Biometria facial, atendente virtual, robôs e integração entre os ambientes on-line e físico devem ser levados a sério pelos empresários do comércio, neste momento de crise econômica no País
Empresários que atuam no segmento varejista devem ficar atentos ao uso de tecnologias interativas nos pontos de venda. O fator será determinante na hora de impulsionar o processo de compra, além de fazer com que o consumidor torne-se fiel à marca.
Ações como estas podem ajudar os varejistas a minimizarem os efeitos negativos do arrefecimento da economia. Afinal, estimativa de analistas da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que a elasticidade da renda do brasileiro diminuirá de 5% a 6% este ano. "O consumidor não procura por pontos de venda, e sim por marcas. Desta forma, o empresário deve fazer com que ela seja acessível ao seu público", afirmou a pesquisadora da FGV e CIO da Vip-Systems Informática, Regiane Relva Romano.
Para a especialista, a expressão do momento é convergência digital. Com ela, será possível armazenar um número maior de informações sobre o consumidor e conseguir engajá-lo com estratégias customizadas. "Com o uso de uma câmera [iBeacon] será possível identificar características do consumidor quando ele entra em uma loja ou vai olhar a vitrine. O equipamento liga um aplicativo ou ferramenta que será capaz de enviar uma mensagem ao celular do cliente analisado, enquanto ele estiver no local", explicou.
A biometria facial seria então a ferramenta eficaz e barata de ser implementada nas lojas. "Ela custa US$ 50. Com a tecnologia, você consegue verificar quanto tempo o consumidor passa olhando para um determinado produto e imediatamente manda um alerta promocional para ele", ressaltou a empresária.
Regiane mencionou também o uso de inteligência artificial de robôs como ferramentas para o varejo. "Os robôs são capazes de identificar sentimentos e atender o consumidor baseado no que ele sente. É uma loucura, mas achei extremamente interessante os robôs", disse. Manequins interativos, que se movem, também estão entre as tecnologias acessíveis atualmente no País.
Mobile
O uso de aplicativos, ainda tímido no País, aos poucos começa a se desenvolver. A ferramenta criada pela CRMall e já utilizada em cinco shopping centers brasileiros no período do Natal do ano passado comprova o quanto a iniciativa gera repercussão no consumidor. "Até as pessoas mais resistentes usaram o aplicativo para cadastrar os cupons de compra e participar da campanha promocional dos empreendimentos", afirmou ao DCI o fundador da CRMall, Antonio Carlos Braga Junior.
O executivo explicou que a solução serviu ainda de engajamento, já que reduziu a fila de espera para a troca do cupom em 75%. "Muitas pessoas desistiam de participar por conta das filas imensas. Mesmo com a dificuldade para manusear o tablet [por não estar familiarizado com a tecnologia], a redução no tempo da fila foi enorme", disse Junior. Além disso, o envio de notas fiscais para as campanhas subiu mais de 40% em comparação ao Natal de 2013.
On-line e off-line
A integração entre os canais de venda continua em alta e quem não estiver atento perderá venda. "A C&A, que acabou de montar a sua loja virtual no Brasil, aderiu a interação entre os canais. O consumidor que comprar no site pode trocar o produtos nas lojas da rede", apontou o especialista em varejo na FGV, Maurício Morgado.
Para ele, a convergência de canais é tão importante quanto a utilização das tecnologias de ponta. "Gravem bem esta palavra: Bopis. Vamos ouvir falar muito nela", disse.
O termo refere-se ao sistema de compra on-line, mas em que os artigos são retirados em uma espécie de cofre localizado dentro das lojas, nos corredores de shoppings e até nas ruas. "São armários, alguns refrigerados, que permitem armazenar produtos e serem retirados pelo consumidor mediante o uso de senha".
Nos Estados Unidos, a Whole Foods Market, rede supermercadista de renome, já utiliza o sistema, que lá é chamado de locker, ou armário.
Caminho sem volta
A tecnologia estará tão presente no dia a dia da população, a ponto de até os alimentos serem oferecidos por meio de impressoras 3D. "Eu comi um bolo 3D e estou aqui, viva para contar", brincou Regiane, ao falar do quanto a tecnologia trará avanços até para o varejo.
A especialista afirmou que o uso de ferramentas como atendente e espelho virtual; autoatendimento no caixa (self check-out); quiosques eletrônicos e outras ferramentas de análise e gestão no ponto de venda físico e virtual serão um caminho sem volta. "Temos só de saber até que ponto podemos ir e ser capazes de não invadir a privacidade do consumidor", disse ela. E completou: "A tecnologia deve ser usada na seguinte ordem: informação transformada em conhecimento, que leva a ter sabedoria na tomada de decisão."
Especialistas dizem que marcas como o Walmart, Ralph Lauren, H&M e Macy's são algumas das marcas que já utilizam soluções inovadoras.
Veículo: DCI