Cadeia fornecedora adere a iniciativas sustentáveis

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Indo além da economia de água e luz, redes supermercadistas de peso como o Walmart e o Grupo Pão de Açúcar (GPA), entre outras bandeiras, têm incentivado os fornecedores a se tornarem sustentáveis. Juntas, as duas pontas tentam tornar o consumo equilibrado.

A intenção das empresas que atuam no varejo alimentar é tornar o consumo sustentável de ponta a ponta. Para isso, eles auxiliam os principais fornecedores a: reduzirem o consumo de água e luz na linha de produção; reduzirem as embalagens plásticas; buscar a erradicação do trabalho escravo; investir na criação de técnicas produtivas que preservem a natureza e utilizem até 100% da qualidade dos mesmos, entre tantas outras medidas.

Na opinião do presidente do conselho de estudos ambientais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), José Goldemberg, para as grandes multinacionais e até para os players brasileiros, ser sustentável é sinônimo de ganhos econômicos. "As empresas que têm capital aberto em Nova York, por exemplo, aumentam os ganhos ao divulgar relatórios positivos neste sentido", explicou o especialista, ao DCI.

Para Goldemberg, com isso a afetividade dos projetos não gera dúvida. "As empresas precisam de dados precisos e acredito na eficiência de todas as medias empregadas na cadeia de fornecedores", disse.

Outro ponto destacado pelo especialista em sustentabilidade da entidade do comércio foi a precisão do projeto, para fazer com que ele seja 100% sustentável. "Podemos usar como iniciativa de sucesso a estratégia da Tetra Pak. Ela parou de usar garrafas de vidro e passou a utilizar papelão, diminuindo a agressão ao meio ambiente. Mas se eles tivessem se esquecido do alumínio [usado como tampa nas embalagens], eles não seriam efetivamente sustentáveis", argumentou.

Pacto sustentável

"Há cinco anos firmamos o Pacto pela Sustentabilidade e discutimos junto aos nossos fornecedores [em um primeiro momento foram 160], o que poderíamos fazer pelo meio ambiente. Hoje, os resultados surpreenderam", disse a gerente de sustentabilidade do Walmart, Tatiana Trevisan.

Em cinco anos, a bandeira supermercadista passou a vender detergentes da marca Procter & Gamble (P&G) de uso residencial e comercial sem fosfato, agente responsável pela poluição da água e afins. "Conseguimos que 100% dos nossos fornecedores abolissem o uso do fosfato na composição do detergente. A nossa meta era 70%, cinco anos atrás", disse ela.

Outro ponto destacado por Tatiana foi a solicitação junto à indústria de produtos de limpeza de mudanças, com a criação de categorias de itens concentrados. "20% dos produtos que temos nas gôndolas são quatro vezes mais concentrado. Ou seja, exige-se quantidade menor de produto toda vez que o consumidor o utiliza em sua casa", explicou ela.

A categoria de marcas próprias teve atenção especial. Um dos exemplos citados pela executiva do Walmart durante a divulgação dos resultados do Pacto da Sustentabilidade foi a da Naurale. A fornecedora de cereais conclui 100% as medidas socioambientais proposta pela rede supermercadista.

A marca inseriu a tecnologia de plantio direto na atuação de todos os seus fornecedores de aveia; passou a reutilizar os resíduos da casca de aveia; passou a utilizar energia renovável em todo o processo produtivo e a reduzir em 10% o consumo de papel-cartão, certificado pela Forestry Stewardship Council (FSC), ou Conselho de Manejo Florestal.

Produtos orgânicos


Conforme dados apurados com a Federação Internacional de Agricultura Orgânica (Ifoam), o faturamento deste segmento foi de US$ 64 milhões no ano passado, crescimento de 8% globalmente.

No período, foram contabilizados 69 milhões de hectares de terras com agricultura orgânica certificada em todo o mundo. "Nos últimos cinco anos aumentamos a participação dos orgânicos na rede. De cerca de 63% categorias vendidas ofertamos ao menos um produto orgânico. Com isso, aumentamos a escala no setor de hortifrúti, muito importante nas vendas", explicou a executiva Tatiana Trevisan.

Logística reversa


Mesmo com a Lei de Resíduos Sólidos prestes a entrar em vigor, as empresas ainda não aderiram ao sistema de logística reversa. "As empresas, por vezes, acham o processo trabalhoso", explicou o especialista em sustentabilidade da FecomercioSP, José Goldemberg.

Para ele serão necessários mais um dois anos para que os setores entrem em acordo. "Os acordos patronais têm dados certo, mas o governo abre consulta pública e isso dificulta todo o processo", concluiu.

No Grupo Pão de Açúcar, as iniciativas na questão da logística reversa já surtem efeitos. Em 2010, a rede implantou o projeto "Descarte Correto de Medicamentos". Em 2013, a rede deu fim correto a 26 toneladas de medicamentos. As pilhas também ganharam destaque no período: a rede retirou da natureza 27 toneladas.




Veículo: DCI


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