Vendas do Brasil para países do sul da Ásia disparam entre janeiro e julho

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São Paulo - As exportações brasileiras para Cingapura geraram US$ 1,984 bilhão entre janeiro e julho deste ano, um aumento de 191,2% na comparação com igual período de 2016. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

 

Assim, o país asiático alcançou a décima primeira posição entre os principais destinos das vendas brasileiras, superando algumas das principais economias do planeta, como Coreia do Sul, Rússia, Reino Unido e Itália. Entre as nações do oriente, Cingapura só ficou atrás de China, Índia e Japão.

 

Também foram registrados aumentos relevantes nas exportações para Bangladesh (45,5%), Malásia (36,8%) e Tailândia (13,1%), sendo que os dois últimos gastaram mais de US$ 1 bilhão entre janeiro e julho deste ano.

 

Ainda que as commodities dominem a lista de itens mais vendidos pelo Brasil para o sul asiático, também são encontrados produtos de maior valor agregado na pauta de exportação.

 

No caso de Cingapura, o óleo combustível aparece entre os mais exportados neste ano, com US$ 430 milhões, seguido por turborreatores e propulsores (US$ 140 milhões) e o composto químico ferronióbio (US$ 123 milhões).

 

Para a Tailândia, a venda de soja (US$ 497 milhões) tem destaque, mas alguns manufaturados, como couros e peles (US$ 32 milhões) e semimanufaturados de ferro (US$ 22 milhões) também aparecem entre os itens mais negociados.

 

A Malásia tem o minério de ferro na liderança (US$ 735 milhões), seguido por açúcar (US$ 374 milhões) e milho (US$ 51 milhões). Já os embarques para Bangladesh são menos variados, com 78% da pauta de exportação dominada pelo açúcar (US$ 649 milhões).

 

PIB em alta

 

Apesar de possuírem características diferentes, esses países têm o bom momento econômico como traço em comum. "É o fator semelhante entre eles, que favorece essa maior inserção no comércio global", diz Carlos Alberto Cinquetti, professor de economia internacional da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

 

O Produto Interno Bruto (PIB) de Bangladesh deve aumentar 6,9% neste ano e 7% em 2018, enquanto que a economia da Malásia deve avançar 4,5% e 4,7% e o PIB tailandês deve contar com expansão de 3% e 3,3% nos mesmos períodos, de acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Segundo Cinquetti, essa trajetória de crescimento deve continuar nos próximos anos, o que pode favorecer novos aumentos das exportações brasileiras para esses países. "Além disso, conforme a inserção e a influência do Brasil na região crescem, a tendência é que as exportações aumentem também", acrescenta ele.

 

Motivos do aumento

 

Os motivos do crescimento econômico desses países são distintos, assim como o tamanho da economia de cada um deles, afirma Cinquetti. Cingapura, por exemplo, tem um dos maiores PIB per capita semelhante ao japonês, enquanto que Bangladesh, apesar de mais pobre, teve população estimada em 163 milhões de pessoas no ano passado.

 

"Cingapura é um dos maiores centros financeiros da Ásia", afirma o entrevistado, que também cita o trabalho de "reexportação" realizado no país. "Parte do que eles compram é para a demanda interna, mas outra parte é vendida para outros países da região."

 

Já a Tailândia, segue ele, tem mão-de-obra mais barata que a chinesa, o que atrai investimento para o local. "É um dos vetores para o crescimento do País". Bangladesh, por outro lado, tem a exportação de tecidos como o principal motor para o desenvolvimento, completa o economista.

 

Outros países do sul asiático também ampliaram as compras do Brasil neste ano. As importações de Filipinas cresceram 24,5% na comparação com 2016, enquanto que as aquisições do Camboja subiram 45,2% e as de Mianmar avançaram 21,7%.

 

Com o avanço do discurso protecionista no hemisfério norte, onde o crescimento econômico não deve ser tão grande nos próximos anos, os especialistas em comércio exterior destacam que a busca por parceiros no oriente é uma boa opção para exportadores brasileiros. Enquanto que os embarques para países africanos e asiáticos disparam neste ano, as vendas para a União Europeia estão estáveis na comparação com 2016, mesmo com a forte valorização de diversas commodities, como o minério de ferro e o petróleo.

 

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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