Bolsa sobe pelo sétimo dia seguido e renova recorde histórico

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A Bolsa brasileira voltou a superar o patamar dos 87 mil pontos ao longo do dia, mas perdeu parte do fôlego na tarde desta quinta-feira e se acomodou nos 86 mil pontos. Mesmo assim, o Ibovespa, principal índice do mercado local, teve sua sétima alta consecutiva e bateu mais um recorde histórico: fechou com alta de 0,74%, aos 86.686 pontos, puxado por Banco do Brasil e commodities. Na máxima, bateu os 87.159 pontos. O dólar comercial, por sua vez, contabilizou uma desvalorização de 0,42%, cotado a R$ 3,249, devolvendo ganhos após três dias seguidos de altas.

 

— O movimento da Bolsa é uma consequência desse "boom" que o Brasil entrou, independentemente do fim da reforma da Previdência. Hoje, o mercado trabalha de olho em um candidato que dê continuidade a essa política reformista iniciada no governo Temer, de juros controlados, com dados da inflação surpreendentemente baixos. Fora os lucros das empresas, que voltam a crescer e divulgam resultados positivos. Tudo isso é combustível para a Bolsa — diz Rodrigo Marcatti, sócio-diretor da Veedha Investimentos, destacando ainda o "efeito manada". — As próprias notícias de recordes na Bolsa fazem com que mais investidores procurem o mercado de ações. É como o bitcoin, todos querem participar. Por isso, a tendência permanece de alta.

 

Tanto a Bolsa como o dólar operaram hoje de forma menos turbulenta, após a confusa reação dos mercados ontem, com a divulgação da ata do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). A interpretação inicial do documento era de que o tom de aumento de juros mais gradual prevalecia. Depois, essa leitura foi revista, após investidores perceberem que o documento fora escrito antes da divulgação dos dados de emprego e salário dos Estados Unidos – que vieram mais fortes do que o esperado e ajudaram a motivar um "mini-crash" das bolsas americanas no início do mês com investidores temendo um aumento de juros mais forte.

 

— A grande marca da reação do mercado ontem foi a confusão, as diferentes interpretações. O dólar disparou e as bolsas americanas fecharam em baixa, em uma releitura exagerada do mercado, que hoje corrigiu esse movimento. Por mais que o Fed cite a pressão inflacionária e o aumento dos salários, ainda é preciso mais evidências para que esses fatores se tornem de fato uma preocupação. No fundo, o Fed indicou que está atendo aos riscos, mas que ainda há muitos dirigentes não convencidos da necessidade de uma quarto aumento de juros. Por isso, hoje o dólar se acomodou em um patamar mais baixo e as bolsas lá fora subiram — avalia o economista Silvio Campos Neto, da Consultoria Tendências.

 

Em Wall Street, o Dow Jones e o S&P 500 avançaram 0,66% e 0,10%, respectivamente. A Nasdaq, por outro lado, fechou em queda de 0,11%.

 

Os EUA divulgaram também nesta quinta-feira o número de pedidos de seguro-desemprego semanal, que somaram 222 mil na semana encerrada em 17 de fevereiro. Os dados do Departamento do Trabalho mostram uma queda de 7 mil ante o nível anterior.

 

— Os dados americanos continuam a corroborar a visão da força da economia deles, cada vez mais sólida. Mas, por mais expressivo que pareça essa queda, é um número dentro do cenário estimado pelo Fed, e não despertou grande reação do mercado — diz Rogério Freitas, sócio na Florença Investimentos

 

No cenário interno, investidores permaneceram atentos às negociações para a autonomia do Banco Central – uma das uma das poucas medidas apresentadas pela equipe econômica do governo, para compensar o fim da votação da reforma da Previdência este ano, que anima o mercado.

 

Nas discussões para construir um projeto dessa natureza, o governo tem defendido que não deveria haver uma regra de transição do atual modelo para um que estabelecesse mandatos fixos para presidente e diretores da autoridade monetária. Assim, a atual diretoria comandada por Ilan Goldfajn ficaria mais dois anos à frente da condução da política de controle da inflação após o fim do governo Michel Temer.

 

No fim da tarde, Goldfajn afirmou que a autonomia da autoridade monetário é prioridade, mas que se opõe ao mandato duplo BC, afirmando que o papel da insituição é de estabilidade monetária.

 

— A autonomia do BC é vista como positiva para o país, já que ajudaria a reduzir a ingerência política sobre a instituição. Mas esse debate sobre o duplo mandato gera dúvidas, por isso o mercado recebe bem a notícia, mas não trabalha com grandes expectativas de que ela se concretize — resumiu Campos Neto.

 

Sobre a reforma da Previdência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse a investidores que tratar partes da proposta por meio de projetos de lei não seria vantajoso. Segundo ele, a atual proposta já estava suficientemente desidratada.

 

Além disso, a divulgação do IPCA-15 pode voltar a surpreender com índices de inflação mais baixos do que o esperado, e ajudariam a endossar mais um corte de 0,25 ponto da taxa básica de juros. Atualmente, a Selic está em 6,75%.

 

No noticiário corporativo, o balanço do Banco do Brasil, divulgado nesta quinta-feira, superou estimativas e colocou o BB entre as principais altas do pregão. Seu lucro líquido ajustado no quarto trimestre foi de R$ 3,19 bilhões, ante à estimativa de R$ 2,80 bilhões. As ações do banco subiram 3,11% a R$ 42,40.

 

Além do BB, a Bolsa subiu com ajuda do Itaú, que avançou 0,55% a R$ 52,64 e do Bradesco, que teve alta de 0,60% a R$ 40,10.

 

A Embraer também subiu, embalada pela fala do ministro da Defesa, Raul Jungmann, de que a brasileira e Boeing estão avançando na perspectiva de criação de uma terceira empresa para compor os negócios entre as duas. Seus papéis tiveram alta de 0,08% a R$ 22,39.

 

O fim do feriado do prolongado do Ano Novo Lunar chinês touxe de volta a cotação do minério de ferro, cujos contratos para maio avançam 0,37%. Com isso, a Vale voltou a se destacar, após fechar dois dias seguidos acumulando quedas. Exercendo a maior influência positiva no índice, a mineradora subiu 1,94%, a R$ 45,67.

 

A Petrobras também surfou na alta das commodities. Os contratos do petróleo tipo Brent para abril avançaram 1,42%, a R$ 66,35 o barril. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) tiveram alta de 2,99% a R$ 22,08; e os preferenciais (PN, sem direito a voto) valorizaram 2,42% a R$ 20,74.

 

Fonte: O Globo

 

 


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