Benefícios previdenciários saltaram 14,7 pontos no PIB em quase 20 anos

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Em 1997, esses gastos representavam 4,9% do que era produzido no País, e, em 2015, essa relação foi a 19,5%. Porém, pesquisa da FenaPrevi revela desconhecimento da sociedade sobre o tema

 
São Paulo - Em menos de duas décadas, os benefícios previdenciários subiram de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para 19,5% do PIB. Contudo, especialistas alertam que há falta de conhecimento da população, não somente sobre a necessidade de reformas, como também do sistema em vigor.


 
De acordo com dados do Tesouro Nacional, essas despesas na Previdência Social representavam em 1997 quase 5% de tudo que era produzido no País na época. Dez anos depois, esse percentual subiu 1,9 ponto percentual para 6,8% do PIB. Porém, em 2015, essa relação subiu para 19,5%, isto é, 12,7 pontos percentuais a mais do que o registrado em 2007 e um aumento de 14,6 pontos ante o patamar de 1997. Neste ano até junho, esses benefícios somam R$ 234,465 bilhões.
 
Por outro lado, pesquisa nacional realizada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), divulgada ontem, mostra que apenas 11% dos brasileiros consideram que sabe muito ou o suficiente a respeito sobre a previdência.
 
O levantamento, que ouviu 1.500 pessoas com mais de 23 anos, de todas as classes sociais, em todas as regiões do País, entre os dias 21 de julho e 4 de agosto, revela que 86% da população sabem pouco, ou desconhecem completamente o assunto. Três por cento (3%) da amostra não souberam responder.
 
O percentual dos que não ouviram falar sobre a reforma do sistema público de aposentadoria também é alto. Cerca de 44% declaram não ter conhecimento da discussão, enquanto 54% disseram ter ouvido falar de propostas para mudanças nas regras de aposentadoria, e 2% não souberam responder.
 
Desses 54%, 45% estão cientes de que há discussões em torno do aumento da idade da aposentadoria e 17% sabem que há debate em torno da elevação das contribuições.
 
"Os dados mostram que é grande o desconhecimento sobre a Previdência Social", disse o presidente da FenaPrevi ontem, durante a apresentação do levantamento. "Me surpreendeu essa ausência de conhecimento dado o nível de exposição que esse tema tem tido. As entidades e o governo precisam levar isso em conta para melhorar a comunicação e fazer um trabalho de convencimento", acrescentou.
 
Desafio político
 
A falta de conhecimento sobre a previdência foi uma preocupação unânime entre os demais especialistas presentes no debate, já que, para eles, o principal desafio da reforma do sistema social é político.
 
"Hoje, o debate da Previdência é político. Pois, entre os técnicos, já existe um entendimento do que deve ser feito, de como deve ser o novo modelo", declara Nelson Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon Seguros e Previdência.
 
"A questão, agora, é como fazer para convencer as pessoas sobre a importância dessas reformas", completou.
 
O ex-ministro da Previdência Social durante os 2002 e 2003, José Cechin, reforça a defesa dos outros especialistas, dizendo que, hoje, o principal desafio é obter o consentimento e diminuir a resistência da população. "Temos que mostras para a população que a previdência custa", destaca.
 
Receio da sociedade

 
A pesquisa da FenaPrevi mostrou ainda que para 62% dos entrevistados a reforma da Previdência deve dificultar muito ou dificultar um pouco a aprovação dos pedidos de aposentadoria. Os que acreditam que as mudanças de regras podem facilitar o acesso ao benefício somam 23% da amostra. A maioria (57%) tem a expectativa de que haverá uma diminuição do direito dos trabalhadores, contra 32% que acredita que haverá melhora ou não haverá alterações.
 
A respeito das soluções, tanto Molina quanto Cechin sugerem o direcionamento do FGTS e do PIS/Pasep para capitalização, como forma de compensar os gastos do sistema público de aposentadoria. Molina pondera que esse mecanismo poderia ser instituído para os que estão entrando no mercado de trabalho. Os recursos desse fundo só seriam retirados na aposentadoria ou em caso de desemprego.
 
Já o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Luís Eduardo Afonso cita o mecanismo de ajustamento automático que existe na Espanha e na Suécia. "Nesse sistema, quando a despesa começa a crescer mais que a receita, por exemplo, mecanismos são acionados para conter o desequilíbrio. No Brasil, isso poderia ser acionado de forma a alterar o indexador de correção dos benefícios quando um problema fiscal ocorresse."
 
Fonte: DCI


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