Faturamento da indústria de alimentos em SC é maior do que a média nacional

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Levantamento da Fiesc revela estratégias e obstáculos para desenvolvimento da área no Estado

 



O faturamento das empresas de produtos alimentícios em Santa Catarina cresceu 8% ao ano entre 2007 e 2011, o dobro da média nacional, segundo estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). O trabalho será apresentado nesta quinta-feira no Fórum Econômico do Grande Oeste Catarinense, que se inicia às 18h, no Lang Palace Hotel, em Chapecó.

O estudo faz parte do projeto Rotas Estratégicas Setoriais para a Indústria Catarinense, dividido em 16 temas, que aponta as estratégias e obstáculos das empresas catarinenses para se desenvolver até 2022. Em Chapecó, serão apresentados os estudos dos setores agroalimentar e de móveis e madeira.

As exportações das empresas de alimentos geraram um saldo positivo de R$ 28 bilhões no período. E o Estado é o responsável por 8% das vendas de alimentos para o exterior, tendo como principal destino o Japão, com 17% das vendas.

No entanto, a área enfrenta gargalos como o déficit de milho, que gira em torno de 40% da demanda, e problemas de infraestrutura, como rodovias não duplicadas e falta de ferrovias no Oeste, onde está concentrada a produção agroindustrial.

Outro limitante é a produtividade dos trabalhadores do setor. No abate e processamento de itens de carnes, por exemplo, um trabalhador catarinense produz R$ 59 mil por ano, contra a média nacional de R$ 66 mil.

Foco em produtos de maior valor agregado

O vice-presidente da Aurora Alimentos, Neivor Canton, diz que o faturamento acima da média nacional, mesmo com um crescimento um pouco menor do que a produção nacional, revela que a indústria catarinense está apostando em produtos de maior valor agregado.

— Nosso foco não pode ser em commodities, mas em produtos diferenciados, mais elaborados, para mercados com um nível de exigência maior — diz.

E ele aponta que essa é uma tendência, pois no Estado há uma limitação no volume de produção de suínos e aves, que apresenta uma certa estagnação nos últimos anos pela limitação de milho. Prova disso é que os investimentos nas plantas industriais têm sido em modernização e otimização, mas sem a construção de novas unidades de grande porte.

Canton explica ainda que a alta rotatividade dos trabalhadores atrapalha a qualificação. Mas entende que o setor precisa investir em capacitação para que consiga melhor produtividade.

Para o dirigente agroindustiral, há a necessidade de continuar zelando pelo status sanitário diferenciado de Santa Catarina, que permitiu acessar mercados como Japão e Estados Unidos.

— O Oeste precisa de um tratamento diferenciado, pois não temos nem portos, nem ferrovia, nem rodovia duplicada, nem gás — defende

Mesmo assim, o Oeste de SC liderou o Valor Adicionado Fiscal no setor, com US$ 7 bilhões, entre 2007 e 2011.

O Fórum Econômico do Oeste contará também com a presença do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, que fará uma palestra sobre conjuntura e perspectivas econômicas. A mediação da mesa será da jornalista e colunista do jornal Diário Catarinense, Estela Benetti.

Empresas de móveis buscam exportações

As exportações catarinenses de móveis e madeira caíram de R$ 827 milhões em 2008 para R$ 594 milhões em 2012. Com esse cenário, a participação do setor nas vendas do Estado para outros países caiu de 9,9% para 6,7%.

Retomar participação no mercado externo é uma das estratégias apontadas no Plano de Desenvolvimento Industrial Catarinense para o setor de móveis e madeira, apresentado nesta quinta em Chapecó.

De acordo com o presidente da Associação dos Moveleiros do Oeste do Estado de Santa Catarina (Amoesc) e do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Vale do Uruguai (Simovale), Osni Verona, as exportações caíram após a crise mundial de 2008, quando houve o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos e dificuldades financeiras em alguns países europeus. Como os catarinenses atendiam a esses mercados, começaram a enfrentar problemas nos pagamentos.

— O número de empresas do Oeste que exportavam caiu de 45 para 15 — revela Verona.

Ele argumenta que a alta do dólar pode estimular a retomada das vendas, mas os empresários ainda não estão confiantes, principalmente em virtude do "custo Brasil".

Aumento no custo de mão de obra

Verona acrescenta que sai mais caro levar um contêiner de móveis de Chapecó para os portos do que dos portos à Europa. Além disso, houve um acréscimo nos últimos anos no custo da força de trabalho, com encargos trabalhistas, fuga de mão de obra e salários maiores sem a contrapartida em produtividade.

Verona diz que um funcionário norte-americano produz cinco vezes mais, em virtude de capacitação e tecnologia.

Uma das saídas do setor é investir em design, com produtos diferenciados. Os empresários também reivindicam investimentos em ferrovias e rodovias.




Veículo: Diário Catarinense


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