Queda do investimento afeta atividade no segundo trimestre, mostra prévia

Leia em 3min 10s

São Paulo - O Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) interrompeu a trajetória de alta e voltou a cair no segundo trimestre do ano, em 0,24%, contra o primeiro trimestre (na margem), quando havia expandido 1%.

 

O indicador é calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV). Apesar da expectativa de crescimento de 0,34% para este ano, os números recessivos da construção civil ainda são um entrave para uma retomada mais rápida da atividade econômica no País.

 

As incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência Social também colocam dúvidas sobre a trajetória da dívida pública e, caso essas mudanças não forem enderaçadas neste ano, a expectativa de alta de 2% para o PIB de 2018 pode ser frustrada, avalia o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Thiago Novaes.

 

Na comparação com o trimestre de 2016, o Monitor do PIB registrou queda de 0,3%, puxada, principalmente, pela retração de 5,1% no indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, investimentos). A construção civil teve um impacto de -4,6 ponto percentual no resultado, ao cair 9%.

 

O desempenho do componente de máquinas e equipamentos continua em patamar positivo (0,4%), porém contribuiu pouco para a melhora do indicador (0,1 ponto), destacou Claudio Considera, coordenador do Monitor.

 

Segundo ele, as quedas do PIB no segundo trimestre representam uma estabilização da atividade econômica, na medida em que são números "muito próximos de zero". "O Boletim Macro já vinha apontando que o crescimento do primeiro trimestre poderia dar uma falsa impressão de um processo mais forte de recuperação", destaca Considera.

 

"O maior problema está na construção civil. As grandes construtoras estão todas paradas. Os estados estão quebrando, então a demanda por novas obras por parte do setor público não existe. Esta é uma situação que ainda vai persistir por algum tempo", acresce.

 

Confiança abalada

 

Novaes, da Trevisan, comenta que os dados recessivos dos investimentos confirmam os motivos da economia não conseguir deslanchar. "Diferentemente do que o governo federal quer transparecer, as empresas ainda estão muito desconfiadas, principalmente as da indústria. Os dados de confiança são bastante modestos", afirma Novaes.

 

Para ele, esta resiliência indica que a atividade vai voltar a passos muito lentos. Ele destaca, por outro lado, a leve retração da taxa de desemprego de 13,7% nos três primeiros meses de 2017, para 13% no segundo trimestre. "Há uma geração de emprego mais constante. Parece ser uma tendência. Mas o Brasil ainda tem um déficit enorme [13,5 milhões de desempregados] nessa parte. Ainda temos muito chão para conseguir alcançar o que tínhamos há anos atrás", complementa o professor. Em 2013, por exemplo, a taxa de desocupação média anual alcançou 5,4% da população economicamente ativa (PEA).

 

Risco fiscal

 

Para Novaes, ainda não se pode contar com a projeção de crescimento de 2% da economia em 2018, como prevê o mercado no Boletim Focus do Banco Central (BC). Na sua avaliação, o desgaste político do presidente Michel Temer coloca em risco a aprovação de uma reforma da Previdência Social, ainda que fatiada.

 

"Se a reforma não for aprovada, teremos um problema relacionado com o crescimento brutal da nossa dívida bruta. Quando isso acontece, o governo se vê pressionado a aumentar as suas receitas, de imediato por meio da elevação de tributos. Isso prejudica cada vez mais a expectativa de uma recomposição do consumo das famílias", conclui o professor da Trevisan, Thiago Novaes.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


Veja também

Meirelles reafirma confiança com a reforma

Após participar de almoço na editora Abril, na capital paulista, Meirelles disse ver em mais de 50% a chan...

Veja mais
Salário mínimo será definido no final do ano, diz ministro

O ministro da Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo de Oliveira, disse ontem que o reajuste do salá...

Veja mais
Juros caem, mas taxa continua alta para empréstimos e financiamentos

São Paulo - O consumidor que toma dinheiro emprestado ainda sente pouco os efeitos da redução da ta...

Veja mais
Dívida líquida dos estados e cidades recua, mas movimento é temporário

São Paulo - A dívida líquida dos governos regionais mostrou leve melhora até maio deste ano,...

Veja mais
Vendas do Brasil para países do sul da Ásia disparam entre janeiro e julho

São Paulo - As exportações brasileiras para Cingapura geraram US$ 1,984 bilhão entre janeiro...

Veja mais
Incentivo à economia solidária gera R$ 14 mi a SP

São Paulo - Por meio de políticas de incentivo à economia solidária no estado de São ...

Veja mais
Venda em São Paulo cresce 3% na primeira quinzena de agosto

As lojas do comércio varejista da cidade de São Paulo subiram 2,9% nas vendas efetuadas na primeira quinze...

Veja mais
Intenção do consumo das famílias se mantém estável em agosto

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) se manteve estável na passagem de julho para agosto...

Veja mais
Índice de preços recua em seis de sete capitais pesquisadas

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) recuou em seis das sete capitais pesquisadas pela Funda&c...

Veja mais