Varejo surpreende e cresce 0,7% em novembro com ajuda da Black Friday

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Após retrair em outubro, o varejo surpreendeu positivamente em novembro, crescendo acima das previsões do mercado. No conceito restrito, a alta na comparação mensal foi de 0,7%, frente uma expectativa média de 0,3%. O resultado do mês foi impulsionado, em parte, pela Black Friday.

 

No comércio ampliado, que considera também as vendas de veículos e material de construção, o avanço foi ainda maior, de 2,5%, ante expectativa média de 0,6%. Os dados, divulgados ontem na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, reforçam a expectativa de crescimento contínuo do setor varejista e de uma retomada mais consistente já em 2017.

 

“Parece que há uma disseminação do crescimento entre os segmentos, o que é um fato muito positivo e reforça a expectativa de continuidade do avanço”, diz o economista do Santander, Rodolfo Margato. No varejo ampliado, oito das dez atividades analisadas na pesquisa tiveram crescimento na base mensal.

 

Os destaques no período foram os segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico e móveis e eletrodomésticos, que cresceram 8% e 6,1%, respectivamente. Ambos possuem forte presença na internet e costumam ter uma maior participação nas ações do período.

 

Como a Black Friday é um evento relativamente recente no Brasil, os efeitos da data podem ainda não ter sido completamente incorporados no ajuste sazonal da PMC, explica Margato, o que dificulta as previsões para novembro e meses próximos (outubro e dezembro), e ajuda a explicar a surpresa de bancos e consultorias com o resultado.

 

Na comparação com novembro de 2016, as vendas do setor varejista cresceram 5,9%, atingindo uma expansão de 1,1% no acumulado dos últimos doze meses e de 1,9% no acumulado dos onze primeiros meses de 2017. Segundo o IBGE, a alta na base interanual foi a maior para um mês de novembro desde 2013 (7,1%), o que mostra que o crescimento não foi influenciado apenas pela Black Friday, mas por um cenário econômico bem mais favorável ao visto em 2016. O economista da 4E Consultoria, Alejandro Padrón, tem avaliação semelhante e destaca fatores como a melhora da renda, das condições de crédito e uma propensão maior para o consumo. “O quadro no final de 2017 estava muito melhor que o visto em 2016”, afirma.

 

Perspectivas

 

O resultado positivo de novembro deve se repetir na PMC de dezembro, na opinião dos economistas, acarretando em um desempenho ainda melhor no fechamento do ano. Alguns dados preliminares de entidades e empresas corroboram a tese, já que apontam para crescimentos consideráveis nas vendas do Natal. Um indicador da Serasa Experian, por exemplo, mostra expansão de 5,6% nas vendas do período, na comparação com o mesmo intervalo de 2016, enquanto dados dos lojistas de shopping sinalizam um avanço de 6%.

 

Para Margato, do Santander, a tendência é que haja um crescimento forte na base interanual, mas mais moderado na comparação mensal. “Na margem esperámos um resultado mais moderado em dezembro, com alta abaixo de 0,5%. Mas no comparativo anual ainda devemos ter um crescimento robusto, na casa dos 5%”, diz.

 

O economista da 4E também espera um resultado mais modesto na margem para dezembro. Segundo ele, a Black Friday pode ter levado o consumidor a antecipar algumas de suas compras natalinas, o que tende a impactar o resultado na comparação mensal.

 

Para o fechamento do ano, o Santander prevê uma expansão de 2,4% para o varejo restrito e de 4% para o ampliado. Os dados, segundo o economista, foram revisados para cima há dois meses. A projeção da 4E Consultoria é similar, com alta de 2% e 3,5%, respectivamente. Para 2018, a perspectiva é que a trajetória de crescimento se mantenha. “O consumo continuará como principal motor da recuperação da economia”, afirma o economista do Santander, que já projeta um crescimento de 4% no conceito restrito e de 7% no ampliado para este ano.

 

Melhores do ano

 

Até novembro, o segmento que apresentou o melhor desempenho, no acumulado de 2017, foi o de móveis e eletrodomésticos, com expansão de praticamente 10% no volume de vendas. De acordo com Padrón, da 4E Consultoria, o ramo tende a se favorecer mais da retomada da economia, por ser um segmento cíclico. “Conforme a economia vai melhorando esses segmentos mais cíclicos e mais sensíveis a fatores macroeconômicos tendem a despontar bastante”, afirma.

 

Outro segmento que apresentou uma expansão expressiva este ano foi o de material de construção, com alta acumulada de 9,2%. Os dois ramos se favorecem da retomada do crédito e de uma base baixa.

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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