O setor de serviços segue em desaceleração, provocada pela queda nas atividades industriais e comerciais. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o segmento cresceu 4,5% em agosto na comparação com igual mês do ano passado. Na avaliação de Roberto Saldanha, técnico do IBGE, o arrefecimento do setor de serviços está relacionado à indústria e ao comércio, pelo fato de as duas atividades demandarem muitos serviços. Em agosto, o IBGE calculou que o comércio recuou 1,1% e a indústria caiu 5,4%, na comparação com igual mês de 2013.
Segundo o instituto, a diminuição da produção industrial tem impactos mais diretos em serviços de informação e comunicação e transportes.
Com o resultado de agosto, o setor de serviços acumulou alta de 6,7% no ano. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nota que crescem as chances de que o segmento apure seu pior resultado anual em 2014. No acumulado em 12 meses até agosto, as receitas de serviços acumularam alta de 7,4%, patamar mais baixo desde o início da série histórica da PMS, em janeiro de 2013.
Os serviços de informação e comunicação subiram 1,7% em agosto ante igual mês do ano anterior, após alta de 2,1% em julho, na comparação interanual. Os transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio tiveram alta de 3,2% em agosto, na comparação interanual, depois de crescerem 4,6% em julho.
"Há um menor consumo de telecomunicações e, principalmente, no transporte de cargas, por parte das empresas da indústria. Observamos um maior controle dos custos por parte da indústria, o que tem forçado as empresas de transporte a reduzirem seu frete. Se faziam o serviço por R$ 100, agora, o fazem por R$ 70", disse o especialista do IBGE.
Saldanha destacou que o comércio também tem impacto sobre o setor de transporte, mas em uma intensidade menor, pois a indústria é o maior cliente desse tipo de serviço. O comércio tem maior peso sobre serviços técnicos profissionais, publicidade e propaganda.
Os serviços prestados às famílias cresceram 9% em agosto na comparação com igual mês do ano anterior, após alta de 5,4% em julho. "Com a inflação menor, as pessoas tendem a consumir mais. São serviços que as famílias vão consumir se tiverem renda disponível. Então, o efeito da inflação menor propiciou a procura por esses serviços", afirmou Saldanha.
Entre julho e agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) teve alta de 0,25%, ficando bem abaixo das taxas observadas no primeiro semestre, quando na maior parte dos meses esteve acima de 0,5%.
Os serviços profissionais, administrativos e complementares subiram 7,9% em agosto ante igual mês de 2013, depois de avançar 7%. O segmento outros serviços - que inclui atividades imobiliárias, de manutenção, entre outros - subiu 10,6% em agosto, ante a igual mês de 2013.
Veículo: Valor Econômico