Recessão antecipou crise fiscal, que já era esperada

Leia em 1min 40s

Os estados brasileiros têm dramas fiscais distintos, mas a análise geral é que a recessão antecipou e exacerbou, simultaneamente, três grandes e conhecidos nós: o endividamento, a folha de pessoal na ativa e a Previdência. "Os gastos vinham num crescimento violento, mas, como a receita crescia e os estados ainda foram liberados pelo governo federal para se endividarem, ninguém se importou. Aí veio a recessão e escancarou o que já se sabia: era insustentável", diz Raul Velloso, especialista em contas públicas.
 
A fonte secou, e os efeitos estão aí. O Rio, para cobrir a Previdência em 2015, usou R$ 6,7 bilhões de depósitos judiciais. O Rio Grande do Sul atrasa o pagamento dos servidores. A dívida mineira encostou em 200% da receita, teto permitido em lei, e o estado eleva o estoque de pagamento atrasados a fornecedores. O Espírito Santo tem baixo endividamento, a folha de pagamento dos servidores da ativa é arrumada, mas a Previdência já consome 14% do caixa. Em Alagoas, nos próximos cinco anos, quase 40% dos 40 mil servidores na ativa vão poder se aposentar, e não se sabe de onde sairá o dinheiro se todos forem embora ao mesmo tempo.
 
A renegociação da dívida com o governo federal foi só um primeiro passo para sanar esse imbróglio. "É preciso ainda que o Congresso aprove as novas regras e, depois, que seja contratada a nova renegociação, com adoção de um plano de ajuste fiscal, e que o governo federal ainda aprove a proposta para limitar o gasto dos estados", diz José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
 
A etapa mais difícil, diz Afonso, será definir como cortar gastos, principalmente com a folha, e como revitalizar as receitas. Detalhe importante, na opinião dele: os governadores não conseguem fazer os ajustes sozinhos. "O raio de manobra dos estados é estreito: será preciso que a União lidere o processo, que o Congresso aprove medidas duras e que a Justiça determine a aplicação."
 
Veículo: Jornal do Comércio de Porto Alegre


Veja também

Inflação e insegurança

Consumidores estão menos pessimistas, mas expectativa em relação à inflação ai...

Veja mais
Dólar começa a semana em alta em relação ao real

Na sexta, a moeda norte-americana caiu 0,72%, a R$ 3,2581 na venda.Em julho, o dólar acumula alta de 1,39%. &nbs...

Veja mais
Varejo gaúcho prevê redução de 13% na contratação de temporários

A queda nas vendas e o menor fluxo de consumidores nas lojas registrados nos últimos anos têm derrubado o n...

Veja mais
Para não perder vendas, varejistas apostam em tecnologia de pagamento

Dificuldade imposta pela instabilidade leva micro e pequenos comerciantes a investir nos meios eletrônicos para fa...

Veja mais
Entre prioridades de Serra, vendas para africanos recuam 7% neste ano

Queda dos preços de produtos básicos e crise econômica no Brasil afetaram trocas em 2016, mas o cont...

Veja mais
Lei que reduz para 6% alíquota de imposto sobre remessas ao exterior é publicada

O Diário Oficial da União publicou na edição de hoje (21) a lei que reduz a alíquota ...

Veja mais
Dólar opera praticamente estável nesta sexta-feira

Na véspera, moeda dos EUA subiu 1,016%, a R$ 3,2816 na venda.Dia foi de realização de lucros ap&oac...

Veja mais
Consumidores esperam inflação de 10% em 12 meses a partir de julho, aponta FGV

A percepção de alívio na inflação pelos consumidores respalda-se na já observa...

Veja mais
Vendas de Dia dos Pais devem ter queda de 8%

As vendas do comércio gaúcho no Dia dos Pais vão seguir a tendência negativa verificada no va...

Veja mais