IPCA tem alta mais fraca para dezembro em 24 anos

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A inflação oficial brasileira registrou em dezembro o nível mais baixo para o mês em 24 anos apesar da pressão dos preços de alimentos e terminou 2018 abaixo do centro da meta oficial, corroborando o cenário de que o Banco Central levará tempo para elevar os juros básicos.

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou em 2018 alta de 3,75 por cento, depois de ter fechado o ano anterior com alta de 2,95 por cento, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Assim, a inflação do país terminou o ano abaixo do centro da meta do governo de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 3,70 por cento.

 

É o segundo ano seguido em que isso acontece depois de ter ficado em 2017 abaixo do piso pela primeira vez desde que o regime de metas de inflação foi definido, em 1999. Também é o terceiro ano seguido que o IPCA fica dentro do intervalo definido como objetivo.

 

Para 2019, o governo determinou como meta inflação de 4,25 por cento, mantendo a margem de tolerância em 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

 

Em dezembro, o IPCA avançou 0,15 por cento, depois de queda de 0,21 por cento em novembro e projeção na pesquisa da Reuters com analistas de alta de 0,13 por cento.

 

Esse é o resultado mais fraco para o mês desde o início do Plano Real, em 1994.

 

No último mês do ano a pressão veio principalmente do grupo Alimentação e bebidas, que passou a subir 0,44 por cento depois de alta de 0,39 por cento em novembro e foi responsável por quase 3/4 do índice de dezembro.

 

Os principais impactos vieram dos alimentos para consumo em casa, cujos preços aceleraram a alta a 0,50 por cento em dezembro de 0,34 por cento antes.

 

Na outra ponta, Transportes registrou deflação de 0,54 por cento, com destaque para a queda de 4,25 por cento de combustíveis. Habitação também registrou queda no mês, de 0,15 por cento.

 

2018

 

No ano, o destaque também ficou para Alimentação e Bebidas, com uma alta acumulada de 4,04 por cento, depois de ter recuado 1,87 por cento em 2017.

 

Também cabe mencionar os avanços de 4,72 por cento de Habitação e de 4,19 por cento de Transportes. Juntos, esses três grupos foram responsáveis por 66 por cento do IPCA de 2018.

 

No ano passado, os preços de serviços apresentaram menor pressão ao subirem 3,36 por cento, após avançarem 4,51 por cento no acumulado de 2017.

 

A persistência do nível fraco de inflação em meio a uma retomada econômica que segue sem fôlego expressivo favorece a perspectiva apontada pelo BC de que o início do aperto monetário está distante.

 

O BC deixou de mencionar em seus comunicados recentes a possibilidade de um eventual aumento da Selic, jogando para um futuro indeterminado um aperto dos juros básicos ao traçar um quadro favorável para a inflação, embora ainda alerte que os riscos altistas para o IPCA seguem em seu radar.

 

A pesquisa Focus que o BC realiza semanalmente com mais de 100 economistas mostra que a expectativa é de que a Selic seja mantida no atual patamar de 6,5 por cento na primeira reunião deste ano, em 5 e 6 de fevereiro, terminando 2019 a 7,0 por cento.

 

O presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, passará o bastão em breve para Roberto Campos Neto, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para o comando do BC e que será ainda sabatinado pelo Congresso.

 

Fonte: Reuters

 

 

 


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