Clubes de compras começam a se fixar em nichos para crescer

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Inovação. Empresas que atuam com vendas por assinatura apostam em segmentação para não perder espaço no varejo eletrônico e, assim, conseguir conquistar o consumidor brasileiro

 

 



Assim como o segmento de compras coletivas, os clubes de compras on-line, ou por assinatura, também passam por um momento de mudança, redefinindo sua forma de atuar.

Alguns players migraram para a venda virtual convencional, outros, decidiram que era a hora de encerrar as atividades como aconteceu com o Shoes4You, que hoje atua como shopping virtual ou marketplace. Mesmo com os altos e baixos, quem atua neste nicho é responsável por 3% do faturamento total do varejo on-line e, segundo especialistas no setor, tem muita chance de crescimento.

"No País tivemos alguns segmentos que não vingaram, como os clubes de compras que vendem moda e acessórios, por exemplo. Os que partiram para a segmentação com os de cervejas e vinhos, entre outros, tem dado certo", disse o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCom), Maurício Salvador.

Segundo o especialista, hoje eles representam 3% do faturamento total do e-commerce brasileiro que este ano deve movimentar R$ 39,5 bilhões. "Só esse nicho de mercado deve movimentar R$ 1 bilhão no fechamento do ano", diz.

Ele segue em expansão, assim como as vendas do comércio eletrônico no País. Dados do relatório Webshoppers, divulgado pela E-bit, apontou que no primeiro semestre do ano este nicho de mercado teve incremento de 36% do volume de vendas e de 26% no faturamento. No período, as lojas virtuais apresentaram faturamento de R$ 16,06 bilhões, superando o montante arrecadado em 2013, que foi de R$ 12,74 bilhões.

Salvador, explicou que, assim como o segmento de compras coletivas - que de dois anos para cá teve de se reinventar - agora é a vez dos clubes de compras passarem por esse processo. "A mudança das compras coletivas tem acontecido há dois anos, mesmo período que os clubes de compras têm se reinventado", disse Salvador ao que completou. "Nesse modelo de negócio, em que um valor mensal é pago, o consumidor passou a não ver vantagem. Por vezes, o consumidor encontrava o produto em outro ambiente on-line mais barato do que no clube que participava. Isso o faz desistir de participar dessa modalidade".

Diversificação


Do ano passado para cá, além do Shoes4You, quem decidiu migrar sua operação virtual foi o Brandsclub. Em fevereiro desse ano a empresa informou aos seus clientes a descontinuação das atividades. "Brandsclub informa que passa a trazer aos seus usuários as melhores ofertas de moda, decoração e lifestyle, selecionadas especialmente pelos mais renomados fornecedores e irá descontinuar sua operação de comércio eletrônico, deixando de receber encomendas. "Em resumo, a empresa passou a atuar como marketplace".

Na opinião do CEO da Braspag e conselheiro da camara-e.net, Gastão Matos, a saída do Brandsclub do mercado foi um marco ao mesmo. "Essa mudança na forma de crescer e expandir a operação foi um marco importante", disse ele. Hoje, nomes como Privalia, Glambox, Like Dogs entre outros, se destacam e mostram que é um modelo rentável ao apostarem na segmentação das suas operações. "Nos Estados Unidos tem uma empresa chamada Birhoo, que tem sido um exemplo de modelo de negócio rentável. "Eles mandam mensalmente uma caixa personalizada com produtos de beleza que são enviados baseados em interesses específicos pelo consumidor. Tem feito muito sucesso lá fora", explicou Matos.

O especialista no mercado on-line argumentou que o consumidor fica tão engajado com a empresa ao receber produtos que atendam às suas expectativas que, muitos, viram "embaixadores" da marca. "Eles fazem resenhas, opinam sobre os produtos. Isso é um viral interessante de marketing", disse.

Ainda segundo a experiência de Matos, os produtos de uso contínuo do consumidor, são as categorias que têm mais chances de prosperarem no setor. "Perfumes, cosméticos, remédios, produtos atrelados ao segmento pet, ou itens de busca recorrentes atraem mais o interesse do consumidor".

Sem crueldade


Ao apostar na segmentação e em produtos cosméticos (a segunda categoria mais vendida no e-commerce brasileiro) que a VeggieBox tem feito sucesso entre o público feminino.

A grande sacada da marca foi aderir a bandeira muito em voga no País, a proteção de animais e apostar na venda de cosméticos cruelty free. "Durante as pesquisas comecei a entender sobre a origem dos produtos convencionais que eu utilizava e sinceramente aquilo não me agradava. Fiquei muito decepcionada. Como pode a beleza da mulher depender da vida de outro seres vivos com tantos avanços na área da tecnologia?", disse ao DCI uma das fundadores da marca, Samyra Cunha.

Segundo a executiva, ao se conscientizar sobre o assunto, criar a marca foi simples. "Resolvi unir minha paixão pela beleza a algo que busco seguir na minha vida, a não crueldade com qualquer tipo de animal e foi a partir desse momento que conheci os produtos de beleza cruelty free e veganos; assim nasceu a ideia da Veggiebox."

Para viabilizar o projeto, os fundadores optaram pelo financiamento coletivo (crowdfunding), como caminho para levantar os recursos necessários para tirar a ideia do papel. "Nosso modelo de negócio se baseia na recorrência. Acreditamos em oferecer algo único todos os meses para as pessoas. Os produtos serão os mais variados, cremes, sabonetes vegetais, óleos essenciais e vegetais, loções, perfumes, maquiagens, esmaltes, xampus, acessórios diversos, sempre entre quatro e sete produtos por mês."

A empresária não quis informar o quanto a empresa pode vir a ser rentável, disse apenas que quer, primeiro, a consolidação no mercado. "Preferimos não falar em faturamento, nosso objetivo agora e bater a meta da campanha e entregar uma experiência única para as assinantes e pessoas que optaram pelas recompensas que já garante o primeiro box", concluiu.

Fusões e aquisições

"Hoje o maior player em operação no segmento de clube de compras é o Privalia, que pode ser considerado um outlet virtual. Isso significa que o mercado brasileiro de clube de assinatura é promissor e pode, futuramente, receber investimento estrangeiro", afirmou o presidente da ABCom, Maurício Salvador.

Para o especialista, o que falta no segmento é um maior entendimento por parte do empresário. "No ponto de vista do negócio, ter um clube fechado limitando o acesso de consumidores, faz com que a operação torne-se limitada", disse. Ainda segundo Salvador, a principal barreira para o investimento externo está na falta de concentração do segmento de clube de compras. "Hoje, no Brasil, esse nicho é muito pulverizado e isso afugenta os investidores estrangeiros. Eles preferem um mercado mais consolidado antes de fazer fusões ou aquisições".



Veículo: DCI


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