações no mercado em função da instabilidade e da falta de confiança na economia brasileira. Com a virada de 2016 para 2017, apesar de ainda não termos solucionado uma série de problemas econômicos, já tivemos uma melhora na percepção da estabilidade da política e econômica do Brasil. Percebe-se um melhor controle na gestão fiscal, reformas importantes já estão na pauta do Congresso, a própria aprovação do teto fiscal foi um bom sinal para o mercado”, argumenta.

A avaliação do sócio-fundador da Aware Investments, Alexsander Queiroz, corrobora a opinião dos outros analistas. Conforme ele, a perspectiva é de que o Brasil, pelo menos aparentemente, entre em um ciclo econômico mais positivo, apesar de muitas questões ainda terem que ser acertadas.

“Estamos vivendo um cenário de inflação controlada e expectativa do Banco Central continuar baixando os juros com apetite importante. Com juros baixos e economia entrando nos eixos, os IPOs representam uma maneira barata de captar recursos para as empresas. Acredito que 2017 pode ser o ano da guinada nas operações de abertura de capital”, prevê.

Leonardo Francia

Fonte: Diário do Comércio de Minas


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