Famílias menores, novos hábitos

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A redução da quantidade de integrantes de cada família e a preocupação ambiental e social com desperdício de comida desenvolveu um novo hábito de consumo em todo o mundo, tendência que vem sendo aderida pelos brasileiros. Para atender às necessidades locais e oferecer os melhores produtos aos consumidores, os supermercados e as indústrias alimentícias passaram a produzir e comercializar embalagens com menores quantidades, visando atender ao consumo individual.

 

O tamanho das famílias brasileiras está reduzindo com o passar do tempo. A cada ano, o número médio de integrantes tem sido diminuído. Nos anos 80, por exemplo, a média de pessoas por família era de 4,3. Em 2001, chegou a 3,3. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos dez anos, o número de filhos por família no Brasil caiu 10,7%. O levantamento também mostra que, em 2003, a média de filhos por família no Brasil era 1,78. Em 2013, o número passou para 1,59.

 

Atualmente é comum ver pessoas que moram sozinhas e buscam nos supermercados soluções que atendam as necessidades do dia a dia de forma dinâmica, prática e funcional. De 2005 a 2015, o número de pessoas que passaram a residir sozinhas aumentou no País, um índice que subiu de 10,4% para 14,6%, especialmente a partir dos 50 anos de idade, como mostra a Síntese de Indicadores Sociais, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E essa redução no tamanho das famílias também implica nos hábitos de consumo com a compra consciente, evitando o desperdício.

 

Embalagens

 

A comercialização dos produtos individuais e em embalagens menores faz parte de uma tendência mundial. Na Inglaterra, por exemplo, é possível comprar pacotes com 125 gramas de feijão preto – o suficiente para compor duas refeições de uma pessoa. Ou seja, é possível comprar o que será consumido em um dia, durante o almoço e o jantar, por exemplo. No Brasil, não são disponibilizadas tantas opções assim, mas esta é uma tendência em desenvolvimento e que deve estar ao alcance do consumidor em breve, não só no que diz respeito a produtos prontos, manipulados no mercado, como industrializados, pré-preparados ou para cozimento em casa.

 

Exemplo de pessoa que se beneficiaria desse movimento de mercado seria o servidor público, Felipe Cordeiro, de 26 anos. Ele mora sozinho em Goiânia e sempre procura comprar porções pequenas para não desperdiçar comida, facilitando ainda o armazenamento tanto no armário quanto na geladeira. “Quando comecei a morar sozinho, sempre queria estar com a geladeira cheia, mas perdia tudo e tinha de jogar fora. Hoje faço compras semanais”, explica. Dessa maneira, garante ainda que os alimentos se manterão frescos, já que não serão adquiridas grandes embalagens, que ficariam abertas por muito tempo.

 

O servidor faz as compras em dias de promoções e leva tudo em pequenas porções. “Compro queijo em menor quantidade, verduras são duas ou três”, revela. Quando o produto é porção fechada Felipe tem outra tática: usa um pouco e doa a maior parte para alguém da família ou um amigo. “Sou a favor das empresas fazerem pacotes com porções menores, que podem custar um pouco mais em conta e não há desperdício”, revela.

 

O mesmo acontece com a estudante Marcela Campos de Azevedo, de 21 anos, há um ano e dois meses mora sozinha para morar mais perto da faculdade. Ela conta que geralmente sai da faculdade, passa em casa, almoça e vai para o trabalho. “Não tenho muito tempo. Gosto de comprar alimentos de preparo prático e rápido”, explica. Ela revela que já chegou a comprar um saco de arroz de 5 quilos, mas o mesmo perdeu e aprendeu que deve comprar porções sempre menores. “Nem feijão eu cozinho, compro enlatado pela praticidade e menor quantidade”, explica.

 

Segundo a pesquisa de mercado “Tendências em Alimentos e Bebidas 2017”, do Mintel, os dados mostram que as pessoas buscam alimentos de rápido preparo e eliminação do desperdício de alimentos. A pesquisa é mundial e reflete bem o posicionamento que vem se destacando no Brasil, uma corrente sustentável e com potencial de crescimento em breve.

 

Exemplo

 

Seguindo este caminho, uma marca goiana de alimentos colocou no mercado a nova opção de Sopão de 90 gramas, com capacidade de preparo de quatro porções, nos sabores galinha caipira e carne. A versão anterior, que ainda continua nas gôndolas, traz quantidade suficiente para o preparo de seis porções. Outra inovação é o tempo de preparo, que é de apenas três minutos. Outros produtos de outras marcas possuem tempo de preparo de cinco a oito minutos. Ou seja: opções adequadas para grandes, médias e pequenas famílias, de acordo com suas necessidades.

 

Segundo o gerente de Trade e Marketing da GSA, Bruno Costa Zenha, a nova embalagem e gramatura permitem com que as famílias menores se alimentem com rapidez e não joguem o produto fora. “Além de evitar o desperdício, as embalagens menores proporcionam mais conforto com relação às datas limites de uso, já que não é preciso se preocupar com produtos grandes abertos há bastante tempo.”

 

Além do sopão, com a nova gramatura, o Grupo também trabalha com os sachês de tapioca de uso individual, o Porção Certa, com 85 gramas, da Produtos Paulista Life. O produto foi o primeiro a chegar ao mercado com o objetivo de evitar o desperdício. É a quantia certa para um preparo individual. Ou seja, é possível comprar e já ter as porções divididas de acordo com a quantidade de refeições, podendo-se programar a dieta ao longo da semana ou do mês.

 

Terezinha Gouvea, pedagoga aposentada, se aproveita bastante desta praticidade. Com filhos já adultos e independentes, ela se viu morando sozinha e tendo que preparar refeições individuais todos os dias. “Não gosto de fazer minhas refeições em restaurante e não abro mão de preparar algo gostoso todos os dias. No começo, demorei para me adaptar, mas agora já encontro nos supermercados opções práticas e interessantes para minha rotina”, comenta, destacando que não desperdiça mais alimentos como antes e controla melhor tudo o que come durante a semana. Segundo ela, caso as indústrias investissem mais nesse setor, contribuiriam bastante com as pessoas que cozinham para si mesmas ou casais sem filhos, por exemplo.

 

Fonte: O Hoje - Goiânia


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