Inflação menor ajuda, mas incertezas políticas seguram otimismo do varejo

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São Paulo - O melhor ambiente para o consumo no País - que está atrelado a desaceleração da inflação e redução da Selic - não foi o bastante para deixar os varejistas otimistas com o futuro. Nesse momento, as incertezas no âmbito político e a apreensão com o futuro da economia se sobrepõe a qualquer sinal de melhora.

 

Em agosto, o Índice de Confiança do Empresário d Comércio (Icec) apurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou retração de 0,3% ante a junho, puxado pela piora das expectativas do varejistas com os negócios no futuro. "Ainda é muito incerto apostar em retomada econômica. Não apenas pela crise no consumo, que tem mostrado sinais de desaceleração, mas pela névoa que permeia a macro economia e política do País", resume a especialista em varejo e consultora da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Viviane Carla.

 

Na visão da especialista o varejista está altamente receoso. "Em 2015 disseram que a retomada viria em 2016, depois jogaram para 2017 e agora já se fala em 2018. Por isso o mercado espera sinais claros de melhora antes de voltar ao âmbito do otimismo com as vendas."

 

No oitavo mês do ano o Icec atingiu 103,1 pontos, em uma escala que vai de 0 a 200, tendo 100 como a diferença entre o pessimismo e o otimismo. "Ainda estamos muito perto da divisão entre confiança e desconfiança. Tudo é muito instável. Um escândalo político nos próximos dias pode jogar por terra todo o avanço do varejo, como já aconteceu recentemente", disse ela, fazendo menção à delação do empresário Joesley Batista, um dos controladores da JBS, que envolveu o presidente Michel Temer em acusações de corrupção passiva.

 

A queda no indicador na passagem de julho para agosto também está atrelada a menor injeção de recursos provenientes do saque das contas inativas do FGTS, que colocaram, segundo a CNC, quase R$ 8 bilhões na cadeia do comércio. "Esse tipo de medida é funcional se ela vem para dar um 'empurrão' inicial no consumo para que ele caminhe sozinho depois, como fazemos para ensinar uma criança a andar de bicicleta", conta Viviane, que completa: "O problema é que não houve continuidade da engrenagem e sem o recurso [do FGTS] o brasileiro continuou retraído para consumo, e frustrou o varejo", conta.

 

Leve melhora

 

Para a CNC, apesar da queda entre o sétimo e oitavo mês do ano, quando comparado ao indicador de agosto de 2016, o índice avançou 14,6%. "A avaliação das condições atuais impactou positivamente o indicador. A desaceleração da inflação e a redução do custo do crédito vêm preservando o poder de compra das famílias e impulsionando levemente as vendas do comércio no período", disse o economista da CNC, Bruno Fernandes.

 

O subíndice da pesquisa que mede a percepção dos comerciantes sobre as condições correntes chegou a 74,2 pontos - ainda na zona do pessimismo -, uma alta de 1 1% ante o mês anterior, na série com ajuste sazonal, e a percepção dos comerciantes em relação ao setor e à própria empresa subiu 1,6% e 1,0%, respectivamente, na comparação mensal.

 

Tombo

 

Único item na zona positiva da pesquisa, com 146,1 pontos, o subíndice que mede as expectativas do empresário do comércio teve queda de 3,1% na comparação mensal e avanço de 3,5% na comparação com agosto de 2016.

 

Para a CNC, a piora nas expectativas para o curto prazo quanto ao desempenho da economia (-4,5%), do comércio (-3%) e da própria empresa (-2%) também está atrelada às incertezas políticas para o desempenho da atividade econômica nos meses à frente.

 

Em relação às intenções de investimento do comércio, houve leve aumento de 0,4% em agosto, com ajuste sazonal, alcançando 89 pontos.

 

De acordo com a CNC, "sinais de retomada gradual das vendas do varejo no curto prazo fortalecem o cenário de um desempenho mais favorável em 2017". Apesar de considerar o efeito dos recursos de saques no FGTS temporário, a Confederação estima que o volume de vendas do comércio ampliado em 2017 deva crescer +1,8%. O índice é composto por cerca de 6 mil empresas em todas as capitais do País.

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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