Combustível chega aos poucos, mas mercados e hospitais preocupam

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O governo federal está garantindo aos poucos o abastecimento de combustíveis no país, mas os setores de alimentação e produtos hospitalares estão em alerta porque, após nove dias de paralisação dos caminhoneiros, os estoques começam a entrar em nível crítico.

 

O risco de desabastecimento levou o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a enviar um ofício nesta terça-feira (29) à Abras (Associação Brasileira de Supermercados) para pedir ao setor que não pratique preços abusivos ao consumidor em razão da falta de produtos.

 

O temor ocorre porque os supermercados trabalham com um estoque de 15 dias para produtos não perecíveis e, após nove dias de paralisação, a falta de itens deve ficar mais perceptível ao longo do feriado de Corpus Christi.

 

Já produtos perecíveis como hortifrutis, carnes, laticínios e derivados já estão em falta nas gôndolas, informam as associações estaduais de supermercados.

 

Para evitar o desabastecimento, a Abras espera que o governo federal adote com os carregamentos de alimentos a mesma postura adotada com os caminhões-tanque que transportam combustíveis, que desde o fim de semana estão sendo escoltados por viaturas da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Polícia Militar e Exército até aeroportos e centros urbanos.

 

Supermercados e centrais de abastecimento

 

Essa atitude foi registrada na madrugada desta terça-feira no Rio de Janeiro, quando as Forças Armadas escoltaram 300 caminhões com alimentos da região serrana para a capital fluminense, o que permitiu a retomada do abastecimento na Ceasa-RJ (Central de Abastecimento do Rio de Janeiro).

 

A movimentação dos caminhões no local está longe da normalidade, mas já apresenta melhoras, segundo o presidente da central de distribuição, Waldir Lemos. Nesta terça-feira foram entregues 58 carregamentos, quando o normal seriam 300.

 

Lemos diz que essas entregas eram de pequenos carregamentos que estavam próximos à capital. As carretas maiores, que abastecem as lojas da central, ainda não chegaram. A expectativa é que a situação comece a ser normalizada em dois ou três dias.

 

Já em São Paulo, na Ceagesp, a maior central de abastecimento da América Latina, o fluxo de caminhões piorou nesta segunda semana de greve. Nesta segunda e terça-feira chegaram apenas 10% de todo o carregamento previsto. Na semana passada, o volume de vendas no local sofreu queda de 46%.

 

Em Minas Gerais, a Associação dos Supermercados informa que faltam produtos em todo o Estado na sessão de perecíveis, como legumes, verduras, frutas, carne in natura e laticínios. Nos produtos não perecíveis ainda há um estoque remanescente, porém já começa a se esgotar. Dentro de 3 a 7 dias a situação já passa a ser muito preocupante. Ainda de acordo com a associação, o sul de minas foi a região que mais sofreu com a greve.

 

Em Maceió (AL), os produtos que abastecem o Mercado da Produção, no bairro da Levada, já não chegam com a frequência de antes. Segundo um vendedor, os clientes já não procuram pelas frutas, cientes da escassez dos produtos. O mesmo aconteceu no Espírito Santo, onde centrais de distribuição registram alta de até 300% nos preços.

 

Combustíveis

 

Os postos de combustíveis começam a apresentar sinais de melhora desde segunda-feira. Cidades como São Paulo, Porto Alegre, Vitória, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus registraram caminhões-tanque nos postos. Já Salvador, por outro lado, ainda não recebeu uma gota de gasolina ou diesel sequer.

 

No Rio de Janeiro, até as 8h desta terça, aos menos 83 postos já haviam recebido algum tipo de combustível, segundo balanço do sindicato municipal da categoria. A entrega da carga começou na segunda e provocou uma corrida aos estabelecimentos.

 

Os estabelecimentos estão recebendo pequenas quantidades de combustível e, com a grande procura, o produto tem se esgotado rapidamente nas bombas, segundo informou o Sindcomb.

 

Em São Paulo, o presidente do Sincopetro-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo), José Alberto Gouveia, disse ao R7 que a maior dificuldade é na saída do combustível nas refinarias, que ainda registram protestos de caminhoneiros bloqueando a saída dos caminhões: “Não há previsão. O governo precisa agir no sentido de liberar os caminhões para transportar o combustível”.

 

Hospitais

 

Mesmo com escolta policial e caminhões conseguindo furar os bloqueios nas estradas, a situação ainda não foi normalizada no setor de hospitais. Os hospitais públicos são afetados e medidas são tomadas para garantir os atendimentos de urgência e emergência.

 

Em Porto Alegre, o Hospital de Clínicas suspendeu a realização de transplantes.

 

No Estado do Mato Grosso, 11 unidades de saúde, incluindo os 7 hospitais regionais, suspenderam a realização de cirurgias eletivas e outros procedimentos, como exames e consultas marcados para essa semana.

 

De acordo com a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), que representa 107 instituições, as cirurgias eletivas já vêm sendo adiadas para que se possa garantir os atendimentos de urgência e emergência.

 

Gases medicinais estão com seus estoques bastante limitados, o que afeta cirurgias, pacientes internados em UTI e atendimentos de emergência. Insumos para exames e hemodiálise também estão limitados.

 

A alimentação dos pacientes já precisa de adaptações por problemas na distribuição de alimentos frescos, e a coleta de lixo hospitalar também foi afetada, causando problemas na estocagem de lixo. Isso sem falar na dificuldade de acesso dos funcionários aos hospitais por problemas nos transportes públicos.

 

Fonte: R7


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