Atividade puxa a arrecadação federal, mas sem incentivar o trabalho formal

Leia em 3min 30s

Mesmo tímida, a pequena melhora na atividade econômica já puxou o recolhimento de impostos do governo. A arrecadação administrada pela Receita Federal teve crescimento real de 4,49% de janeiro a outubro de 2018, ante igual período do ano passado.

 

Porém, apesar da expansão da arrecadação em R$ 50 bilhões para o total de R$ 1,165 trilhão em dez meses do ano, as receitas previdenciárias – relacionadas ao trabalho formal – avançaram apenas 0,4% ou R$ 1,326 bilhão, para um montante de R$ 336,642 bilhões no mesmo período.

 

“As empresas acabaram se adaptando à realidade da crise, demitiram, ajustaram-se, estão melhorando seus resultados e pagando mais impostos, sem precisar contratar novos funcionários nesse primeiro momento de reaquecimento da economia”, argumentou o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Murillo Torelli.

 

A economista e especialista em macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Margarida Gutierrez ponderou que a arrecadação da Previdência Social também é impactada pela desoneração da folha de pagamentos, medida tomada no governo Dilma Rousseff, mas que permaneceu em menor grau na gestão de Michel Temer. “Além disso, houve um aumento da informalidade do trabalho, que reduz a contribuição à Previdência Social”, diz Margarida.

 

Na visão da professora do curso de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Juliana Inhasz, a arrecadação de impostos deve aumentar daqui para frente por causa da retomada da economia em 2019, mesmo sem uma grande expansão da formalidade.

 

“O que gostaríamos de ver é uma recuperação econômica que proporcione mais empregos às pessoas e geração de renda. O emprego que surge é de qualidade inferior [informal], que não melhora as contas da Previdência. Mas há [atualmente] um pequeno crescimento da mão-de-obra formal”, destacou Juliana.

 

A maior parte do crescimento da arrecadação veio do impulso das empresas via Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), receitas que somadas tiveram alta de 10,7% para R$ 193,6 bilhões no acumulado de janeiro a outubro de 2018, frente ao mesmo período do exercício anterior.

 

Numa segunda linha de receitas originadas de empresas, a arrecadação via PIS e Cofins aumentou 8,78% para um montante de R$ 259,2 bilhões; ao passo que o Imposto de Renda da Pessoa Física sobre rendimentos do trabalho subiu num ritmo bem menor (+3,2%) para R$ 98,527 bilhões.

 

Quando a Receita Federal do Brasil separa os dados por atividade econômica, exceto as receitas previdenciárias, nota-se que a arrecadação teve crescimento real de 6,25% para R$ 828,523 bilhões, já descontada a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

 

Entre os setores que mais contribuíram para o governo federal estão: comércio atacadista com R$ 69,332 bilhões (+4,4%); combustíveis com o valor de R$ 59,917 bilhões (+52%); comércio varejista com R$ 52,882 bilhões (+3,81%); seguros e previdência privada com R$ 35,345 bilhões (+8,62%); fabricação de veículos com R$ 30,6 bilhões (+18,43%); energia elétrica com R$ 28,956 bilhões (+10,72%); fabricação de produtos químicos com R$ 18,3 bilhões (8,11%) e atividades de atenção à saúde humana com R$ 16,261 bilhões (+10,16%).

 

Combustíveis em baixa

 

Se no acumulado do ano, a receita de impostos com combustíveis teve crescimento expressivo (+52%) por causa do salto do preço internacional do petróleo e da alta do dólar, desde o final de outubro, a baixa das cotações do barril no exterior e a menor volatilidade no câmbio devem interferir na arrecadação daqui para frente.

 

“Com a guerra comercial [entre Estados Unidos e China], a economia global irá crescer num ritmo menor. O preço internacional do petróleo tende a ser cadente e impactar na arrecadação de impostos sobre combustíveis”, aponta Margarida, da UFRJ.

 

Juliana Inhasz comentou que o preço cai afetando a arrecadação, mas demora para baixar ao consumidor. A gasolina baixou 21,6% ou R$ 0,46 desde setembro nas refinarias, mas só R$ 0,04 nos postos.

 

Fonte: DCI

 


Veja também

Confiança do comércio no Brasil sobe em novembro e atinge maior nível desde 2014, diz FGV

A otimismo causado pelo fim do período eleitoral aumentou e a confiança do comércio no Brasil regis...

Veja mais
Black Friday reanimou varejistas para o Natal

O desempenho das principais datas comemorativas de 2018 ficou acima do registrado em 2017, mas nenhuma delas deu ao vare...

Veja mais
FGV: Espírito natalino estimula confiança do consumidor

  De acordo com indicadores que medem o bom humor do consumidor, como o Índice de Confiança do Consu...

Veja mais
Consumidor deve destinar fatia maior do 13º para este Natal

O consumidor brasileiro está mais propenso a pagar dívidas e fazer compras a prazo com a primeira parcela ...

Veja mais
Confiança do consumidor no Brasil sobe em novembro para maior nível em quase 4 anos e meio

O otimismo sobre o futuro econômico do país e a queda na insatisfação com a situaç&ati...

Veja mais
Mercado reduz expectativa para juros básicos em 2019 a 7,75% e vê inflação abaixo de 4%

O mercado reduziu a expectativa para a taxa básica de juros em 2019 pela primeira vez depois de 44 semanas e pass...

Veja mais
Brasileiro é desconfiado, mas curioso

Curioso e desconfiado. Esses dois adjetivos definem o comportamento do consumidor brasileiro na Black Friday, que aconte...

Veja mais
Na Black Friday, 40% dos clientes devem ir a loja física

Dos mais de 100 milhões de brasileiros que devem aproveitar as promoções da Black Friday, 40% prete...

Veja mais
Comprar de madrugada vira tática de 19% dos consumidores

Os consumidores que estão esperando as ofertas da Black Friday deste ano aproveitam também a madrugada par...

Veja mais