Recuo de serviços públicos limita alta do PIB

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Os serviços prestados pelo governo federal, dos estados e municípios avançaram 0,1% no terceiro trimestre de 2018, tanto na comparação anual, como ante segundo trimestre, no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do período.

A projeção é que o setor feche 2018 com um crescimento neste patamar (+0,3%) e avance abaixo de 1% em 2019, de acordo com a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Luana Miranda.

 

Segundo ela, enquanto algumas consultorias esperam que o PIB cresça acima de 3% em 2019, o Ibre projeta uma expansão menor, de 2,4%. Isso porque um estudo feito pelo instituto mostrou que os serviços públicos foram um dos principais impulsionadores do PIB desde 2002.

 

"Percebe-se que nos anos em que o Brasil conseguiu crescer acima de 3%, os serviços públicos também avançaram acima de 3%", diz Miranda. Em 2006 quando o PIB expandiu 4%, os serviços prestados pelos governos, como nas áreas de educação e saúde, aumentaram 3,9%.

 

O setor público é responsável por 24% do PIB gerado pelos serviços, o que, por sua vez, é 70% da economia brasileira. Ainda pela ótica da oferta, atividades do setor público foram as únicas que caíram no segmento industrial.

 

Na margem, o grupo que contempla a indústria de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos caiu 1,1% no terceiro trimestre de 2018. Na comparação anual, houve alta de 0,5%.

 

Pelo lado da demanda, o consumo do governo registou elevação de 0,3%, tanto na margem como na comparação anual, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira.

 

"A expectativa é que, no final do ano que vem, os serviços prestados pela administração pública continuem crescendo perto de zero. Dada as restrições fiscais existentes, será necessário dar continuidade ao ajuste fiscal e isso indica que haverá menos investimentos públicos", destaca Miranda.

 

Sobre este tema, o professor do Insper, Vinícius Müller, reforça a importância de aprovação da reforma da Previdência Social como forma de diminuir gasto com pessoal e abrir espaço para elevar investimento.

 

Baixa eficácia

 

Na última sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a avaliar, em relatório, que a gestão do investimento público no Brasil tem baixa eficácia e recomendou uma série de medidas para melhorar o quadro, entre elas o aumento da flexibilidade orçamentária e a adoção de uma meta formal de endividamento.

 

"As áreas que apresentam deficiências mais significativas são as de priorização estratégica dos investimentos e avaliação e seleção de projetos. Existe carência de orientação do alto escalão quanto às prioridades, e fraca coordenação entre os níveis de governo. Não há diretrizes centrais sobre seleção e avaliação de projetos", apontou o documento.

 

"Frequentemente, essas deficiências resultam em projetos de baixa qualidade, o que afeta sua implementação. Isso, juntamente com a carência de capacidade em nível subnacional e em alguns ministérios executores, gestão deficiente de projetos e financiamento incerto, contribui para a má execução dos projetos, excesso de custos, atrasos e infraestrutura de baixa qualidade", complementou o FMI.

 

Resultado geral

 

No total, o PIB do terceiro trimestre cresceu 0,8% em relação aos meses de abril a junho. Em relação a igual período de 2017, o crescimento da economia foi de 1,3%.

Na avaliação de Müller, o resultado veio dentro do esperado e melhor do que nos trimestres anteriores. "Nós tivemos greve dos caminhoneiros no segundo trimestre e, portanto, saímos de uma base deprimida, o que impactou positivamente os números de julho a setembro", diz.

 

"Apesar disso, os resultados do PIB, no geral, são baixos. Não dão conta de reativar a nossa economia. Isso ocorre, principalmente, pelo elevado nível do desemprego", complementa o professor do Insper.

 

Na margem, todos os setores apresentaram crescimento: agropecuária (+0,7%), indústria (+0,4%) e serviços (+0,5%). Já os investimentos registraram expansão de 6,6%, enquanto o consumo das famílias aumentou 0,6%.

 

Na comparação anual, os resultados também foram positivos pela ótica da demanda e da oferta: agropecuária (+2,5%), indústria (+0,8%), serviços (+1,2%), investimentos (+7,8%) e consumo (+1,4%).

 

Fonte: DCI



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