Cartões de marca exclusiva são opção para lojista controlar crédito a cliente

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Com os plásticos private label, comerciantes cortam os bancos das intermediações financeiras no varejo e conseguem fugir das taxas cobradas pelas credenciadoras, como Cielo e Rede, nas vendas

 



Os cartões private label, plásticos formatados exclusivamente para determinada loja, são uma opção para pequenos e médios comerciantes que querem administrar seu crédito, sem a intermediação de bancos, e fugir das taxas cobradas pelas credenciadoras. Diferentemente dos cartões tradicionais, em que a análise de crédito é feita pelas instituições financeiras, nos cartões exclusivos é o próprio lojista quem decide sobre a liberação do financiamento ao cliente.

"O cartão serve para ajudar o pequeno e médio comerciante a organizar a gestão de crédito", analisou Enio Cursino, diretor do Grupo Connect que emite e processa cartões private label. Com funcionamento semelhante ao dos crediários, os plásticos exclusivos permitem aos lojistas definir o número de parcelas das vendas a prazo e os juros.

"Os cartões próprios da loja foi a atividade que salvou os resultados da Pernambucanas no ano passado", afirmou Fabricio Winter, consultor da Boanerges & Cia. "Com a parte de varejo dando prejuízo, foram os serviços financeiros [juros e tarifas de cartões, seguros e empréstimos pessoais] que garantiram o resultado positivo do grupo", completou.

Usando os plásticos exclusivos, os pequenos e médios empresários também conseguem contornar as taxas de desconto cobradas pelas credenciadoras (como Cielo e Rede) nas vendas com cartões, que "comem" parte da receita - dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) apontam que a taxa média era de 2,72% por transação, em 2014.

Em vez de cobrarem uma taxa de desconto em cada operação feita com cartão, as emissoras e processadoras dos plásticos private cobram um valor mensal pelo pacote de serviços oferecidos.

De acordo com Cursino, a Carto - braço do Grupo Connect que cuida da parte de cartões - cobra uma valor mensal médio de R$ 300 para uma volume de 250 cartões. "Se o comerciante tiver uma movimentação de 125 cartões com tíquete médio de R$ 300, ele vai faturar R$ 37,5 mil no mês. Então, o valor cobrado não vai dar nem 1% da receita", avaliou Cursino.

Bancos e bancarização

Segundo Winter, com a melhora das condições de emprego e renda da população, em 2007 e 2008 houve uma explosão de parcerias entre bancos e redes varejistas para a emissão e processamento de cartões de marca própria.

A ideia das instituições financeiras, de acordo com ele, era chegar aos consumidores não bancarizados e gerar receita com vendas em escala - o que também era positivo para os verejistas.

"Houve uma enxurrada desses cartões no mercado, na época. A perspectiva dos bancos era começar a ter retorno dentro de dois a três anos, o que não aconteceu", analisou.

Winter disse que, com a crise de 2008 e os resultados aquém do esperado, as parcerias começaram a ser desfeitas e os bancos encontraram outros meios de atingir as famílias sem contas correntes. O principal motivo para a ruptura dos acordos, entretanto, foi a diferença dos modelos de gestão entre o sistema financeiro e o comércio.

"Os bancos tem um modelo de gestão mais austero, enquanto o varejista é mais ou menos sensível a concessão de crédito dependendo da necessidade que ele tem de alavancar as vendas", explicou.

É nesse vácuo deixado pelas instituições financeiras que empresas independentes, como Sorocred e o Grupo Connect, encontraram espaço para crescer dentro do mercado.

Cursino disse que a Carto, cujo foco são as pequenas e médias empresas (com faturamento médio de R$ 1 milhão por ano), vê muito espaço para crescer dentro desse nicho - a projeção do Grupo Connect é de crescimento de 22% no volume de negócios em 2015.

Para o crescimento, o grupo aposta na busca dos pequenos por maior independência na gestão do crédito, nos sistemas de benefícios oferecidos pelos private label e na oferta de serviço de consulta de dados - além da Carto, o grupo também é opera a marca Check Check, que possui 350 milhões de registros próprios e distribui o acesso à base de dados da Serasa Experian.



Veículo: DCI


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