Varejo muda liquidações para ampliar a eficiência

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Antes do dia 24 de fevereiro, não haverá campanhas coletivas de descontos nos comércios de Porto Alegre e Região Metropolitana

 



Para a alegria dos lojistas do Litoral Norte, este ano as liquidações de verão promovidas pelo varejo da Capital e do Estado ocorrerão somente nos últimos dias de fevereiro, adentrando março. Tanto a coordenação do Liquida Porto Alegre, que acontece na Região Metropolitana, quanto a organização do Liquida Tchê, promovido nos municípios do Interior gaúcho, estão agendadas para oficializar os eventos somente depois do Carnaval. Antes do dia 24 de fevereiro, não haverá campanha de descontos em conjunto no comércio de Porto Alegre, garante o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas local (CDL-POA), Gustavo Schifino. Além de começar mais tarde, a megaliquidação da Capital e Região Metropolitana deverá ser mais rápida, e ao mesmo tempo “mais forte”, promete o dirigente.

Schifino afirma que a sensação de “atraso” no lançamento da campanha (que em 2014 começou em 03 de fevereiro) é proposital. “Esta será a liquidação das liquidações, todo o setor está focado nisso”, diz o empresário. Assim como no ano passado, o evento segue com a estratégia de durar menos tempo que as edições anteriores. Contando com uma adesão de lojistas maior que a última campanha, a megaliquidação de 2015 está sendo preparada para mobilizar o varejo, que precisa limpar rapidamente os estoques para começar a receber as novas coleções de outono e inverno.

Com estoques acima do que se desejava, o setor varejista deve oferecer descontos de produtos que sobraram de um período anterior ao de veraneio: ainda será possível encontrar itens programados para serem vendidos em dezembro. “No último mês do ano passado e no primeiro de 2015, o desempenho não foi bom para o comércio, o que nos pressionou para fazer um Liquida Porto Alegre ainda mais forte.” De acordo com o economista da CDL-POA, Gabriel Torres, a expectativa é os varejistas da Região Metropolitana fecharam dezembro com crescimento real em torno de -1,8 a -1,6%. “Já no Estado, este índice de crescimento deve ter ficado estagnado – passando de -0,9 em novembro para em torno de 0,7% em dezembro.”

Com a campanha na Capital e entorno, a CDL-POA estima que as vendas registrem crescimento de 3,5% real, a exemplo do desempenho do evento no ano passado. “Se for assim, já é um excelente resultado, porque este é um ano mais difícil que 2014”, opina Torres. No restante dos municípios gaúchos, a estratégia do Liquida Tchê, promovido pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), será mudar o perfil da campanha, para dar mais credibilidade às liquidações de verão do comércio de Interior além das grandes redes. “A prática dos gigantes varejistas de realizar torra-torra com até 70% de desconto após o período de Natal acabou desgastando a iniciativa dos demais entre os consumidores”, explica o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch. “Em 2014, sentimos que o Liquida Tchê não funcionou como antes, a campanha deu uma esvaziada”, admite.

Para recuperar a adesão dos lojistas, este ano a federação decidiu flexibilizar as datas, descontos e formatos da campanha. “Cada município irá decidir o seu  plano de marketing, deixamos livre para cada lojista realizar o evento como achar mais conveniente na sua região”, explica Koch. Desta forma, após o Carnaval, a entidade irá distribuir material publicitário aos varejistas que participarem da campanha, com três alternativas de promoção: descontos, prazo e premiação. “Quem decidi o que irá fazer para atrair os consumidores é o lojista”, reforça o dirigente da FCDL-RS. Também o período será relativo em cada cidade. Apenas a data inicial será padronizada. “Vamos testar este formato diferente e em março poderemos mensurar os resultados. Se o modelo vingar, iniciaremos o planejamento da liquidação de inverno.” De acordo com o dirigente, a ideia é que as vendas no comércio estadual cresçam em torno de 2% em fevereiro.

Aumento do fluxo afeta a rotina dos órgãos de defesa dos consumidores

O aumento de fluxo de pessoas em época de liquidações não é comum somente nos ambientes das lojas físicas do comércio, mas também nos setores de atendimento dos órgãos de proteção ao consumidor. Na mesma proporção em que se vende mais, os problemas de relações de consumo aparecem, nem sempre com garantia de razão para o cliente. Segundo o diretor interino do Procon de Porto Alegre, Roberval Ferreira de Barros, as datas com maior demanda de intervenção do órgão são Natal, Dia das Crianças e períodos de liquidações. “Nesta época, é inclusive comum atender os consumidores com os pacotes de compras debaixo do braço”, ilustra.

Acostumado com reclamações que envolvem desde a forma de pagamento até problemas com a venda de produtos não testados ou usados (de mostruário), o diretor do Procon adverte: “É importante pesquisar preços, não comprar por impulso, e fazer uma perícia da mercadoria antes de levá-la para casa. Uma vez alguém compra um objeto quebrado, por exemplo, mas não confere antes na loja, deixa de ter o direito de reclamar ao fornecedor”, ensina.

No entanto, há práticas que podem ser questionadas junto ao órgão de proteção ao consumidor, como o caso de uma porto-alegrense que comprou um telefone celular que havia servido de mostruário, contendo nada menos que 600 fotos em seus arquivos. “Nesse período é comum restarem produtos que muitas vezes têm pequenos defeitos”, lembra a advogada Márcia Beatriz Silva, diretora da MBS Consultoria e Assessoria Jurídica de Santa Cruz do Sul. “Se você quer levar para casa um produto sem qualquer defeito e com o preço muito mais baixo, a primeira dica é verificá-lo e questionar o vendedor se a mercadoria compunha o show room da loja, por exemplo, antes de concluir a compra”, observa Márcia.

A advogada lembra que, normalmente, as varejistas estabelecem restrição para troca de produto em liquidação. “Mas no caso de uma mercadoria apresentar defeito ou vício (caso das peças de mostruário), a troca é obrigatória”, garante. Se o vício é aparente, tais como peças de mostruário ou com pequenas avarias, o defeito deve ser descrito e o consumidor ser informado de forma expressa. Caso o fornecedor tenha tomado tal precaução, se exime de reparar o dano, caso não, tem a obrigação de efetuar a troca do produto. Márcia observa ainda que um problema frequente são os defeitos que não aparecem, como, por exemplo, um computador com placa-mãe queimada. “É importante que o consumidor não tente consertar com terceiros, caso contrário perde a garantia do produto.”

Segundo o diretor do Procon da Capital é “obrigação do consumidor” verificar sempre na loja ou em casa, no caso de entrega via transportadora. No entanto, se o comprador assinar que recebeu o produto em perfeito estado, sairá perdendo em uma eventual reclamação judicial.

“Quando o preço for muito abaixo do mercado, desconfie. Há muitos casos de problemas com equipamentos remanufaturados, vendidos após terem retornado à fábrica para serem consertados”, alerta Barros.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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