Incerteza volta a cair em agosto, mas ainda é impeditivo para investimentos

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São Paulo - O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) recuou 5,9 pontos, em agosto, aos 130,1 pontos. Ainda assim, o cálculo segue em patamar elevado e revela a dificuldade da melhora dos investimentos no País.

 

Divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o IIE-BR registrou a segunda queda consecutiva, depois de chegar aos 142,5 pontos, em junho, com a divulgação do áudio com a conversa entre Michel Temer e Joesley Batista.

 

"Mesmo com essa diminuição, o patamar continua elevado o suficiente para frear o investimento e o consumo das famílias", avalia Pedro Costa Ferreira, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).

 

Segundo ele, uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer não deve ampliar a instabilidade do País. "Só será prejudicial se [a denúncia] tiver um conteúdo muito robusto, que possa realmente afetar o governo."

 

Além disso, segue Ferreira, o mercado já não tem uma expectativa muito elevada para os próximos meses. "A preocupação com as eleições é maior do que a preocupação com o que o governo vai conseguir fazer até as eleições."

 

O componente IIE-BR Mídia foi o que mais contribuiu para a queda do indicador neste mês. Com uma baixa de 5,8 pontos, o item, que se baseia na frequência de notícias com menção à incerteza nos jornais, chegou a 128,7 pontos.

 

"Esse recuo não aconteceu por causa de uma melhora da situação do País, mas porque o quadro de incerteza já foi assimilado pela população. Não existe mais a necessidade de tantas notícias nesse sentido", explica Ferreira.

 

Também foi vista queda no IIE-BR Expectativa. Construído com base nas previsões de especialistas para a inflação e a taxa de câmbio, o componente recuou 3,1 pontos, em agosto, para 120,8 pontos.

 

Já o IIE-BR Mercado, que tem base na volatilidade do Ibovespa durante o mês, subiu 0,4 pontos, para 95,3 pontos.

 

Futuro das reformas

 

Segundo os especialistas consultados pelo DCI, a expectativa de que reformas expressivas sejam aprovadas durante o governo Temer não existe mais. "Isso já está precificado e não causa incerteza maior que aquela que já existe", afirma Antônio Carlos Alves dos Santos, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

 

De acordo com ele, a impressão do mercado é que a reforma da Previdência "não tem a menor chance" e que apenas parte das mudanças tributárias pode avançar no Congresso Nacional antes das eleições do ano que vem.

 

Ferreira segue a mesma linha. "Não há grande esperança nesse sentido". Ele afirma, entretanto, que a incerteza poderia ter um leve aumento se nenhum item das principais reformas for aprovado.

 

Já Santos acredita que uma leve redução da instabilidade pode ocorrer no mês que vem, com a saída de Janot do cargo de procurador-geral. "A Raquel Dodge terá uma abordagem menos ofensiva em relação ao Temer", afirma ele.

 

Sobre a situação para o investimento no País, o professor diz não ver uma tendência de melhora para os aportes, tanto de brasileiros quanto de estrangeiros, no curto prazo.

 

"Hoje não há um cenário com previsibilidade no horizonte, já que o Temer continuará em situação complicada e as eleições de 2018 seguem como uma grande incógnita."

 

Histórico do IIE-BR

 

O patamar atual do indicador de incerteza está um pouco abaixo daqueles registrados em agosto de 2015, quando o Brasil perdeu a nota de crédito das agências de risco, e em outubro de 2008, mês em que teve início a crise econômica mundial. Desta forma, o IIE-BR deste mês ficou acima da maior parte da série histórica divulgada pelo IBRE, que começou em 2000.

 

Fonte: DCI São Paulo


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