Após aprovar reforma Trabalhista, governo se mobiliza para ampliar a base

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O dia seguinte à vitória do governo na votação da reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados foi de expediente dobrado para os articuladores do Palácio do Planalto, que têm uma meta difícil pela frente: ampliar a fidelidade dos partidos aliados a fim de chegar aos 308 votos necessários para a aprovação das mudanças nas regras previdenciárias. O presidente da República, Michel Temer, reuniu os líderes partidários, ontem, para discutir a melhor estratégia em relação aos dissidentes.

 

Apesar de ter que sinalizar uma punição aos infiéis para não contaminar a base, não pode exagerar na dose a ponto de inviabilizar a conquista de mais votos. Além disso, os governistas reforçaram as negociações para garantir a aprovação das alterações da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Senado Federal, o que deve ocorrer com mais facilidade do que na Câmara.

 

Na votação desta semana, considerada mais tranquila do que a da reforma da Previdência, cerca de 20% dos parlamentares de siglas ligadas ao Executivo desobedeceram a orientação do Palácio do Planalto. Dos 415 deputados de partidos da base aliada, 296 votaram a favor da proposta, 86 foram contrários e 33 faltaram ou se abstiveram. No PP, por exemplo, que tem dois ministérios, postos importantes na Caixa Econômica Federal e até o líder do governo na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), nove deputados votaram contra o projeto de lei do governo que altera diversos artigos da CLT.

 

Um caso simbólico nesse episódio será a postura do Planalto em relação ao PSB. A bancada do partido, que comanda o Ministério de Minas e Energia, um dos mais ricos da Esplanada, tem 35 deputados, mas a legenda fechou questão contra a reforma. Apesar disso, dos 30 parlamentares que participaram da votação, 14 votaram com o governo, desrespeitando a decisão da sigla.

 

Traição

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, decidiu, ontem, destituir os quatro deputados federais que estavam na presidência da legenda em seus estados e desrespeitaram a orientação partidária. Entre eles está a atual líder do PSB na Câmara e presidente da legenda no Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina, que orientou a bancada contra a reforma, como havia decidido a direção da sigla, mas votou a favor do projeto.

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu que a base tem enfrentado dificuldades, mas comemorou o resultado. "Tivemos, nas últimas semanas, muitos problemas na articulação das votações, principalmente na base do governo. Então, se você olhar do ponto de vista do que vem acontecendo, certamente a reorganização da base do governo foi muito forte" comentou sobre o resultado da madrugada de quinta-feira.

 

Apesar da confiança do governo em uma vitória folgada no Senado, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos parlamentares mais influentes da Casa, promete dificultar ao máximo a tramitação da matéria que trata das relações trabalhistas. Desde que deixou a presidência do Senado, Renan elevou o tom das críticas a Temer e, agora, mandou avisar que a postura de oposição não ficará só nos discursos, mas, também, na atuação à frente da bancada do partido.

 

Previdência: votação adiada

A votação da reforma da Previdência na comissão especial que discute o assunto na Câmara dos Deputados foi adiada para a próxima quarta-feira. A mudança foi anunciada pelo presidente do colegiado, Carlos Marun (PMDB-MS), que decidiu cancelar a sessão marcada para as 9h de ontem e retomá-la na próxima terça-feira, quando seria a votação.

 

Como a discussão sobre a reforma trabalhista no plenário se estendeu até a madrugada de ontem, poucos deputados retornaram à Câmara pela manhã. A greve geral, marcada para hoje, também contribuiu para o adiamento, já que muitos deputados adiantaram os voos de volta para os estados.

 


Fonte: Correio Braziliense




 


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