Setor têxtil projeta margens melhores para o ano que vem

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Diante da perspectiva de melhora do varejo e manutenção do atual patamar de custos, o setor têxtil espera melhorar as margens em 2019. Dirigentes preveem avanço de 3% da produção no próximo ano.


“Podemos estimar que o faturamento vai crescer em torno de 7%, considerando a produção física e evolução dos preços, levando em conta a inflação projetada”, declarou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, em coletiva de imprensa. “Se não houver nova pressão de custos, será possível melhorar a rentabilidade das empresas, para que fiquem mais saudáveis para investir.”


 


O sócio-diretor do IEMI Inteligência de Mercado, Marcelo Prado, acredita que em 2019 o setor será menos pressionado pelos custos de matéria-prima. “Não está na perspectiva o petróleo passar de US$ 100, a economia global está mais fraca de modo geral. Isso tira espaço de um aumento no algodão.”


 


Pimentel explica que em 2018 as empresas do setor foram bastante afetadas pelo aumento de fibras sintéticas e do algodão e o mercado não permitiu o repasse total desses custos. “O ano foi apertado para todos os elos. As empresas foram bastante sacrificadas. Também houve impacto do preço de corantes e energia elétrica.”


O dirigente acredita que as pressões serão mantidas no mesmo patamar em 2019, mas a melhora da economia deve permitir um alívio na margem. “Aumentando a produtividade e não havendo sustos na área dos custos, é possível recompor a margem. Esse ano muitas empresas operaram no prejuízo. Não esperamos um estresse tão grande em 2019. Mas isso ainda está no terreno da expectativa.”


 


Entre os riscos para esse cenário positivo, estão a não concretização de reformas pelo novo governo e impactos de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Nós vamos ter uma grande safra do algodão. Mas o preço não é movido só pela demanda e oferta. A guerra comercial pode causar deslocamentos na preferência pela compra da commodity”, destaca.


 


O diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima, estima que a vendas serão melhores em 2018 do que no ano passado. “A Black Friday foi bem, a expectativa de Natal é de um resultado melhor. Acreditamos que o fluxo de consumo deve aumentar nas próximas semanas.”


 


Prado acredita que os estoques mais apertados no varejo, somados a essa melhora no consumo, podem gerar um impulso para o setor no começo de 2019. “O varejista sentiu que precisa de mais produto.”


Em relação aos investimentos, que ficaram estacionados por conta da incerteza eleitoral, Prado avalia que eles não devem voltar de maneira abrupta. “Não vai ser nada a galope. Há sinais positivos, mas ainda não é uma certeza.”


 


Balanço e projeções


 


Pimentel avalia que o ano de 2018 não foi bom. “Há um sentimento de que o PIB decepcionou. As razões foram claras: greve dos caminhoneiros, insegurança eleitoral e uma soma de outros fatores que impediram que projeções otimistas se concretizassem.”


 


O dirigente assinala que até abril os indicadores eram positivos. “A greve mudou todo o panorama. Também não houve bolso para tudo. O consumo de produtos de maior valor agregado cresceu, impulsionado pela melhora de crédito e pela Copa do Mundo. O consumidor não nos escolheu.”


 


Na quarta-feira (12), a Confederação Nacional da Indústria divulgou uma projeção de crescimento de PIB de 2,7% em 2019. “Os mais otimistas estão falando em 3%, mas nós da Abit largamos em 2,5%”, declarou Pimentel.


A entidade prevê o dólar na faixa de R$ 3,80. “Mas se as reformas avançarem, o real pode ficar valorizado, o que traz pressão dos importados”, destaca o dirigente. A previsão é de que as importações tenham avanço de 5,5% no próximo ano, enquanto as exportações terão crescimento de 4%.


 


Outro ponto negativo foi a geração de empregos no setor. “Havíamos conseguido uma recuperação em 2017 e iniciamos 2018 com uma expectativa positiva, mas infelizmente vamos fechar no terreno negativo”, afirmou Pimentel. O saldo estimado divulgado pela entidade foi de 27 mil vagas fechadas em 2018. A projeção para 2019 é de que 20 mil postos de trabalho sejam criados. “Não vamos conseguir recuperar o que foi perdido esse ano.”


 


Fonte: DCI


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