Mercado espera inflação maior, mas mantém aposta em recuo da Selic

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O aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis fez o mercado elevar, de 3,29% para 3,33%, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017. Ainda assim, a aposta de que a taxa de juros Selic vai recuar para 8% ao ano foi mantida.

 

Divulgado ontem, o relatório Focus mostrou que a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai optar por um corte de 1 ponto percentual na reunião desta semana também foi preservada, mesmo pelos analistas que preveem um impacto maior do tributo nos índices de preços.

 

Os consultores da GO Associados, por exemplo, acreditam que as novas alíquotas dos combustíveis vão elevar o IPCA em 0,53 ponto percentual neste ano, levando a inflação a 3,6%. "Mas esse aumento será insuficiente para afetar o recuo da Selic, que deve seguir a trajetória de baixa e chegar aos 8% [ao ano] até dezembro", diz Luiz Fernando Castelli, economista da instituição.

 

Segundo ele, há uma tendência de queda nos preços dos combustíveis, o que deve compensar parte do avanço do PIS/Cofins. O dólar menos valorizado e os efeitos da supersafra agrícola também devem colaborar para que o IPCA não avance tanto no segundo semestre, afirma o entrevistado. "A situação continua bastante confortável para o Copom."

 

Por outro lado, a elevação do tributo não deve passar em branco pelos consumidores. "Com o aumento dos preços nos postos de combustíveis e a forte repercussão dessa notícia na mídia, deve ficar mais difícil ancorar as expectativas de inflação das famílias no País", afirma Pedro Guilherme Costa Ferreira, economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).

 

Ainda sem o impacto da alta no PIS/Cofins, a expectativa de inflação dos consumidores para os 12 meses seguintes ficou estável (6,9%) em julho. As informações divulgadas ontem pelo IBRE mostraram que 59% dos consumidores previram uma inflação inferior ao limite superior da meta de inflação (6%) para o período.

 

Em queda

 

Na comparação com o mês de julho de 2016, a expectativa dos consumidores diminuiu 3,1 pontos percentuais. O patamar atual é o mais baixo desde janeiro de 2013, quando estava em 6,3%.

 

No mês passado, a inflação prevista recuou em todas as faixas de renda, exceto nas famílias com ganho mensal de até R$ 2.100, que projetaram avanço dos preços de 8,5% em 12 meses. Para os consumidores com maior poder aquisitivo (entre R$ 4.800 e R$ 9.600), a queda das expectativas se manteve pelo nono mês consecutivo, chegando a 6,1%.

 

Ainda que os combustíveis possam atrapalhar o recuo das expectativas, Costa Ferreira não acredita em um avanço expressivo das projeções dos consumidores neste ano. Tampouco espera uma mudança na condução do Copom.

 

"As incertezas políticas, em relação às reformas, e econômicas, sobre o desempenho do PIB [Produto Interno Bruto], devem pesar mais para as decisões de política monetária do que a mudança do PIS/Cofins", diz o entrevistado.

 

Mais projeções

 

No relatório Focus, os analistas de mercado indicaram que a inflação nos próximos 12 meses deve ficar em 4,4%, um pouco acima da estimativa da semana passada (4,37%).

 

Para o IPCA de julho, houve aposta em um avanço de 0,15%, um pouco abaixo da projeção anterior (0,17%). Já os rascunhos para o índice de agosto chegaram a 0,25%, contra 0,23% na última sondagem.

 

As perspectivas para a inflação e a taxa básica de juros de 2018 ficaram inalteradas. Os analistas financeiros esperam IPCA em 4,20% e Selic em 8% ao ano no final do período.

 

As projeções para o PIB também continuaram iguais. Para este ano, é esperado avanço de 0,34% da atividade econômica do País. Para 2018, é estimado aumento de 2%.

 

Corte dos juros

 

A decisão do Copom será divulgada amanhã, mas o Santander já anunciou a redução dos juros de algumas linhas de crédito à pessoa física. "A decisão está em linha com a expectativa de redução da taxa básica de juros", afirmou o banco, em nota divulgada ontem.

  

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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