Intenção de investir cresce, contudo incerteza sobre economia é obstáculo

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A intenção de investimento registrou leve melhora com o fim do processo eleitoral, porém as incertezas com relação aos rumos da economia e a elevada ociosidade da capacidade instalada das empresas devem limitar o avanço dos projetos em 2019.

Na indústria brasileira, a intenção de investir subiu 4,4 pontos no quarto trimestre de 2018, em relação ao terceiro, para 117,4 pontos, o maior nível desde o primeiro trimestre deste ano (123,7 pontos), mas ainda distante dos patamares pré-crise, ou seja, antes de 2014 (130).

 

Além disso, a proporção de empresas industriais que estão certas quanto à execução dos seus planos de investimentos nos próximos 12 meses alcançou 31% no quarto trimestre, contra 27,5% no terceiro trimestre, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV), divulgados ontem.

Contudo, o superintendente de estatísticas públicas do Ibre-FGV, Aloisio Campelo Júnior, conta que, no último trimestre de 2014, essa porcentagem chegava a 52%. "Esses números mostram, portanto, que os investimentos ainda estão patinando", diz Campelo.

 

Para ele, isso tem três motivos: incertezas com relação à política econômica e ao ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), além da ociosidade das empresas.

"A melhora no indicador de investimentos do Ibre ocorreu por conta do fim do período eleitoral, fator que eliminou indefinição política. Porém, a incerteza sobre como será conduzida a política econômica não foi dissipada. Isso precisa estar definido para que as empresas tenham uma ideia de como será a sua rentabilidade", comenta Campelo.


Crescimento

É a partir de uma maior certeza com relação à política econômica que será possível ter mais clareza sobre o ritmo de expansão do PIB. A mediana do mercado prevê crescimento de 2,5% para 2019.

"Além disso, diante de uma elevada ociosidade, as empresas não veem necessidade de aumentar a capacidade. Por conta disso, não deve ocorrer uma explosão dos investimentos", destaca Campelo.

 

O especialista conta que a média de utilização da capacidade instalada da indústria nacional, entre os anos de 2008 e 2014, foi de 82%, contra 75,1% verificada atualmente.

Já o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, avalia que os investimentos das empresas do comércio também continuarão crescendo de forma moderada em 2019. "A perspectiva para o pequeno comércio é de expansão por meio da contratação de novos vendedores, do investimento em publicidade, marketing. Não há expectativa de expansão de lojas", explica.

 

Já no caso das grandes redes varejistas, por exemplo, a tendência é mesmo de abertura de novas unidades. Solimeo conta que, nos últimos dois anos, os grandes supermercados cresceram por meio da abertura de pequenas unidades, o que acabou tirando espaço dos minimercados locais.

"A tendência é que as grandes redes de supermercado continuem espalhando suas pequenas unidades, abrindo novas lojas, dificultando a concorrência dos minimercados locais, especialmente no que diz respeito à preço", diz o economista da ACSP. Por conta disso, os mercados que não estão ligados às grandes marcas devem investir mais em estratégias de atendimento personalizado ao cliente.

 

Consumo

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também registram um leve crescimento dos aportes. O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais, que mede a demanda interna por bens do setor industrial, apontou avanço de 0,3% em outubro, na comparação com o mês anterior.

 

O indicador foi puxado pelo crescimento de 0,8% na produção interna de bens industriais líquida de exportações, acompanhado de um recuo de 1% nas importações desses bens.

Contra igual mês de 2017, a demanda subiu 2,1% em outubro. O resultado superou o desempenho apresentado pela produção industrial, que registrou alta de 1,1%.

 

Fonte: DCI

 

 


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