Nestlé tem avanço em emergentes

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A Nestlé, maior companhia de alimentos do mundo, divulgou ontem as vendas do primeiro trimestre e os números oferecem algumas lições sobre a economia mundial. Primeiro, os relatos sobre a morte dos mercados emergentes são bastante exagerados. Segundo, aumenta a possibilidade de guerras cambiais, à medida que todas as grandes economias do mundo veem as moedas mais fracas como uma maneira de aumentar as exportações e o crescimento.

Em termos mundiais, as vendas da Nestlé cresceram 4,2% nos primeiros três meses do ano, excluindo os efeitos cambiais, o pior desempenho da companhia desde 2009, embora dentro do previsto pelos analistas. Para os países emergentes da Ásia, Oceania e África o crescimento foi de 7,3% [o relatório de resultados apresenta expansão de 8,5% para os mercados emergentes como um todo].

A melhora está bem perto do crescimento de 7,4% que a Nestlé obteve no acumulado de 2013 nos emergentes. Isso deveria animar aqueles que temem uma desaceleração no ritmo de crescimento de dois dígitos do PIB que ajudou muitos mercados emergentes a conduzir a economia após a crise financeira. O fato de a China ter projetado uma desaceleração para algo perto de 7% ou 8%, em vez da média de 9% apurada desde a metade de 1999, não significa um desastre econômico iminente.

A título de comparação, as vendas cresceram 4,6%, nas Américas, o maior mercado da Nestlé. Isto sugere que a maior economia do mundo está em boa forma. O outro lado, porém, é a Europa, onde o crescimento foi de apenas 0,3%.

Os analistas de ações da RBC Capital Markets em Londres avaliam que o momento ideal para vender produtos de marca é quando a renda per capita dos potenciais consumidores de um país sobe para algo entre US$ 5 mil e US$ 15 mil por ano. Combinando esta tese com previsões de crescimento populacional, os analistas constatam que quatro mercados - Índia, China, Indonésia e Nigéria - apresentam o maior potencial de se tornarem consumidores maiores nos próximos anos.

Com apenas 2% das vendas realizadas na Suíça, a Nestlé tem uma maior sensibilidade às flutuações cambiais. Ela cita a valorização do franco suíço como responsável por reduzir a receita reportada em 8,6% [no final, a receita total caiu 5,1%]. Com o desenrolar de 2014, espere ouvir muitos resmungos sobre o câmbio, com as companhias competindo para ver quem lamenta mais.

"O que provavelmente precisamos é de uma queda do franco suíço e uma queda do euro em comparação ao dólar", disse o presidente do banco central suíço Thomas Jordan há poucos dias. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse em abril que "o fortalecimento do câmbio exige mais estímulos monetários".

No último ano, o euro passou de US$ 1,30 para US$ 1,38; o franco suíço também teve valorização em relação ao dólar. Enquanto isso, um iene mais fraco é o plano do governo do Japão. Mas o iene é hoje negociado a 102 ienes por dólar, ante 97 ienes por dólar há um ano.

A verdade é que nenhuma nação quer uma moeda mais forte. Da mesma maneira que você não pode mixar o disco de heavy metal perfeito fazendo tudo mais barulhento, a lógica determina que nem todo país pode ter uma moeda mais fraca que a dos outros.



Veículo: Valor Econômico


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