Confiança no varejo sobe, mas cliente ainda se mostra temeroso com a crise

Leia em 3min 30s

A alta de 0,7% no otimismo do empresário, revelado ontem pela FecomercioSP pode apontar um fôlego ao setor, no entanto, o mau humor do consumidor com a economia continua em fevereiro.

Em um movimento ainda tímido de crescimento, a confiança do empresário brasileiro apresentou leve alta em janeiro, na comparação com dezembro, revelou ontem pesquisa da FecomercioSP. Do outro lado do balcão, porém, o medo de perder o emprego ainda deixa o consumidor de mau humor com a economia.

Em janeiro, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) alcançou 74,5 pontos, uma elevação de 0,7% em relação a dezembro de 2015. Apesar da leve alta, no entanto, na comparação com o mesmo período anterior, o recuo foi de 24,8%.

Segundo o balanço da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Icec varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).

De acordo com a Entidade, o indicador vem apresentando certa estabilidade desde o segundo semestre de 2015. "Reforçamos, no entanto, que ainda se trata de um resultado negativo e indica pessimismo dos empresários do setor. Afinal, inflação, juros altos, falta de crédito e desemprego derrubaram as vendas em 2015 e devem manter fraco o desempenho do setor ao longo de 2016", informa o balanço.

Em relação à análise por porte, os donos de grandes e pequenas empresas apresentaram um nível de confiança bastante semelhante em janeiro. A confiança dos proprietários de empresas com mais de 50 funcionários reduziu 32,8%, no comparativo anual, mas subiu 5,2% sobre dezembro, a 75,1 pontos.

Já para as empresas com até 50 empregados, houve queda de 24,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas alta de 0,6% na comparação mensal.

Indicadores

O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec), um dos componentes do indicador, avançou 7,1% em relação ao mês de dezembro, ao atingir 35,6 pontos. Segundo a entidade, o resultado foi influenciado positivamente pelos três subíndices que o compõem.

O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) foi o único a apresentar recuo em janeiro (-1,3%) em relação a dezembro de 2015. O indicador que mais impactou esse resultado foi o que mede o nível de contratações de funcionários (IC), o qual apresentou queda de 3%, ao passar de 88,4 pontos em dezembro para 85,7 pontos em janeiro.

Consumidor

Do outro lado do balcão, o Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou 75 pontos em janeiro - o que representa uma queda de dois pontos em relação a dezembro de 2015 e de 62 pontos em relação a janeiro daquele ano.

De acordo com Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), a contínua baixa da confiança no início de 2016 sinaliza para o aprofundamento da crise política e econômica. "A confiança está estabilizada, mas em patamares mínimos. Para que o consumidor saia desse pessimismo, é preciso haver uma solução rápida da crise político-institucional e a queda da inflação. Somente assim, poderemos retomar a atividade econômica", comenta Burti.

Segundo o presidente da ACSP, o recuo da inflação melhorará, sobretudo, a confiança das classes mais baixas. Já o fim da crise política irá reduzir a incerteza que paralisa as compras parceladas.

Em janeiro, 52% dos entrevistados avaliaram sua situação financeira atual como ruim e apenas 24% como boa. Há um ano, essa relação era de 32% e 40%, respectivamente.

Em relação ao trabalho, 54% sentem-se inseguros em seus empregos, contra 14% que se sentem seguros. "Mais do que isso, cada entrevistado disse conhecer, em média, 4,96 pessoas que perderam o emprego nos últimos seis meses. É o maior número desde que a pesquisa foi criada, em abril de 2005", disse a ACSP, em nota.

Como consequência desse cenário, detalhava Burti, apenas 16% dos consumidores disseram estar à vontade para comprar eletroeletrônicos nos próximos meses. Em janeiro do ano passado a cifra somava 41% dos ouvidos pela pesquisa da entidade.

"A insegurança no emprego e a má percepção que o brasileiro tem de sua situação financeira se refletem no consumo das famílias, sobretudo na aquisição de bens duráveis", finaliza o executivo.

 



Veículo: Jornal DCI


Veja também

"Investidores estão de olho no Brasil", diz consultoria

Para António Bernardo, presidente da consultoria Roland Berger para o Brasil, a crise que o país atravessa...

Veja mais
Inflação ao consumidor sobe 1,80% no início de fevereiro

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) acelerou para 1,80% ...

Veja mais
Mercado projeta queda de 3,21% do PIB

As instituições financeiras projetam retração de 3,21% na economia brasileira para 2016, seg...

Veja mais
Crise na economia coloca varejo no atoleiro neste início de ano

                         ...

Veja mais
Queda no consumo de famílias inibe retomada econômica

Necessário diante da alta no desemprego e da queda na renda das famílias, o ajuste fiscal domiciliar acaba...

Veja mais
Inflação no Rio é maior entre regiões

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro apresentou a maior variação do Índice Nacional de P...

Veja mais
Barbosa discute com economistas saídas para a crise

                    ...

Veja mais
Inflação oficial varia 1,27% em janeiro e começa ano em alta

Em 12 meses, a inflação acumula uma variação de 10,71% %u2013 patamar superior ao que foi ve...

Veja mais
Inflação para famílias de menor renda sobe para 1,51% em janeiro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) aumentou 0,61 ponto percentual em relação a...

Veja mais