Preços pagos ao produtor recuam

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Minas não tem frigoríficos envolvidos na denúncia, mas registra queda nos abates

 

As consequências da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, estão afetando a cadeia produtiva de Minas Gerais. Apesar de nenhuma planta instalada no Estado ter sido citada nas investigações, o embargo anunciado por diversos países causou queda nas exportações nacionais e reduziu o ritmo de abate. Toda esta movimentação provocou retração nos preços pagos aos produtores. Mesmo com os empecilhos, representantes do setor produtivo de proteína animal mantêm as expectativas positivas e projetam a retomada do segmento nas próximas semanas. O otimismo se deve à retomada das importações anunciada por importantes parceiros comerciais, como a China, Hong Kong, Chile e Egito.

 

De acordo com o presidente da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig), Silvio Silveira, o impacto da operação foi muito grande e os prejuízos causados ao agronegócio pela suspensão dos embarques são incalculáveis. "O comércio de carnes, de modo geral, caiu muito com as notícias, porque as pessoas se assustaram e, no primeiro momento, evitaram o consumo. O embargo anunciado por vários países também afetou o ritmo de vendas. São mais de 200 navios brasileiros carregados com carnes, em alto-mar, o que pode trazer mais prejuízos caso sejam rejeitadas. O governo brasileiro está envolvido nas negociações para suspender as restrições, mas o processo é lento". Ainda segundo Silveira, os frigoríficos instalados em Minas Gerais, apesar de não estarem envolvidos nas denúncias, também foram afetados pela operação. Com a demanda em baixa, o ritmo de abate foi reduzido, o que provocou a retração nos preços pagos aos produtores.

 

Abates - "Com o menor ritmo de abate, os produtores de Minas Gerais estão com dificuldades de negociar os animais e os preços já recuaram. No caso dos bovinos, os pecuaristas estão optando por deixar os animais no pasto por mais um período, o que reduz o prejuízo. Mas a situação das aves e suínos é mais complicada pelo ciclo nas granjas", explicou Silveira. No caso do boi gordo, enquanto a arroba estava avaliada, em média, a R$ 137, na semana do dia 17 de março, ontem o mesmo volume era negociado a R$ 132, queda de 3,6%.

Retração também nos preços do frango vivo que, no mesmo intervalo caíram de R$ 2,90 para R$ 2,70, valor 6,9% inferior. Nos suínos, a queda foi de 12,5%, com o preço por quilo do suíno vivo retraindo de R$ 4,8 para R$ 4,2. "Apesar de todos os problemas, acreditamos que as exportações serão retomadas. Vários países importantes estão retomando as negociações. Todo o processo vai demandar um tempo, mas acho que a situação pode melhorar nos próximos 30 dias. A qualidade da carne brasileira é reconhecida mundialmente, assim como o nosso sistema de inspeção".

 

A Associação dos Suinocultores de Estado de Minas Gerais (Asemg) espera que a retomada das negociações internacionais aconteça no curto prazo. "A cadeia produtiva da carne sofreu um grande golpe, atingindo as exportações do Brasil inteiro e Minas Gerais não ficou de fora. No curto prazo, o problema será resolvido, haja vista que alguns países já retomaram as negociações. Agora, a operação Carne Fraca atingiu mais a carne bovina e de aves. A suína foi pouco atingida, mas, indiretamente, sofre as consequências", disse o presidente da Asemg, Antônio Ferraz.

 

 

Consumo - Ferraz destacou que a carne suína de Minas Gerais e do Brasil é segura e de boa qualidade e, por isso, o consumo deve aumentar nas próximas semanas. Além dos reflexos da Operação Carne Fraca, a queda na demanda e nos preços pagos pelo suíno também foram influenciadas pelo período da Quaresma - quando o consumo de carne é reduzido -, o período de final de mês, quando a renda dos consumidores está menor, e o aumento das temperaturas.

 

 

"Pontualmente nós observamos uma redução na demanda pelos frigoríficos. Por isso, o preço caiu. No início estávamos vendendo o quilo do suíno vivo a R$ 2,8 e agora o valor está entre R$ 2 e R$ 2,2. A carne brasileira passa por um rigoroso sistema de inspeção no Brasil e nos países que compram nossos produtos. Por isso, no curto prazo, as expectativas são melhores pela nossa carne ser forte", disse Ferraz.

 

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas


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