Faturamento do e-commerce cresce, mas volume recua pela primeira vez

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Em 2016, o setor viu alta nominal de 7,4% na receita, que subiu para R$ 44,4 bilhões. Em relação ao número de pedidos, no entanto, a retração foi de 0,2%, fato inédito desde o início da pesquisa


 
São Paulo - O comércio eletrônico fechou 2016 com um crescimento nominal de 7,4% no faturamento, para R$ 44,4 bilhões, segundo informou ontem (16) a E-bit. A alta, no entanto, foi puxada pelo aumento do tíquete médio, já que em volume de pedidos o ramo retraiu 0,2% - primeira queda da série histórica, iniciada em 2001.
 
De acordo com o 35º relatório "Webshoppers", elaborado pela empresa, o volume de produtos pedidos no e-commerce recuou de 106,5 milhões, em 2015, para 106,3 milhões ao final de 2016. "Foi um ano, olhando isoladamente o e-commerce, que parece muito ruim para o setor, mas comparado com outros indicadores estamos em um oásis no meio do deserto", afirma o CEO da E-bit/Buscapé, Pedro Guasti.
 
Apesar da constatação, ele aponta que foi a primeira vez que o setor apresentou uma alta nominal abaixo de dois dígitos, e que o crescimento de 2016 ficou muito abaixo da média histórica. Entre os anos de 2003 e 2013, por exemplo, o ramo cresceu a uma média anual de 30%.
 
Para 2017 a companhia já espera uma melhora, mas o avanço nominal ainda estará longe dos patamares históricos, e deve ser de 12%. Para retomar a taxa de crescimento pré-crise Guasti acredita que ainda possa levar alguns anos. "Voltar a crescer a 30% acho um exagero, mas a partir de 2018 e 2019, com a economia retomando, podemos voltar a números próximos de 20%", prevê.
 
Outra projeção do E-bit para este ano é relativo ao número de e-consumidores ativos. Atualmente, a empresa contabiliza 47,93 milhões de consumidores que fizeram pelo menos uma compra virtual no ano passado. Para 2017, esse número deve crescer cerca de 10%. "Esse número deve continuar aumentando pela vantagem do e-commerce, em termos de preços", diz.
 
Tíquete médio
 
Sobre o crescimento do ano passado, o executivo afirma que ele foi completamente gerado pela alta do tíquete médio, que cresceu 8% no setor. "Esse aumento do tíquete médio, por sua vez, foi causado por alguns fatores. Um deles é a inflação do comércio eletrônico, que foi de 5,64% em 2016. Além disso, tivemos mais lojas reduzindo o frete grátis e categorias com um tíquete médio maior, como eletroeletrônicos, tiveram vendas superiores as de 2015", ressalta. Considerando a inflação registrada no ramo, a alta real do comércio eletrônico em 2016 foi de 1,66%.
 
De acordo com o CEO da E-bit/Buscapé, a principal estratégia das empresas do e-commerce no período foi ligada aos marketplaces. As pequenas buscaram incluir seus produtos nas plataformas, enquanto as 15 maiores apostaram na inauguração de seus próprios marketplaces. "Para as grandes outras apostas foram a redução do parcelamento, o incentivo para o pagamento à vista, para gerar capital de giro, e a redução do frete grátis", explica.
 
Frete grátis
 
De acordo com a pesquisa "Webshoppers", em 2016 o percentual de compras on-line realizadas com o frete grátis caiu para 39%. Para Guasti essa é uma tendência do setor, mas a entrega sem custos não deve deixar de existir. "Nos últimos anos muitas empresas vêm deixando de oferecer esse benefício, mas o frete grátis nunca deixará de existir. Ele estimula a venda e o consumidor é muito suscetível a isso, principalmente quando a proporção do valor do frete é muito alta em relação ao valor do produto", afirma o executivo.
 
No ano passado, no entanto, muitas varejistas abriram mão das vendas para aumentar a rentabilidade. "As empresas sabem que se subirem demais o frete pago as vendas vão acabar caindo. Mas tem muitas comprometidas com a rentabilidade do negócio. Algumas reduziram drasticamente o frete grátis no começo do ano, e depois retomaram: ficam balanceando entre o aumento da rentabilidade e das vendas".
 
Na visão de Guasti, outra tendência para o setor é a maior disseminação das vendas pelas regiões do País. Apesar de hoje o faturamento ainda ser muito concentrado no Sudeste, que representa 60% do total, a perspectiva é que essa fatia diminua, com o crescimento de outras regiões. "O hábito de comprar pelo e-commerce continuará se espalhando pelas regiões do Brasil, pelo desenvolvimento dessas localidades e por questões de estímulo a disseminação da banda larga, que faz com que mais pessoas possam começar a 'navegar' e comprar pelo comércio eletrônico", diz.
 
Pedro Arbex
 
Fonte: DCI - São Paulo


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