Vendas do comércio caem em outubro pelo 2º mês seguido, aponta IBGE

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As vendas do comércio varejista brasileiro registraram queda de 0,4% em outubro, na comparação com setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na comparação com outubro do ano passado, houve alta de 1,9%.

 

Apesar de se tratar da segunda queda mensal consecutiva, o varejo ainda acumula alta de 2,2% no ano. Em 12 meses, o avanço desacelerou de 2,8% em setembro, para 2,7% em outubro, o que reforça a leitura de recuperação lenta do setor e da economia brasileira.

 

A queda de 0,4%, na comparação com o mês imediatamente anterior, é o pior resultado para meses de outubro desde 2013, quando também houve recuo de 0,4%.

O resultado veio abaixo do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,10%na comparação mensal e de avanço de 3,20% sobre um ano antes.

 

De acordo com a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado de outubro mostra uma perda de fôlego do setor. "Está mais distante do melhor ponto, que foi outubro de 2014. Nada disso tira o comércio da tendência de recuperação, mas de forma gradual. O setor praticamente repetiu o resultado do mês anterior", avaliou.

 

Na comparação com setembro, 17 das 27 unidades da federação tiveram quedas nas vendas do comércio. As maiores quedas foram registradas em Rondônia (-4,0%), Distrito Federal (-3,4%) e Piauí (-2,7%). Entre as 10 com alta, a mais relevante foi em Roraima (2,8%).

 

Desempenho por segmento

 

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e motos e materiais de construção, o recuo foi um pouco menor em outubro: queda de 0,2% na comparação com setembro. Em relação a outubro de 2017, houve crescimento de 6,2%. O acumulado no ano subiu 5,3% e o dos últimos 12 meses recuou para 5,7%.

 

Entre os segmentos, as maiores quedas, na comparação com setembro, foram registradas nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-7,4%), móveis e eletrodomésticos (-2,5%) e tecidos, vestuário e calçados (-2%).

 

Vendas do comércio por segmento:

 

· Combustíveis e lubrificantes: -1,2%

· Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,3%

· Tecidos, vestuário e calçados: -2%

· Móveis e eletrodomésticos: -2,5%

· Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos: 0,9%

· Livros, jornais, revistas e papelaria: -7,4%

· Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,8%

· Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,7%

· Veículos e motos, partes e peças: 0,1%

· Material de construção: 1,3%

 

Segundo o IBGE, a queda nas vendas de combustíveis e lubrificantes exerceu a maior contribuição negativa para o resultado total do varejo em outubro. Nos últimos 12 meses, o indicador permaneceu negativo (-5,6%), e aumentou o ritmo de queda em relação ao acumulado até setembro (-5,1%).

 

"Os combustíveis vêm sendo impactados pelo aumento sistemático de preços, podemos ver isso porque há aumento nas receitas", comentou Nunes.

Já a principal contribuição positiva para o mês veio do desempenho dos hipermercados e supermercados. Em 12 meses, a atividade registra alta de 4,4% nas vendas.

 

Livrarias e papelarias acumulam 6 meses seguidos de queda

 

O pior desempenho, porém, é do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, que registrou a 6ª queda mensal consecutiva. Em 12 meses, passou a acumular um recuo de 10,3% nas vendas.

"Essa atividade vem perdendo fôlego pela substituição do meio impresso pelo eletrônico, e, também, pelo fechamento de lojas físicas", destacou a gerente do IBGE.

 

Black Friday pode ter adiado consumo

 

A pesquisadora do IBGE avaliou ainda que a queda nas vendas dos segmentos de vestuário e eletrodoméstico podem ter sido afetadas por uma decisão de adiamento do consumo em razão da expectativa pelas promoções da Black Friday, realizada no final de novembro.

 

"O grupo de tecidos, vestimentas e calçados caiu 2% após quatro meses de taxas positivas. Enquanto isso, móveis e eletrodomésticos vem com -2,5%, após dois índices positivos. São atividades que têm uma presença forte na promoção em novembro", analisou.

 

O IBGE também informou que a receita nominal do varejo cresceu 0,3% de setembro para outubro pela série com ajuste sazonal. No confronto com outubro do calendário anterior, essa receita aumentou 6,8%.

 

Recuperação lenta e perspectivas

 

Com o desemprego ainda elevado, a economia brasileira tem mostrado um ritmo de recuperação ainda lento em 2018, mas nos últimos meses melhorou o otimismo de consumidores e empresários.

Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a confiança do comércio cresceu em novembro e atingiu o maior patamar em mais de 4 anos. Já a confiança do consumidor avançou para o maior nível desde julho de 2014.

 

A economia brasileira avançou 0,8% no 3º trimestre. Para o ano de 2018, a expectativa é de uma alta de 1,30% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo a mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central. Para o ano que vem, a projeção do mercado financeiro para expansão da economia permanece em 2,53%.

 

Fonte: G1

 

 

 


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