Recursos serão usados para pagamento de dívidas
Andréa Rocha
Nem mesmo a injeção de R$ 1,377 bilhão na economia mineira entre os dias 25 de agosto e 5 de setembro, provenientes da antecipação de 50% do décimo terceiro dos benefícios previdenciários, parece animar o comércio varejista do Estado. Na avaliação da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), diante das indefinições econômicas e da espera das eleições gerais, a tendência é de que os beneficiários optem pela poupança ou pela quitação de suas dívidas.
"O comércio só deve sentir os efeitos desses recursos em outubro ou novembro", projeta o economista da Fecomércio, Gabriel de Andrade Ivo. Segundo ele, mesmo como pagamento de 50% dos benefícios aos aposentados e pensionistas, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a perspectiva para o comércio nos próximos meses não tem sido muito positiva, nem mesmo para o Natal.
"O cenário está muito obscuro, com inflação alta e previsão de crescimento do PIB abaixo de 1%. Os consumidores vão poupar ou quitar seus débitos antes de voltar ao mercado", sustenta. Em julho, o endividamento em Belo Horizonte chegou a 45,1% dos consumidores, e a taxa de inadimplência ficou em 4,6%, mantendo-se nos mesmos patamares da registrada no mesmo mês do ano passado (4,7%) e abaixo da apurada em 2012 (5,8%).
Essa queda de inadimplência, no entanto, não representa, necessariamente, maior planejamento dos gastos. "Em um contexto de desaceleração da economia, o consumo diminui e a tendência é que a taxa também caia", ressalta. De todo modo, ainda que a repercussão desses recursos no comércio demore ainda de três a quatro meses, não deixa de ser positiva a possibilidade de quitação das dívidas, pois assim o consumidor pode limpar o seu nome e voltar ao mercado.
Emprego - Na avaliação do economista, apesar dos recentes anúncios de férias coletivas ou demissões na indústria, a taxa de desemprego continua a ser o único indicador econômico positivo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, a taxa de desocupação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi de 3,9%, mantendo-se nos mesmos patamares de maio (3,8%) e abaixo do registrado em junho de 2013 (4,1%).
"No comércio não há demissões ou admissões. Está zero a zero", informou, ressaltando, no entanto, que setores como o de serviços, que apresentou aumento de contratações em junho, em virtude da Copa do Mundo, pode não repetir o mesmo resultado. E a agricultura que, segundo ele, tem se destacado com aumento de admissões, na verdade está formalizando suas relações de trabalho e não necessariamente ampliando o seu quadro de pessoal.
Os recursos a serem liberados pelo INSS em Minas Gerais, no valor de R$ 1,377 bilhão, referentes a cerca de 3,084 milhões de benefícios, sem desconto do Imposto de Renda, representam aproximadamente um décimo do montante a ser injetado na economia brasileira, que serão da ordem de R$ 13 bilhões, correspondentes a 26,748 milhões de benefícios. O IR será descontado somente na segunda parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas, em novembro e dezembro.
Veículo: Diário do Comércio - MG