Em Jundiaí,a maior fábrica de espumantes do mundo

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Nova unidade da Cereser vai envasar 26 mil garrafas por hora

 

As festas de fim de ano ainda não chegaram, mas os estouros de garrafa já são constantes na fábrica da Cereser, tradicional fabricante de bebidas de Jundiaí (SP). Ali, há pouco mais de 15 dias, a companhia pôs para funcionar uma nova megaestrutura de produção para envasar sua sidra, a popular bebida à base de maçã, consumida no lugar do champanhe ou espumante entre as classes de menor renda no Brasil. O ruído da quebra das garrafas faz parte do ajuste natural do equipamento, nos primeiros dias de atividade. Em breve, porém, as máquinas chegarão ao máximo de sua capacidade de produção: impressionantes 26 mil garrafas por hora.

 

Esse volume dá à Cereser, empresa familiar há mais de 80 anos no mercado, um título inédito: o da maior fábrica de espumantes do mundo. Quem garante é a fabricante dos equipamentos, a Sidel, um dos braços da gigante industrial de origem sueca Tetralaval, dona também da TetraPak. Segundo o diretor comercial da Sidel, Michele Biagione Júnior, a estrutura da Cereser, cuja tecnologia permite o envasamento tanto de espumantes quanto de sidras, foi a maior já produzida pela companhia até hoje. A Sidel participou de uma concorrência internacional para fornecer o equipamento à empresa brasileira. "Temos conhecimento de uma linha de produção semelhante na França, mas ainda 40% menor que essa", afirma Biagione Júnior.

 

A Cereser não revela o valor do investimento, iniciado em 2007 e mantido durante a crise global. A tecnologia da nova linha, porém, permite à companhia fabricar suas sidras em um volume três vezes maior do que vinha fazendo. Além disso, diminuirá o tempo de estoque dos produtos, prática que corroía o capital de giro da empresa. "Vamos poder abastecer o mercado numa velocidade muito maior e ganhar eficiência", explica o diretor comercial José Fontelles. Este ano, serão produzidas 2,2 milhões de caixas de sidra para o Natal e Ano Novo dos brasileiros, 8% mais que o fabricado no ano passado.

 

No Brasil, apesar do frisson em torno do espumante nacional, que ganha cada vez mais reconhecimento internacional, ainda bebe-se duas vezes mais sidra do que espumante. Segundo dados da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), as vendas da bebida fermentada de maçã somaram 9,8 milhões de litros no ano passado. No mesmo período, foram comercializados 4,6 milhões de litros de espumantes, entre nacionais e importados. A popular bebida, inclusive, experimentou crescimento de quase 6,4% em 2008 ante o ano anterior, enquanto os espumantes tiveram queda de 6,1% nas vendas, feita a mesma comparação.

 

Embora sejam consumidas no País, tipicamente, nas mesmas ocasiões - as festas de fim de ano - espumante e sidra têm características distintas. A sidra, de origem da região da Bretanha, na França, é feita exclusivamente a partir da maçã. Passa por apenas uma etapa de fermentação, o que lhe proporciona baixo teor alcoólico: algo entre 4% a 8%, semelhante à da cerveja, por exemplo. Já o espumante é feito de uvas e passa por dois processos de fermentação alcoólicas, explica Kelly Bruch, assessora jurídica do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). A gradação alcoólica oscila entre 10% a 13%.

 

Nos quatro meses que antecedem as festas de fim de ano, a Cereser deve manter a todo vapor a produção das sidras - onde tem liderança no mercado, com 67,7% de participação, segundo dados da Nielsen de dezembro de 2008 - e de filtrados, fermentado de uva com gradação alcoólica menor. A nova linha de produção, considerada pela empresa uma ampliação, já que parte da estrutura antiga será mantida, significa uma aposta na continuidade do crescimento do poder de consumo das classes C e D. "Ainda podemos ocupar um pouco mais desse território", afirma Fontelles.

 

No resto do ano, a Cereser avalia "alugar" a estrutura para outras empresas, como já faz com outras linhas de produção na unidade em Jundiaí. As vodcas Smirnoff e o drinque Smirnoff Ice, da multinacional Diageo, além da cachaça Sagatiba, são algumas das poderosas marcas fabricadas na fábrica do interior paulista.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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