Setor aposta na melhora da demanda interna

Leia em 3min 40s

São Paulo - Estoques ajustados, expectativa de demanda firme por carne bovina no mercado externo e perspectiva de incremento das vendas internas devem proporcionar um ano favorável para a indústria de carnes em 2018, projetam especialistas. Para a cotação da arroba, a estimativa é de estabilidade.

 

"Há uma grande aposta na retomada da demanda do mercado interno, com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em até 2% para o ano que vem, o que seria um cenário positivo para o setor", avalia o superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Daniel Latorraca Ferreira.

 

O cenário foi debatido no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em São Paulo, na sexta-feira (17).

 

Segundo Ferreira, esse aumento de demanda poderá manter a arroba estabilizada em relação aos patamares atuais, mesmo considerando a perspectiva de uma oferta maior de animais para abate no ano que vem. "Em Mato Grosso, por exemplo, temos mais plantas abatendo bovinos e a expectativa é de que outras unidades reabram, o que deve manter a cotação firme", projeta Ferreira.

 

Para o proprietário da Scot Consultoria, Alcides Torres, o fato de 2018 ser um ano eleitoral favorece o aumento do consumo em geral - o que inclui carnes - perspectiva compartilhada pelo analista Leandro Bovo. "Tradicionalmente, ano de eleição tem demanda 25% maior de carne, em média."

 

No entanto, o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sérgio De Zen, alerta que, ao contrário de anos anteriores, o atual presidente não está envolvido na corrida eleitoral. "[Michel Temer] é impopular e não deve lançar candidato, então a gente não deve esperar esse choque de demanda no Brasil. Vamos depender mais do mercado externo para que as perspectivas de um ano positivo se concretizem", avalia o pesquisador do Cepea. "Mas se houver alguma crise de confiança lá fora em relação à carne brasileira, nós vamos para o buraco", destacou De Zen.

 

Para o analista Ivan Wedekin, o cenário para a pecuária no próximo ano dependerá mais da oferta de animais para abate do que mudanças no ritmo da demanda. "O retorno ao consumo de carnes não deve ser a prioridade do brasileiro, embora eu acredite que as vendas no mercado interno deverão avançar", observa.

 

Nesse sentido, a expectativa do analista da Scot Consultoria, Alex Lopes, é de uma maior oferta de bezerros e de um maior abate de fêmeas no ano que vem, especialmente no primeiro trimestre, com o descarte de fêmeas e a entrada dos animais de confinamento.

 

Ainda assim, conforme o sócio-consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, a perspectiva é otimista para o setor em 2018. "A gente já detecta um cenário macroeconômico mais positivo neste fim de ano em relação ao mesmo período do ano passado e ao começo de 2017", pondera. "A intensidade da recuperação da carne vermelha pode ser mais lenta que de outros tipos, mas ela virá", assegurou.

 

Para De Zen, o pecuarista deve ter cautela e evitar correr riscos em 2018. "É fundamental que o produtor não tome decisões precipitadas."

 

Qualidade

 

Na avaliação de De Zen, o mercado de carne bovina passa por uma transformação no Brasil. "O consumo da carne commodity caiu, mas a de maior qualidade não", argumenta o analista.

 

O CEO do Frigol, Luciano Pascon, concorda. "Essa mudança é notória. No ano passado, 90% da nossa produção era de carne commodity. Hoje, esse produto representa 65% do total", afirmou.

 

Para ele, o avanço da produção de carne de maior qualidade impulsionará o consumo. "A partir do momento em que se oferece um produto melhor ao consumidor, ele tende a consumir mais, mesmo com preço mais elevado."

 

A companhia anunciou na semana passada o arrendamento de unidade de abate em Cachoeira Alta, Goiás, que pertence ao Rodopa, ampliando a capacidade de abate para 60 mil cabeças por mês e o faturamento para algo próximo de R$ 2 bilhões no ano que vem. "Nós avaliamos e buscamos outras oportunidades para 2018", destacou o CEO.

 

 

Fonte DCI São Paulo

 

 


Veja também

Confiança do consumidor sobe 2% em outubro

São Paulo - O nível de confiança do consumidor brasileiro com a economia e com as próprias c...

Veja mais
Com expectativa de fim de ano melhor, contratação surpreende em outubro

Brasília e São Paulo - Na esteira da recuperação gradual da economia e com a expectativa de ...

Veja mais
IGP-M acelera alta a 0,37% na 2ª prévia de novembro com alta dos preços no atacado, diz FGV

São Paulo - O avanço dos preços no atacado levou o Índice Geral de Preços-Mercado (IG...

Veja mais
Economia do Brasil cresce 0,40% em setembro e avança 0,58% no 3º tri, aponta BC

Brasília (Reuters) - A economia brasileira cresceu acima do esperado em setembro e fechou o terceiro trimestre co...

Veja mais
Tamanho do desconto vai guiar venda na Black Friday

São Paulo - O tamanho do desconto será decisivo para 43% dos brasileiros que pretendem adquirir um produto...

Veja mais
Índice de vendas do varejo da Cielo sobe 0,4% em outubro

São Paulo (Reuters) - O índice que acompanha vendas do varejo no país apurado pela Cielo, ICVA, tev...

Veja mais
PIB dos estados recuaram em 2015

Todos os estados brasileiros registraram queda no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 ante 2014, segundo os dados das Co...

Veja mais
IPC-Fipe tem alta de 0,34% na 2ª quadrissemana de novembro

São Paulo (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo registrou alta de ...

Veja mais
Farmácias puxam vendas e varejo cresce 0,5%

São Paulo - Um incremento no volume de vendas na casa dos 4,3% colocou as farmácias, novamente, como prota...

Veja mais