Uma economia de energia que poderia abastecer toda a demanda residencial do Estado de Pernambuco por um ano inteiro. Cerca de R$ 630 milhões injetados diretamente no País. Esses são alguns dos benefícios da reciclagem de latas de alumínio no Brasil em 2012, de acordo com os últimos dados divulgados pelo setor. No ano passado, a indústria nacional produziu 272,8 mil toneladas do produto, dos quais 97,9% foram reciclados.
"O maior valor agregado da reciclagem fica nas mãos dos catadores", assegura o coordenador da comissão de reciclagem da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Carlos Roberto Morais. A entidade realiza a compilação dos dados juntamente com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas).
De acordo com o diretor executivo da Abralatas, Renault de Freitas Castro, esta indústria se modernizou muito ao longo das décadas no País e, hoje, é 51% mais eficiente que na década de 1970. "À época, produzíamos 49 latas com um quilo de alumínio. Atualmente, esse índice subiu para 74 unidades. À medida que a produtividade aumenta, a indústria se beneficia em todos os âmbitos", explica o executivo.
E alta da produtividade vem ao encontro do aumento da demanda por latas de alumínio para bebidas, no País. O consumo per capita saltou de 51,5 unidades por habitante, em 2003, para 103 latas em 2012. Mas essa relação pode crescer ainda mais. "Em comparação a países como EUA e Inglaterra, notamos que o Brasil possui potencial para elevar o consumo", ressalta Castro. Em 2012, o País consumiu 7,8% mais latas de alumínio que no ano anterior.
Ao mesmo tempo, a coleta destas embalagens cresceu 7,4% em 2012. O coordenador da Abal explica que a ligeira redução de 0,4% do índice de reciclagem na passagem de 2011 para 2012 pode ser explicada pela velocidade que a cadeia se movimenta.
"É bem provável que essa diferença seja a sucata que ainda vai chegar à indústria", diz. Os executivos das entidades afirmam ainda que a função do catador deu um salto nos últimos anos. Atualmente, o comércio, escolas, prédios comerciais, entre outros, já se organizam para coletar as latas de alumínio e contribuem muito para o alto índice de reciclabilidade do produto.
Segundo a Abal, a economia de energia elétrica com a reciclagem de latas de alumínio é medida pela comparação com o processo de transformação do alumínio primário. Em 2012, a cadeia nacional economizou o equivalente a 4 mil gigawatt-hora (GWh) com a reciclagem de latinhas. O montante é equivalente à capacidade de produção da usina Três Irmãos (SP). "Em um País onde vivemos à beira de um apagão, qualquer economia de energia é bem-vinda", destaca Castro.
Demanda futura
O diretor da Abralatas explica que a participação da lata de alumínio no segmento de refrigerantes ainda é muito baixa no Brasil, cerca de 7,4%, enquanto em cervejas este índice sobe para 39,7%.
"Estamos trabalhando para ampliar a penetração da lata de alumínio no mercado de refrigerantes, que ainda é dominado pelo PET", diz Castro. O executivo diz que o perfil do consumidor brasileiro é predominantemente voltado para produtos familiares (como garrafas de plástico) e que por isso as latinhas têm menor demanda. Ainda segundo o executivo, eventos como Copa do Mundo e Olimpíada devem contribuir para a demanda doméstica. "O consumo de trânsito, em que as pessoas adquirem produtos quando estão se deslocando, é característico desses jogos e deve impactar o consumo", diz Castro.
Veículo: DCI