Alimentos trazem alívio ao bolso da população de baixa renda em julho

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O comportamento dos preços dos alimentos em julho trouxe mais alívio ao bolso da população brasileira com renda mais baixa. Embora também componha a cesta dos mais ricos, essa faixa de renda, no entanto, registrou uma inflação superior no período.

 

Divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, referente ao sétimo mês deste ano, mostrou uma alta de 0,26% nas famílias de renda mais baixa, mas um aumento de 0,38% entre os mais ricos do País, ambos na comparação marginal (contra o mês anterior).

 

A queda de 0,6% na inflação da alimentação no domicílio foi o principal fator de alívio inflacionário nas camadas mais baixas, anulando, em parte, as pressões exercidas pela alta das tarifas de energia elétrica (5,3%) e ônibus urbano (1,5%).

 

Já no caso das famílias de renda mais alta, verificou-se que, mesmo diante de uma retração de 1% no preço da gasolina, os reajustes das passagens aéreas superiores a 44% geraram um forte impacto do grupo transportes sobre o índice de inflação (0,09 ponto percentual no indicador dessa faixa).

 

Ainda conforme o levantamento, a alta de 0,7% da alimentação fora do domicílio e de 0,4% dos serviços pessoais também se constituíram em focos de pressão inflacionária.

 

A responsável pelo estudo, Maria Andréia Parente, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea, explica que os alimentos têm um peso maior na cesta “restrita” de compras, comparada as famílias mais ricas, que, por sua vez, consomem mais bens e serviços.

 

“Por causa da greve dos caminhoneiros [o que gerou desabastecimento nos supermercados], houve um aumento da inflação de alimentos em junho [25,53%]. O indicador ficou maior para os mais pobres [+1,50%] comparado aos mais ricos [1,03%] no período”, exemplificou a responsável pelo levantamento.

 

Embora os preços dos alimentos tenham se acelerado comparado aos dados de 2017 até julho – deflação de 0,50%, pelos dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – , eles continuaram menores nos sete meses de 2018 (variação positiva de 2,82%), o que vem favorecendo essa faixa de renda baixa também no acumulado anual.

 

Conforme o indicador do Ipea, nos últimos 12 meses até julho, enquanto a inflação das classes mais baixas elevou-se em 3,45%, a dos mais ricos apontou variação de 5,17%.

 

De acordo com Maria Andréia, essa diferença do indicador entre os mais pobres e com faixa de renda mais alta deve ser menor nos próximos meses. Isto porque há uma a tendência de continuidade na aceleração dos preços de alimentos. Contudo, o cenário não deve se reverter, por causa do comportamento de outros itens importantes da cesta com renda menor.

 

“Tarifas de energia elétricas tendem a se estabilizar, transportes não devem ter novos reajustes. Assim, a inflação dos mais pobres deve ficar mais abaixo dos 4,5%, e dos mais ricos acima disso”, aponta a especialista do instituto, ao se referir ao centro da meta estabelecida para o indicador oficial de preços, o IPCA, calculado pelo IBGE.

 

Na avaliação dela, essa inflação oficial deve fechar próximo dos 4,5%, com atividade econômica em lenta recuperação e consumo “morno”.

 

Fonte: DCI


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