Incerteza reduz os investimentos no Brasil

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A comemoração do governo Temer em relação à suposta saída do País da recessão foi criticada por economistas consultados pela reportagem. Eles contestaram a afirmação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que "depois de dois anos, o Brasil saiu da pior recessão do século", referindo-se ao crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no primeiro trimestre deste ano frente aos três meses anteriores. Para os especialistas, o País não saiu da crise e a recuperação depende, especialmente, dos desdobramentos políticos.

 

Na avaliação do economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Sérgio Guerra, "não dá para garantir que o Brasil saiu da recessão". "Uma série de dados têm que ser observados, além do PIB, que avançou, mas o País ainda tem desemprego elevado, confiança oscilante na economia e indicadores da situação atual abaixo dos de expectativa sobre o futuro", justificou.

 

O economista da Fiemg lembrou que ainda há muita incerteza em relação ao quadro político do Brasil. "Essa incerteza, renovada pelos escândalos na política, reduz as perspectivas para investimentos, que seguem ruins. Vimos que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou queda de 1,6%. Somando isso à desconfiança do empresário, isso significa a retomada no investimento tende a ser postergada", alertou.

 

Consumo - A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Ana Paula Bastos, também avalia que a FBCF representa a alavanca da economia porque retrata os investimentos diretos, que geram emprego e renda. "O comércio depende do emprego, mas o modelo de crescimento econômico continua baseado no consumo e não pode ser mais assim. São os investimentos que irão gerar postos de trabalho", argumentou.

 

Para Ana Paula Bastos, o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano não permite afirmar que o Brasil saiu da recessão, mesmo porque, segundo ela, o desempenho foi puxado por apenas um setor, a agropecuária, que cresceu 13,4% em relação ao trimestre anterior. "Sair da crise vai depender do ambiente político. A preocupação é que a política interfira na recuperação", pontuou.

 

Segundo a economista da CDL/BH, "o comércio ainda está longe de recuperar o que foi perdido". "O setor depende do crédito e do emprego. Com desemprego elevado, quem está sem emprego segura as compras", ressaltou.

Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio Porto, o País não saiu da crise principalmente porque o desemprego, que atinge 14 milhões de pessoas no País, ainda é muito elevado.

 

"A política pode influenciar a economia porque atrapalha a aprovação das reformas, entre outras coisas. Se essas matérias não forem aprovadas, quem vai investir no Brasil? E Isso vale para o investidor estrangeiro e doméstico", concluiu.

 

 


Fonte: Diário do Comércio de Minas

 


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