Distribuidores fecham parceria para diminuir custos logísticos

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NOVA ESTRATÉGIA. Similar ao modelo praticado no varejo de construção, atacadistas do ramo alimentar chegam a economizar até 30% com plano de abastecimento para pequenos varejistas

Com distribuição conjunta, atacadistas conseguem controlar melhor os estoques e elevar capital de giro




Com a crise econômica no encalço das empresas brasileiras, distribuidoras e atacadistas do varejo alimentar estão buscando em parcerias logísticas uma redução de custos com a entrega de mercadorias que pode chegar a até 30%.

Nos moldes do que já é realizado por algumas companhias do varejo de construção, as distribuidoras cearenses Jotujé, JA Comercial, RB Distribuidora, Pardal, Roma e D'Origem Distribuidora de Bebidas decidiram formar uma aliança para compartilhar cargas destinadas aos seus clientes varejistas.

Desde março, as atacadistas realizam suas entregas por meio da Addliner, que ajudou as distribuidoras a desenvolver a parceria e o método logístico que, de acordo com a empresa, pode gerar uma economia de 20% a 30% nos custos com abastecimento dos pontos de venda.

"Eu luto por isso há muito tempo. Finalmente conseguimos implantar o modelo com a parceria de outras distribuidoras no Estado do Ceará. Nossa intenção agora é dissolver essa ideia para o restante do País, pois torna o abastecimento mais prático e menos custoso do ponto de vista econômico", conta o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) e da Jotujé Distribuidora, José do Egito.

Segundo o empresário, a parceria para o compartilhamento de cargas não é uma ideia nova, mas que só começa a tomar forma agora por conta da crise econômica e pelo fato do empresariado do setor estar, neste momento, mais aberto a novas ideias de modelos logísticos.

"A gente enfrentava a resistência das distribuidoras, que preferiam realizar as próprias entregas ou ter uma parceria própria para abastecer os varejistas. Mas parece que agora estão mais dispostos a conhecer as vantagens e experimentar a solução", afirma Egito.

Atualmente, sete empresas participam do compartilhamento de cargas proposto pela Addliner. A intenção, de acordo com representantes da companhia logística, é em breve levar o modelo para outros estados.

"Já recebemos propostas de distribuidores de outros estados solicitando o serviço de compartilhamento, mas neste momento estamos focados na padronização do nosso serviço no Ceará", diz o diretor-presidente da Addliner, Paulo Silas.

As vantagens, conta, vão além das distribuidoras e alcançam também os pequenos comércios. "Com o caminhão compartilhado, o fluxo de visitas ao ponto de venda aumenta, o que gera uma economia com estoques da loja. Além disso, a taxa de ocupação dos veículos fica maior e torna a operação mais rentável e eficiente", aponta.

A única dificuldade por enquanto está na parte de padronização de todo o roteiro operacional. De acordo com Silas, como cada distribuidora trabalha de uma forma, é necessário implementar os processos seguindo a estratégia de cada um. No entanto, ele acredita que em pouco tempo o problema será sanado.

"Na feira Enacap desse ano vamos lançar uma nova divisão da nossa empresa que vai atender apenas o atacadista e distribuidor. Isso deve ajudar a solucionar alguns entraves", prevê.

Apesar de um 2015 bastante difícil, a Addliner estima que o novo modelo logístico, com a ajuda da retomada da confiança na economia, podem fazer a diferença por resultados melhores em 2016. "No ano passado, tivemos um empate. Nos nossos segmentos relacionados à indústria a queda chegou a 30%. Mesmo assim, começamos a perceber uma mudança e estamos retomando as boas expectativas."

Movimento


No ano passado, o faturamento do setor atacadista distribuidor caiu 6,8% frente a 2014. Ao todo, foram movimentados mais de R$ 218,4 bilhões.

Para este ano, o presidente da Abad, José do Egito, espera ao menos reverter essa queda com um crescimento em paralelo à inflação oficial (IPCA).

"Avanço mesmo só deve acontecer a partir do segundo semestre do ano que vem. Tudo vai depender também do andamento do cenário político-econômico", comenta.

Mesmo com o mau resultado atingido no ano passado, representantes da cadeia de distribuição estão confiantes na realização da 36º edição do Encontro Nacional da Cadeia do Abastecimento (Enacab), previsto para acontecer entre os dias 8 e 10 de agosto, no São Paulo Expo, em São Paulo (SP).

Segundo os organizadores, a previsão é de que a feira movimente R$ 20 bilhões em negócios, cifra que fica em linha com o verificado ano passado.

"Será um evento muito importante para atendermos os pequenos varejistas, que são aqueles que lidam com a maior parcela da população brasileira. Vamos buscar capacitá-los e oferecer palestras e materiais para que eles possam conhecer como funciona uma 'loja modelo'", afirma o superintendente da Abad, Oscar Attisano.

Durante a feira, será montado um minissupermercado com as estratégias que o setor entende como mais eficiente no momento. Um centro de distribuição inteligente também será apresentado para os mais de 30 mil visitantes esperados.

Questionado sobre algumas das atuais tendências que devem ser mostradas no "supermercado modelo", Attisano citou a escolha do mix de produtos como uma das principais estratégias para montagem correta do espaço varejista.

Promoções e tecnologia


Outro fator importante, diz Attisano, é que os comerciantes invistam em tecnologia no ponto de venda, além de estimular os consumidores com promoções. "A indústria já percebeu que precisa trabalhar unida com o varejo. As ofertas e promoções estão sendo cada vez mais negociadas de lado a lado. É importante que se trabalhe junto para que ninguém fique para trás", ressalta o executivo.

De acordo com dados da associação, 81% dos frequentadores da Enacab 2015 afirmaram ter encontrado novidades e lançamentos nos corredores da feira. O estudo mostrou também que 73% dos visitantes realizaram algum tipo de negócio durante ou após a Enacab. A estimativa é pela presença de mais de 150 expositores no local.




Veículo: DCI


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