Chuvas tardias atrasam plantio de soja em Minas

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Produtores devem ser cautelosos, pois precipitações nas regiões de cultivo podem ocorrer somente no final deste mês


Tempo de tensão para sojicultores mineiros. À espera do período das chuvas, que neste ano será tardio, eles vêm atrasando o início do plantio de soja em todas as áreas produtivas do Estado. A previsão de agrometeorologistas é de que ocorram precipitações no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas somente no final deste mês ou no começo de novembro. Mas, inicialmente, não serão chuvas regulares, ou seja, aquelas que ocorrem com certa freqüência, abastecendo mananciais e penetrando no solo. A previsão é de pancadas fortes e isoladas e ocorrência de chuvas de granizo em algumas áreas, mas ainda insuficientes para iniciar o plantio. As tão esperadas chuvas regulares estão previstas somente para o final de novembro ou início de dezembro.

Diante do cenário, a orientação de consultores e especialistas aos produtores de soja em Minas é ainda ter cautela. "Não há o que fazer. Tem que esperar a chuva.  preciso um volume mínimo de 80 a 100 milímetros cúbicos de água no solo para iniciar o plantio", afirma o analista de agronegócio Caio César Coimbra, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

Ele diz que até mesmo em lavouras irrigadas, como acontece em algumas propriedades do Noroeste do Estado, o início do plantio vem sendo adiado, e quem iniciou a semeadura nesses casos pode ter grandes perdas. "Não há vazão suficiente nos rios, que estão com volume de água muito baixo para fazer irrigação", observa.

O nível baixo desses cursos d"água é conseqüência ainda daquela seca atípica que atingiu Minas Gerais no primeiro trimestre deste ano. "Houve a estiagem prolongada nos três primeiros meses deste ano, depois vieram as estações tradicionalmente mais secas. Dessa forma, não ocorreram condições para que os reservatórios se mantivessem em um nível mínimo ao longo do ano e, agora, com as chuvas tardias, a situação se agrava, afetando também a lavoura irrigada", explica o agrometeorologista Williams Ferreira, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

O consultor em agronegócio Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado, também recomenda paciência. "Quem iniciar o plantio com o tempo seco como está certamente terá grandes perdas.  mais acertado esperar a chuva, pois não haverá a germinação sem o mínimo de água no solo".

Gutierrez lembra que, mesmo iniciando a semeadura mais tarde, o produtor poderá ter uma boa janela de plantio, ainda que apertada. Mas, se não chover pelo menos até o fim deste mês, ele teme perda de qualidade dos grãos. Isso porque o início da colheita pode ser tardio, no final de fevereiro ou início de março, período que pode ser bastante chuvoso nas áreas produtoras em Minas. "Pode ocorrer umidade excessiva do grão".


Normalidade - Mas, apesar do atraso das chuvas, a previsão inicial é de que a duração das chuvas ocorra dentro da normalidade, e não se prolongue a ponto de a umidade atrapalhar a qualidade dos grãos no período da colheita, segundo prevê Williams Ferreira.

O agrometeorologista explica que as chuvas regulares tão esperadas para o plantio são precipitações que ocorrem com certa freqüência, de até 15 em 15 dias.

"Temos uma análise de previsões trimestrais que nos aponta primeiro a ocorrência dessas chuvas regulares no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e, posteriormente, no Noroeste de Minas. Mas, como estamos vivendo uma situação atípica com o fenômeno da oscilação decadal do pacífico (veja matéria abaixo), costumamos dizer que o tempo é uma caixinha de surpresa.  preciso que o produtor observe se chove com freqüência de ao menos 15 dias e, confirmando essa observação ao menos umas três vezes, ele pode iniciar o plantio".

Fenômeno no Pacífico é a causa

Os períodos de seca neste ano vêm sendo previstos há pelo menos quatro anos. Estamos passando pela fase final de uma Oscilação Decadal do Pacífico (ODP). Trata-se de um fenômeno climático no Pacífico com duração entre dez e 20 anos que, a cada ocorrência, alterna entre temperaturas mais baixas no oceano e temperaturas mais altas.

"Desde o ano 2000 estamos vivendo uma ODP de temperaturas mais baixas no Pacífico, oceano considerado o termômetro do mundo. Atualmente, estamos na fase final dessa ODP mais fria, que deve se prolongar até pelo menos 2016, conforme as previsões mais recentes. Esse fenômeno vem interferindo bastante no clima em vários pontos do planeta e, particularmente, em várias regiões do Brasil está causando temperaturas mais altas e longos períodos de seca", explica o agrometeorologista Williams Ferreira, da Epamig.

Segundo ele, a ODP vem se sobrepondo aos tradicionais fenômenos climáticos El Ni¤o (quente) e La Ni¤a (frio). "Por isso, estamos assistindo a uma fase de neutralidade desses dois fenômenos". Ferreira acrescenta que em função de a ODP estar na fase final, a expectativa é de chuvas irregulares, invernos mais rigorosos no Sul e no Sudeste do país, além de longos períodos de cheia no Norte.

"O que se sabe é que estamos no fim dessa ODP mais fria e diante de uma provável transição para a ODP mais quente. Produtores rurais devem ficar atentos às previsões".


Produção - No primeiro levantamento para a safra 2014/2015 de grãos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um crescimento de 14,6% na produção mineira de soja, que deve atingir 3,8 milhões de toneladas. A área plantada deve ficar de 2% a 5% maior que na safra anterior. A produtividade também deve crescer, com previsão de colheita de 2,9 toneladas por hectare.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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