Óleo renovável da Solazyme atrai interesse de grupos químicos

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A americana Solazyme, produtora de óleos renováveis por meio da fermentação de microalgas com açúcares, encontrou nas indústrias químicas um grande filão de negócio. A empresa iniciará as operações, no fim deste ano, de sua primeira fábrica no Brasil em parceria com a Bunge e com uma demanda já firme. Essa unidade, que recebeu aportes de cerca de US$ 140 milhões, dos quais 80% financiados pelo BNDES, para produzir 100 mil toneladas por ano de óleos, poderá ter novos investimentos para triplicar sua produção nos próximos três anos, disse ao Valor Rogério Manso, principal executivo global de comercialização da empresa.

Essa fábrica, joint venture entre Solazyme e Bunge, com 50% de participação cada uma (Solazyme Bunge Produtos Renováveis), instalada em Orindiúva (SP), poderá se transformar em uma importante base de exportação da companhia.

Com sede na Califórnia, a Solazyme começou a desenvolver óleos renováveis a partir de 2003 como alternativa aos produtos derivados de petróleo. A empresa levantou cerca de US$ 400 milhões no mercado, incluindo o processo de abertura de capital (IPO, em inglês), realizado em 2008, além de títulos de dívidas conversíveis e captações privadas ("private placement"), para desenvolver produtos voltados para as áreas química, nutrição, combustível e ciências da saúde.

Ainda considerado um nicho de mercado, os óleos produzidos pela Solazyme têm atraído atenção de grandes multinacionais químicas que buscam substituir parte de suas matérias-primas derivadas do petróleo por produtos renováveis.

Antes mesmo de ter uma produção em escala comercial, a companhia americana começou a negociar contratos com importantes multinacionais que buscam nesses produtos renováveis maior valor ao seu negócio. O mais recente acordo fechado foi com a líder global em tintas e revestimentos, a AkzoNobel.

A empresa americana vai desenvolver óleos personalizados para a companhia holandesa para substituir intermediários químicos em seu processo de produção. Peter Nieuwenhuizen, diretor da cadeia de fornecimento da AkzoNobel, disse que a companhia pretende elevar a utilização de matérias-primas "verdes", desde que seja viável comercialmente. As vendas desses óleos para o grupo holandês deverão ter início a partir de 2014. Em junho, a AkzoNobel também anunciou a ampliação de um acordo firmado com a química belga Solvay para o fornecimento epicloridrina de base biológica, produto químico intermediário para a produção de resina epóxi usada em tintas.

Além da holandesa AkzoNobel, a Solazyme tem importantes contratos fechados com companhias globais, como a trading japonesa Mitsui para o desenvolvimento de oleoquímicos; com a gigante americana Dow Chemical; e Unilever.

Com uma fábrica em escala semicomercial em Peoria (Illinois), nos EUA, a companhia tem capacidade para produzir 20 mil toneladas anuais nessa instalação. Com a gigante Archer Daniel Midland (ADM), a empresa tem acordo para produzir óleos renováveis na unidade da processadora em Clinton (Iowa), que terá capacidade para 20 mil toneladas a partir de 2014 e pretende atingir 100 mil toneladas/ano futuramente.

Nos Estados Unidos, o óleo renovável da Solazyme é produzido à base de xarope de milho, com a utilização de microalgas como catalisadora. Esse insumo tem sido absorvido no mercado americano pela indústria de cosméticos - a empresa é detentora de uma linha de produtos de beleza, a Algenist, que é comercializada na rede francesa de perfumaria e cosméticos Sephora, e na americana QVC.



Veículo: Valor Econômico




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