Calote em BH é o maior em três anos

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Inadimplência na capital cresce 5,62% e preocupa lojistas, que apostam no Natal para recuperar as vendas do ano




O fim de ano será de muito aperto para muitos brasileiros. A inadimplência dos consumidores está mais alta em Belo Horizonte e no resto do país. Na capital, segundo indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), o calote cresceu 5,62% no acumulado de 2014. É o maior índice de inadimplência dos últimos três anos. No Brasil, de acordo com dados da Serasa Experian, houve forte alta no número de pessoas com contas a pagar em setembro, subindo 19,6% em relação a igual mês do ano passado. Os números são recebidos como balde de água fria por lojistas, que acreditam que muitas pessoas deixarão de comprar no Natal para quitar o que devem.

O crédito mais caro, a alta nos preços e um menor poder de consumo são fatores apontados por especialistas da área para justificar o cenário. “Os indicativos são perigosos. Uma coisa é você ter uma alta de endividamento e as pessoas estarem quitando suas dívidas. Mas, quando elas estão dando calote, é problemático”, alerta o economista e coordenador do curso de economia do Ibmec/MG, Márcio Salvato. Ele concorda com o medo dos lojistas e diz que, ao que tudo indica, o Natal para o comércio não será dos melhores. “Alguns números já mostram isso. Os empregos temporários, por exemplo, estão atrasados na indústria e no comércio. A renda da população não cresce e a inflação está corroendo o bolso.”

De acordo com a economista da CDL Ana Paula Bastos, nos últimos três anos, a média da inadimplência na cidade girava em torno de 1,5% a 2,5%. “Com o aumento do nível dos preços, o custo de vida dos consumidores subiu, levando muitos à desorganização financeira”, diz. Conforme os números da CDL, em setembro, na comparação com o mês anterior, o número de dívidas em atraso teve aumento de 0,78%. Em relação ao mesmo mês de 2013, a inadimplência cresceu 3,32%.

PERFIL Em setembro, 52,64% das dívidas em atraso foram contraídas por consumidores do sexo masculino. Por faixa etária, a maior parte dos débitos (26,47%) concentrou-se entre os consumidores de 30 a 39 anos e 76,36% das dívidas em atraso de agosto estão nas faixas de valor de até R$ 250. Aqueles com dívidas acima de R$ 500 representam 14,27%. “Com essa realidade, as pessoas vão deixar de comprar no Natal para pagar as dívidas”, comenta o gerente da loja de calçados Via Velle, Giovani Gonçalves. A lojista Elizabeth Rangel também diz estar desanimada com o Natal. “Este ano, nossas vendas já caíram mais da metade. Com as pessoas devendo, a situação só piora”, comenta.

Mas, para a economista Ana Paula, a inadimplência não vai impactar tanto nas compras natalinas. “É uma época em que há um apelo emocional muito grande e muitas pessoas não deixam de presentear. Além disso, é um semestre em que entram as rendas extras, como 13º salário e a restituição do Imposto de Renda”, diz.

Em relação a setembro do ano anterior, o pagamento de dívidas em atraso registrou aumento de 2,01%. Já no acumulado do ano, a regularização dos débitos apresentou declínio de 0,48%. “A capacidade de pagamento dos consumidores belo-horizontinos está enfraquecida principalmente pela combinação inflação e juros altos”, afirmou a economista, que acredita que, com a aproximação do final do ano, a tendência é de que esse quadro se reverta.



Veículo: Estado de Minas


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