Reduzir custos com protótipos é a maior vantagem da impressão 3D

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São Paulo - Utilizar impressoras e softwares 3D para produzir em escala industrial ainda não é algo viável, já que equipamentos e matérias-primas ainda não se tornaram tão acessíveis. Contudo, o impacto da novidade na manufatura - sobretudo no que tange protótipos - já é realidade que reduz custos e tempo de processos em vários segmentos.

A tecnologia, conhecida como "manufatura aditiva", já existia desde o começo da década passada, mas recebeu um grande impulso graças à atualização tecnológica. "As impressoras 3D abriram um novo mundo para ser explorado", afirmou o especialista técnico sênior da Autodesk, especializada em softwares de design, Raul Arozi.

"Com elas, é possível fabricar produtos e geometrias que os métodos tradicionais não permitiam. O 3D vai liderar uma onda de inovação muito grande", completou Arozi. De acordo com o especialista, impressoras capazes de imprimir objetos em metal são uma das principais novidades que chamam a atenção das empresas.

O processo de prototipagem tradicional é considerado complicado, uma vez que deve aliar esforços de áreas distintas - como design e engenharia de produção -, à uma modelagem realizada de forma manual, em muitos casos. "Encurtamos o tempo de prototipagem, que antes podia durar meses, para dias", explica o sócio do laboratório de fabricação digital Garagem Fab Lab, Eduardo Lopes.

Na empresa Voko, que fabrica móveis para ambientes corporativos, a adoção de soluções 3D foi responsável por uma redução da ordem de 15% no preço de produção dos protótipos.

A presidente da empresa, Cristina Fascina espera que, no longo prazo, a redução de custos impacte de forma significativa os ganhos da companhia "A intenção é que esse número atinja os resultados da empresa", afirmou Silvia, relatando uma expectativa de aumento de 30% no faturamento.

No caso da Digitis Brasil, a utilização do 123Catch - software gratuito desenvolvido pela Autodesk - permitiu maior assertividade na fabricação de encostos personalizados para cadeiras de rodas. Antes, o processo envolvia confecção manual e esforços combinados de técnicos ortopédicos e fisioterapeutas.

Tendências

Diversas novidades em soluções 3D serão apresentadas hoje em São Paulo, durante o Autodesk University 2015. Promovido pela empresa norte-americana de softwares, o evento chega à quinta edição no Brasil - edições similares também ocorreram em países como Estados Unidos e Índia.

Na programação estão programadas as apresentações de cases sucesso desenvolvidas com auxílio da tecnologia BIM (Building Information Model, ou modelagem de informação da construção). Uma delas é o projeto da estação de Metro Ponte Grande, em Guarulhos. Foi a primeira vez que um edital do gênero exigiu a utilização deste tipo de ferramenta.

A onda da Internet of Things (IoT), ou internet das coisas também está entre os assuntos em discussão. "Estamos percebendo uma demanda cada vez maior por produtos inteligentes, com sensores que coletem e retransmitam dados", relatou Raul Azori. Recentemente, a Autodesk concluiu a aquisição da SeeControl, especializada no controle remoto de dispositivos a partir da tecnologia IoT.

As empresas que constroem as impressoras 3D também marcaram presença. Como dito pelo DCI em maio, o custo dos aparelhos está caindo a ponto de permitir o acesso à empresas de menor porte. Impressoras 3D que custam em torno de R$ 6 mil já estão no mercado. Mas para Eduardo Lopes, do Garagem Fab Lab, a facilidade ainda não significa o começo de um período de produção individual massiva.

"Estamos passando do paradigma da fabricação em série para a customização em série", citou o arquiteto. Outra tendência destacada por Lopes é a integração dos softwares CAD (de engenharia auxiliada, como o AutoCAD, da Autodesk) e CAM (para a fabricação propriamente dita) em uma só ferramenta. "Corta os custos de aquisição, de tempo e de troca de informações", afirma o sócio da Garagem Fab Lab.

Educação

Existem mais de 500 laboratórios Fab Lab espalhados pelo mundo. No Brasil, eles já são 14, como a Garagem FabLab e o Fab Lab SP, considerado como o primeiro do gênero no País, que funciona na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

O modelo dos Fab Labs nasceu na conceituada Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Os espaços podem operar de forma independente ou sob o chapéu de um órgão governamental ou de uma instituição de ensino. Eles disponibilizam o acesso a equipamentos 3D - como impressoras, scanners e cortadoras a laser - para profissionais da área e também para o público.

"Faz parte da carta de princípios que os laboratórios fiquem abertos ao público pelo menos uma parte do tempo", explica Lopes. A expectativa é que o modelo difunda a capacidade de operação dos equipamentos entre profissionais.

Em fevereiro, a Prefeitura de São Paulo anunciou a construção de doze Fab Labs espalhados pela cidade. De acordo com a assessoria de Secretaria de Serviços da capital paulista, os primeiros laboratórios serão inaugurados ainda neste ano.



Veículo: Jornal DCI


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