Definir metas (trimestrais, semestrais, anuais) mais cedo este ano pode ser a saída para manter os negócios em linha, mesmo diante de uma preocupação que diz respeito tanto ao período da Copa do Mundo, entre junho e julho, quanto aos meses seguintes à realização do Mundial. Como o ano é de altos e baixos no calendário, também com eleições no segundo semestre, especialistas na área de prestação de serviços analisam que programar de maneira estratégica questões que envolvem a gestão das empresas pode ajudar o desempenho dos negócios, principalmente no período pós-Copa.

"E, se necessário, eu acho que vale analisar o resultado dessas medidas mais vezes (mensalmente, trimestralmente). Na área de call center, por exemplo, a previsão é que durante jogos do Brasil a demanda por ligações tenha picos de uso, em especial onde for feriado. Nos estádios, a tendência é de envio de fotos e filmes por celular", estima o professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Arthur Barrionuevo.

Com relação às operadoras de celular, o acadêmico acredita que a época dos jogos pode ser um momento interessante para as vendas de planos 3G e 4G. Mas no caso de serviços diretos aos turistas estrangeiros, será preciso evitar que estes fiquem frustrados ao se comunicarem com os prestadores de serviços, "pois a grande maioria da população brasileira e assalariados fala apenas português. Então, investir em treinamentos em inglês será determinante". Ainda com relação direta aos viajantes estrangeiros, a perspectiva é de que nos hotéis seja interessante ter uma "reserva humana técnica": "teremos falta de funcionários, que provavelmente vão preferir ver os jogos em casa".

Ainda sobre a questão de atingir metas e buscar mais serviços de qualidade, Marcos Sousa, diretor da Superação Treinamentos e Consultoria ressalta que em suas palestras e conferências costuma discutir o fato de que o Brasil receberá uma quantidade considerável de estrangeiros que virão não só conferir os jogos da Copa, como também visitar o País, além de realizar compras, fazer passeios e trazer divisas. "A empresa que se antecipou e promoveu cursos de vendas, atendimento ao cliente e, principalmente, línguas estrangeiras já saiu na frente. Mas aquelas que ainda não promoveram ou capacitaram nenhum curso, ainda têm tempo de fazer algo para alavancar as vendas e aproveitar essa onda de turistas e consumo", acredita ele.

Sousa aponta que contratar imigrantes ou filhos de imigrantes seria outra opção interessante, diante do pouco tempo para a capacitação nesse sentido, já que dominam a língua estrangeira. "Ou seja, se em sua cidade tiver jogos da França ou Espanha, contrate descendentes de francês ou espanhóis". Outra ideia curiosa envolve escolas de idiomas, cheias de professores de línguas estrangeiras. "Que tal contratá-los como tradutor para os dias de maior fluxo no seu hotel, restaurante ou loja (dias de jogos da seleção estrangeira). Por falar em tradução, traduza todo seu material informativo, e no caso de restaurantes, menus e cardápios", indicou ele.

Vestir a camisa

Uma das empresas que participará da feira "Serigrafia SIGN FutureTextil 2014", que será realizada em maio, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista, a VP Arte e Comércio, localizada a poucos quilômetros do estádio Itaquerão, no bairro paulistano da Penha, traçou uma estratégia de conscientização interna em busca de melhores resultados. De acordo com Ana Paula Paschoalino, diretora comercial da empresa, os colaboradores e a diretoria assistirão juntos aos jogos do Brasil. Na semana seguinte haverá um bate-papo com análise de todos sobre os erros e acertos da partida. Trata-se de uma reflexão visando trazer para a vida da companhia as discussões e conclusões sobre o que aconteceu nos gramados.

"É importante o bom relacionamento, o trabalho em equipe e o total entrosamento para que o time atinja o objetivo de marcar o gol e vencer a partida", exemplificou Ana Paula. "Por outro lado, da mesma forma que uma seleção requer um bom técnico para traçar estratégias e fornecer orientações claras e objetivas, o empreendedor tem papel importantíssimo para estabelecer e explicar as metas aos seus funcionários, além de fornecer feedback".

Sobre o desempenho dos negócios, a previsão é ter um ano aquecido. "Esperamos aumentar em 30% as vendas de máquina dobradeiras, principalmente durante abril e maio, quando ocorrerão as feiras Minas Print Têxtil e Serigrafia SIGN FutureTextil. Os visitantes de ambos os eventos, principalmente de nosso estande, são fabricantes de brindes e displays, inclusive com alusão à Copa", explicou a diretora.

Já para o empresário Ninno Moura, que atua na realização de shows e eventos, a alternativa foi adotar um revezamento diferente. Por contar com uma equipe de aproximadamente 30 funcionários diretos, sendo boa parte de origem europeia, ele resolveu liberá-los para trabalharem com plantão de atendimento, em que o funcionário pode, de casa, atender ao telefone e responder via web. "Nos jogos das outras seleções será facultativo ao funcionário vir ou não [ao trabalho], mas será descontado do banco de horas", ressaltou. Moura acredita que a emoção de ver a Copa do Mundo tem de ser compartilhada com amigos e familiares, e que "funcionário feliz produz melhor, logo não vejo razão de podar esta oportunidade única".

O senso comum dos entrevistados indica que é preciso encontrar maneiras de aproveitar a competição de futebol, pois estima-se acréscimo de 600 mil turistas nos meses de junho e julho.



Veículo: DCI