Mercadinhos de bairro driblam concorrência dos 'atacarejos de vizinhança'

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Se vida de pequeno empreendedor não é jogo fácil, a de dono de mercadinho parece até inglória. Trabalhar quase que em tempo integral; lidar com pessoal; compra; receita; despesa; perda. Isso para não falar na concorrência, que está por todo o lado, incluindo a internet, e de um tempo para cá só faz aumentar, com a chegada – aos bairros mais populares – de grandes redes varejistas e/ou atacadistas com suas lojas de "vizinhança".

 

Com o objetivo de apresentar as novidades do setor, discutir o dia a dia do supermercadista, bem como o uso da tenologia nos negócios, será realizado em Salvador, entre os dias 23 e 25 deste mês, a 10ª edição da SuperBahia. Considerada a maior feira do varejo de alimentos do Norte-Nordeste, o evento, organizado pela Associação Baiana de Supermercados (Abase), acontece na Arena Fonte Nova e vai reunir 60 expositores, entre nacionais e estrangeiros.

 

Com o tema A tecnologia integrada ao varejo de alimentos, o encontro, que tem inscrições gratuitas – por meio do endereço na internet www.abase-ba.org.br/superbahia-2019; pelo telefone (71) 3444-2888; na sede da Abase; ou no local –, é voltado para fornecedores, distribuidores, empresários do ramo e corpo gerencial e vai contar com uma programação de 16 palestras sobre o tema, além do VIII Fórum Baiano de Integração Varejo e Indústria.

 

De acordo com o superintendente da Abase, Mauro Rocha, a expectativa para este ano é superar os 12 mil visitantes e R$ 260 milhões em negócios gerados na edição passada. "É para o pequeno, médio, grande, mas sobretudo o pequeno. Este é um mercado bastante competitivo, precisa capacitação, buscar conhecimento, conhecer do assunto, estar atento às transformações. As mudanças são diárias. Essa é a chave", fala.

 

Setor dinâmico

 

Segundo dados da Abase, o setor representa 5,5% do PIB nacional, tendo faturado em 2018 R$ 450 bilhões. Perto de 6% disso ficou aqui no estado, que possui 25 estabelecimentos e gera 250 mil empregos diretos. "É feira e convenção. São três dias de informação sobre as mais diferentes áreas, um ganho enorme para a indústria e o setor", diz Rocha.

 

A hoje dona de supermercado Cátia Santana, 38, é uma das que já marcaram presença na SuperBahia 2019. Diz ir atrás de soluções e "network". Cátia conta que entrou nessa praticamente no susto, que o sonho na verdade era do pai, falecido apenas cinco meses após a inauguração do "projeto", sete anos atrás.

 

Com uma jornada de trabalho de até 14 horas por dia – uma folga em um domingo por mês –, ela fala, porém, que o negócio virou "cachaça".

 

À frente de um time de 16 funcionários e com um mix de produtos com cerca de cinco mil itens – do açougue ao hortifrutigranjeiro, passando por mercearia seca, doce, salgada e padaria – diz faturar na casa de R$ 300 mil mensais e contar com uma margem de lucro na casa dos 10%. Isso, desde que não antecipe os recebíveis. Vontade de expandir ela até tem, mas da porta para dentro. "O cenário hoje é dominado pelas grandes redes", diz.

 

Com o mesmo tempo de praça que Cátia, mas já tendo pensado em vender, alugar e até associar em rede os dois estabelecimentos que possui no bairro do Lobato, na capital baiana, Albert da Silva, 37, diz ser "quase inviável ter de brigar com pelo menos cinco atacadões, todos localizados na região da Calçada, na Cidade Baixa". Isso sem falar nos nove mercadinhos vizinhos.

 

"Nem chamo isso de concorrência, de tão cruel. Tem muito imposto incidindo sobre tudo, em cada etapa do processo, cada atravessador, no regime do Simples Nacional. A estratégia tem sido baixar a margem de lucro, se de 25%, para 15%, 10%, mas a conta aí não fecha. Pode funcionar para o grande, que dá o desconto em determinado item, mas o cliente entra e compra vários produtos do mix. Aqui, ele entra e compra só o anunciado".

 

Varejo digital

 

Para o coordenador de comércio e serviços do Sebrae Bahia, Ítalo Guanais, "passamos por um processo de transição em que não competimos mais com o vizinho, mas com o mundo inteiro". Guanais destaca que é preciso estar atento às transformações sociais e econômicas ao redor do globo; no avanço de novas tecnologias; entender a atualização do mercado; e repensar as estratégias de comunicação utilizadas para com o consumidor.

 

"O controle do estoque, a gestão do pessoal, o plano de negócios, tudo isso continua valendo. É preciso ir além, descobrir novas formas de fidelização. Existem hoje várias formas de se chegar ao cliente, que está mudado e quer produto, serviço, atendimento e experiência".

 

Guanais destaca ainda que o Sebrae lançou esta semana o serviço Varejo Digital, que vem a ser uma "plataforma com oferta de soluções para o empresário com foco na composição entre o (mercado) físico e o digital", e que estas, entre outros conteúdos, serão apresentadas durante o evento na Arena Fonte Nova. "Estamos promovendo missões técnicas (caravanas) do interior, para que todo mundo possa estar presente na SuperBahia", conta.

 

"A feira é fundamental, movimenta a economia, vários segmentos. É uma oportunidade para vender e estar perto dos clientes", conclui o presidente da Abase e dono da Cesta do Povo, Joel Feldmam.

 

Fonte: A Tarde


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